13 março 2015

Na Dinamarca as taxas negativas já são uma realidade


Em Fevereiro, obrigações que determinam os juros dos créditos à habitação foram emitidas, pela primeira vez, com taxas negativas. Os "spreads" impedem que o cliente receba juros. Quem contraiu um novo crédito à habitação em Fevereiro na Dinamarca pode já estar a beneficiar de um juro negativo.


A prestação é indexada à taxa das obrigações hipotecárias, o tipo de financiamento usado pelos bancos para conceder os empréstimos. Devido à actuação do banco central, o juro das novas emissões deste tipo de títulos foi negativo pela primeira vez no mês passado. O que possibilitou taxas negativas em novos empréstimos para a compra de casa. Só o "spread" cobrado impede que o cliente receba juros.


A necessidade de travar a valorização da coroa dinamarquesa, para defender a sua ligação ao euro, levou o banco central a tomar várias medidas, entre as quais o corte da taxa de depósitos - em três semanas cortou quatro vezes a taxa até -0,75%. Medidas que levaram à queda dos juros para níveis negativos nos mercados dinamarqueses. E criou um dilema para as instituições financeiras.

Os clientes com novos créditos que podem ter conseguido uma taxa de juro negativa serão poucos, explica Karsten Beltoft, director da Federação de Bancos de Crédito à Habitação. Mas, o número poderá aumentar em breve, há medida que as instituições financeiras são obrigadas a emitir novas obrigações hipotecários para reembolsar as que vencem, passando os novos juros para os clientes. Este tipo de títulos tem a particularidade de o seu reembolso ser garantido pelas hipotecas.

"Muito provavelmente, vamos ter taxas de juro negativas" nos leilões em Abril e Julho de refinanciamento de créditos hipotecários antigos. Neste caso, a maioria dos bancos deverá optar por aplicar as taxas negativas, prevê Beltoft, mas alguns poderão passá-la a zero, num debate semelhante ao que está a ocorrer em Portugal.

Depositantes pagam

Esta realidade significa também que os depositantes podem ter que pagar para terem o seu dinheiro no banco. Já há casos de juros negativos, mas apenas de depositantes institucionais, relata Beltoft. Contudo, o FIH Erhvervsbank já declarou que irá cobrar aos depositantes privados, caso as taxas sejam negativas, relata o Wall Street Journal (WSJ). "Se as pessoas querem guardar o seu dinheiro no nosso banco, nós, pelo menos, não queremos perder com isso", disse Palle Nordahl, administrador financeiro do banco, ao WSJ. Algo que não poderia acontecer em Portugal.

Fonte: Negócios

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