10 março 2015

O melhor ano ano na reabilitação foi 2014


Dinamismo do mercado está a crescer. Centro histórico e baixa do Porto são as zonas mais procuradas. O ano 2014 foi o melhor ano de sempre para a reabilitação urbana no centro histórico e Baixa do Porto. Álvaro Santos, presidente da Porto Vivo destaca o facto e "o ritmo de novos projectos nas áreas da habitação e turismo" "assinalável, demonstrando o dinamismo da reabilitação urbana".


Gonçalo Cruz, 32 anos, casado e com dois filhos é um dos exemplos de pessoas que têm contribuído para esse crescimento. Investiu num prédio antigo e reabilitou-o para poder morar na zona mais antiga do Porto. Também frequente tem sido a compra de prédios para investimento turístico. É o que faz Alexandre Sousa, que tem uma sociedade que adquire, reabilita e explora apartamentos turísticos na zona histórica. 

Estes parecem ser os caminhos trilhados por muitas pessoas. As empresas que trabalham na área da reabilitação garantem que o sector continua em ebulição. Sobretudo na Baixa e centro histórico. João Carvalho, director-geral da Melom, empresa especializada neste segmento, diz que as obras realizadas no Porto cresceram 32% e pesam já 16% na facturação. Há "maior procura de particulares para habitação própria e pequenos investidores que procuram edifícios para conversão em alojamento local e hostéis", afirma, sublinhando o facto do Porto estar a atrair "novos habitantes que preferem uma solução à medida no centro, em detrimento da massificação de oferta nas periferias".

Ricardo Santos, sócio da Rielza, empresa de engenharia e construção do Porto que tem 90% da sua facturação proveniente da reabilitação, confirma a bom desempenho deste mercado, informando que o número de obras aumentou 20% e que as intervenções "estão mais direccionadas para a reabilitação integral para habitação colectiva ou unifamiliar, alojamento, espaços de comércio e serviços". 

Gonçalo Cruz já o fez e não descarta a hipótese de voltar a investir porque "a procura não parece estar a diminuir - ouvimos casos frequentes de estrangeiros interessados em comprar ou alugar por temporadas". Tendo consciência dessa tendência, Alexandre Sousa reabilita e explora apartamentos turísticos. Diz que um dos motivos que o levou a investir na zona histórica foi o facto de "ter havido uma enorme desatenção do poder político pelo centro histórico e pelo facto da população não encontrar razões para continuar a viver num centro histórico que já não tinha a segurança e os serviços essenciais".

Esta é mesmo uma necessidade. "O que falta fazer é proporcionar políticas de incentivo e melhores condições para a fixação das famílias", defende Ricardo Santos. É com esse objectivo que a Câmara do Porto vai proceder a uma "enorme mudança política" no centro histórico, onde espera recuperar mais de 200 casas municipais e ter prontas as primeiras 30 até Junho, anunciou Manuel Pizarro, vereador da Habitação. A ideia é "usar os recursos para promover a habitação em vez de alienar património e contribuir para a desertificação do centro histórico, chamando antigos moradores". "Serão entre 250 a 300 famílias que foram transferidas para bairros periféricos", disse, adiantando um investimento de 200 mil euros numa primeira fase. 

Pedro Almeida e Sousa, sócio da sociedade de advogados Telles, reforça o crescimento da atracção pelo investimento imobiliário, em que "70% dos projectos são de reabilitação e recuperação". "Para a rentabilidade que o imobiliário pode trazer, quer na exploração turística quer no arrendamento, os preços estão nos valores justos", mas há, defende, outras zonas onde os investidores poderão conseguir "margens de lucro apetecíveis". 

Rui Torgal, director de operações da ERA Portugal, onde a reabilitação já pesa 20% do total do negócio, informa serem muitos os investidores que procuram as cinco lojas do Porto para comprar prédios para remodelar e converter em hotéis, turismo residencial, hostéis e arrendamento temporário. 

Também a RE/MAX aposta forte neste segmento, com as dez lojas do Porto focadas no mercado da reabilitação. Beatriz Rubio, CEO, revela que em zonas periféricas "o peso é bastante evidente", e frisa a venda de 16 prédios em apenas seis meses por uma agência. 

Quem também reconhece o potencial deste negócio é Ricardo Sousa, administrador da Century21 Portugal, que tem seis lojas no Porto, todas a trabalhar o mercado da reabilitação "dada a importância e vitalidade desse segmento". Algumas destas lojas têm mesmo equipas especializadas nas necessidades específicas deste segmento", admite, informando que o aumento da procura de imóveis no centro da cidade tem levado muitos os proprietários a "investirem na recuperação dos seus imóveis, valorizando-os". 

Fernando Vasco Costa, Head of Development Solutions da consultora imobiliária JLL, frisa que 2015 será de "consolidação e crescimento do mercado de reabilitação urbana, com maior procura de investidores", acompanhando, "a crescente notoriedade do Porto no mercado turístico internacional". Sublinha a grande procura "para alojamento, comércio, restauração e serviços de apoio", e confirma a procura por parte de investidores de prédios de grandes dimensões que possam ser convertidos em projectos turísticos.

Fonte: Económico

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