04 março 2015

Preço das casas sobe em 2014 pela primeira vez desde 2007


A subida, de 1,2% em 2014, não é galopante, mas marca a inversão de sete anos de queda nos preços das casas, revela um novo índice de preços lançado pela Confidencial Imobiliário. De acordo com a Confidencial Imobiliário (Ci), entidade que produz estatísticas para o mercado residencial, os primeiros sinais de estabilização dos preços de habitação surgiram ainda em 2013, mas foi o ano passado o primeiro a apresentar “uma variação homóloga sempre positiva, culminando numa valorização média anual de 1,2%”. 


Para Ricardo Guimarães, Diretor da Ci, “pode afirmar-se claramente que o mercado encontrou e consolidou uma trajetória de estabilização”, considerando “ter-se passado já um ciclo de mais de 12 meses em terreno positivo”. Ainda assim, o mesmo responsável é cauteloso e sublinha que “pode ser extemporânea a afirmação de que o mercado está em plena recuperação”. De acordo com os dados da Ci, os preços das casas desceram cerca de 21,8% em termos acumulados ao longo dos últimos sete anos, tendo a tendência de queda iniciado no último trimestre de 2007 “logo após os primeiros sinais da crise financeira que se iniciava nos Estados Unidos e ainda antes da queda do banco Lehman Brothers”, diz Ricardo Guimarães. Os anos de 2011 e 2012 foram aqueles em que os preços mais desceram, com as casas a desvalorizarem 7,8% e 6,1% respetivamente. Em 2013, os preços já começavam a recuperar e ficaram nesse ano “3,4% abaixo da média do ano anterior”.

Os dados resultam de um índice de preços habitacionais que apresentou esta semana os primeiros resultados do acumulado do ano 2014 e que assenta no valor de venda das casas, ao invés de reportar a evolução dos preços através dos valores de oferta, ou seja o preço pedido pelo vendedor quando a casa é colocada no mercado e que poderão não corresponder ao preço a que a casa era efetivamente vendida. Este índice produzido pela Ci refere-se a vendas registadas no SIR-Sistema de Informação Residencial, uma base de dados que agrega informação da atividade comercial das principais redes de mediação imobiliária, promotores e investidores, e que totaliza uma amostra anual de mais de 14 mil vendas de casas, equivalente a 25% do mercado nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. 

Sentimento do mercado confirma tendência 

O sentimento dos agentes que trabalham no mercado habitacional parece confirmar esta tendência apontada pelo índice, conforme mostra o Portuguese Housing Market Survey (PHMS), um inquérito de conjuntura realizado pela Ci junto de empresas de mediação e promoção. Desde maio do ano passado que os mediadores inquiridos no PHMS “expressam um sentimento sobre preços cada vez menos negativo, num sinal de estabilização”, nota a Ci. E os mais recentes dados deste inquérito, referentes a janeiro, dão nota quer de que os preços das casas estão a começar a recuperar, quer de que as expectativas quanto à sua evolução se mantêm otimistas, esperando-se que estes continuem a subir ao longo dos próximos três meses. Além disso, as expectativas referentes a vendas também são “agora mais elevadas do que em qual que outro momento nos últimos quatro anos” e também o índice de confiança nacional atingiu em janeiro um novo máximo, nota o documento que refere ainda um aumento quer da procura quer das vendas de casas. Ricardo Sousa, administrador da Century 21, comenta que “este indicador vem reforçar a tendência de estabilização do mercado imobiliário português. Durante o ano de 2014, e novamente no mês de Janeiro, registou-se não só um aumento da procura como esta procura está a centrar-se em imóveis de valor superior ao período homólogo, dinamizando o Mercado”. Mas, na sua opinião, é “necessário existir alguma prudência na análise destes indicadores, nomeadamente na definição de preços e suas tendências”, já que “a determinação de preços de venda competitivos e agressivos continua a ser fundamental para a colocação dos imóveis no mercado.” 

Por seu turno, Miguel Poisson, diretor geral da ERA, nota que a tendência de subida de preços “está em linha com a nossa perspetiva, uma vez que estimávamos um ligeiro aumento dos preços nos primeiros 3 meses deste ano. Verifica-se mais confiança no mercado de compra e venda. Há um aumento das expectativas relativamente às vendas e à dinâmica do mercado”, conclui.


Fonte: Público/OJE

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