22 abril 2015

2015 será ano chave para mercado de arrendamento


Numa altura em que o mercado de arrendamento e o de compra de casa começam a coexistir como alternativas válidas para o acesso à habitação, especialistas consideram que 2015 será um ano de “grande teste” para o primeiro. Esta foi a principal conclusão da conferência “O arrendamento como base de uma sociedade mais dinâmica”, que teve lugar na tarde de 14 de abril, integrada no programa da Semana da Reabilitação Urbana Lisboa 2015.


As palavras cabem a Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário (Ci), que foi um dos intervenientes nesta sessão organizada pela Associação Lisbonense de Proprietários (ALP). Para este especialista, “2015 vai ser um grande teste para o mercado de arrendamento”, pois “começa agora a acontecer uma situação nova que desconhecíamos até à data, que é a coexistência de dois mercados com capacidade de oferecer uma alternativa no âmbito residencial (arrendamento vs compra), a qual sucede àquela fase em que milhares de portugueses foram de investidores à força”. 

Na opinião do presidente da ALP, Luís Menezes Leitão, “devemos investir nos imóveis para arrendamento e é preciso abandonar de vez o paradigma de regresso à compra de casa. Mas isso só é possível através da criação de um regime de arrendamento estável e, sem isso, é praticamente impossível conseguirmos uma reabilitação urbana forte”. 

Também na perspetiva do presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), Vítor Reis, igualmente presente na sessão, “as famílias não têm poder de compra para voltar ao modelo antigo da compra de casa, pois as condições do mercado são absolutamente distintas”. O responsável IHRU frisou ainda que a alteração da estrutura demográfica em Portugal é também “extremamente importante para perceber que tipo de oferta queremos criar no setor da habitação”. Vítor Reis traçou ainda o historial de políticas públicas dos últimos trinta anos, as quais conduziram a que o arrendamento deixasse de ser a principal opção das famílias portuguesas no acesso à habitação. Os dados avançados recentemente por um estudo desenvolvido por esta entidade mostram que arrendar casa tinha um peso de mais de 60% na década de 1960, que foi diminuindo até aos atuais 26%. Uma situação que, na sua perspetiva “representa uma rutura profunda daquilo que é a capacidade da nossa sociedade em criar alternativas para as famílias portuguesas”. Além disso, é ainda crucial não esquecer que não é possível criarmos um mercado forte de reabilitação urbana sem a dinamização do mercado de arrendamento urbano, defendeu Vítor Reis. 

Mas para se consolidar, “o arrendamento ainda precisa de medidas de estímulo muito fortes”, frisou, por seu turno Ricardo Guimarães, da Ci. Com base nos dados apurados no âmbito do SIR – Sistema de Informação Residencial, gerido e desenvolvido por esta entidade, o especialista notou que o arrendamento é um mercado que se desenvolve a dois ritmos, uma vez que “está bastante segmentado, e nem tudo se contagia reciprocamente”. Além disso, observa, “hoje para quem pode, ainda é muito mais barato comprar do que arrendar”, pelo que “há vários investidores que estão a testar esta atividade de compra e venda”. 

O novo regime Excecional da Reabilitação Urbana também esteve em análise, tendo sido alvo de críticas positivas. Tanto que, na opinião do presidente da ALP, Luís Menezes Leitão, deveria “ser definitivo e não excecional”, pois “se o Estado reconhece que há várias exigências que não são necessárias, então deveria aboli-las definitivamente”, lembrando que este diploma só irá vigorar por sete anos. 

Fonte: Público

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