Nunca houve no imobiliário português tanta diversidade de nacionalidades a adquirir casa em Portugal. Dos tradicionais ingleses e alemães, as mediadoras recebem agora de braços abertos chineses, brasileiros, franceses, russos, sul-africanos ou libaneses, entre outros. Um potencial significativo em termos de mercados a explorar que, por um lado, tem permitido o crescimento das agências que já atuam no sector e, por outro, tem estimulado a criação de novas empresas, como atestam os números da APEMIP - Associação dos Profissionais e das Empresas de Mediação Imobiliária em Portugal.
Segundo dados do Gabinete de Estudos da APEMIP, durante o ano passado (que marcou o início da retoma imobiliária) foram emitidas 725 licenças para novas mediadoras, uma média de 60 por mês, quase o dobro da média de 2013 que se situava nas 39. Luís Lima, presidente da APEMIP, lembra que isto é sinal de que o "mercado está a tornar-se mais robusto", estimando que existam atualmente 2.600 mediadoras a funcionar em pleno, apesar de existirem 3.660 com licenças ativas para exercer. Em 2013, o número de licenças ativas era de 3.131 e no ano anterior de 2.738.
Apesar da subida que se verificou em 2014, fruto destas novas dinâmicas criadas pelos vistos - gold e o estatuto do Residente Não Habitual, os números estão ainda longe dos tempos áureos vividos no sector do imobiliário há cerca de uma década. "Em 2005, existiam mais de 6.000 agências no mercado", especifica o presidente da APEMIP.
80% não pertencem a redes imobiliárias
Outro dado relevante tem sido a expansão recente das marcas multinacionais no mercado português. Mesmo assim, e apesar da visibilidade destes operadores, 80% do total das mediadoras não faz parte de uma rede imobiliária.
A Quintela & Penalva Associados faz parte deste grupo de independentes e assim se quer manter, até porque a atual conjuntura corre-lhes de feição depois dos difíceis anos de gestão da crise entre 2008 e 2012. "A nossa faturação mais do que duplicou em 2014 quando atingimos os €600.000 e agora, só no primeiro trimestre deste ano, já perfizemos os €550.000 que resultaram de transações de 60 negócios", conta Francisco Quintela, um dos sócios da agência.
Este incremento levou-os a apostar no reforço da equipa e de espaços: das antigas instalações no Príncipe Real mudaram-se há seis meses para uma nova loja com 300 m2 junto ao hotel Ritz e, há dois meses, abriram outra no Estoril. "O número de trabalhadores também cresceu: dos 14 colaboradores que tínhamos no ano passado passámos para 34 e estamos há procura de mais quatro para reforçar a equipa comercial".
No caso da Quintela & Penalva, os clientes nacionais representam a maior fatia do seu volume de negócios - cerca de 80%. É que, além dos compradores tradicionais, que procuram casa para habitar, é significativo o peso daqueles que tendo liquidez extra, não querem deixar o dinheiro à guarda dos bancos. "Decididamente, voltámos ao tempo do Estado Novo em que as pessoas com reservas financeiras estão mais seguras a investir em imobiliário", remata o responsável da Quintela & Penalva cuja carteira de imóveis é muito diversificada e tanto inclui um apartamento de €80 mil no centro de Lisboa como uma moradia no Estoril de €25 milhões.
Estrangeiros estimulam o mercado
Mais direcionada para os estrangeiros, a IRGLux, afiliada em Portugal da marca Fine + & Country, lançou-se no pico da crise, em 2010, e quando ainda nem se falava das medidas de incentivo aos investidores estrangeiros. "É verdade que Portugal estava na bancarrota em 2010 mas nós sabíamos que isto é cíclico e que o mercado teria de retomar em breve", diz Nuno Durão que, em conjunto com Charles Roberts, lideram a IRGLux com lojas no Chiado e no Estoril direcionadas para o segmento de luxo.
A entrada em vigor dos vistos gold em finais de 2012 foi um marco para a empresa que tem nos investidores estrangeiros mais de 90% do seu volume de negócios. "O visto gold a melhor medida que poderia ter sido criada para reanimar o mercado imobiliário. E está a permitir reabilitar, renovar a cidade. E quem investe não está a vir para cá morar, por isso o produto está a entrar no mercado de arrendamento, o que também é positivo", sublinha Nuno Durão.
Antes dos vistos gold e em plena crise do mercado nacional, a empresa não vendeu mais do que 10 imóveis por ano. A partir de finais de 2013, e em 2014, esse número disparou para cerca de 100. A grande maioria são casas com valores próximos de um milhão de euros.
A clientes portugueses foi apenas vendida uma. "Diria que 80% da nossa faturação vem dos investidores chineses, 1% são portugueses e os restantes 19% distribuem-se por sul-africanos, russos, brasileiros e ultimamente os franceses ainda que estes comprem casas mais baratas ou prefiram antes arrendar'', explica o responsável da IRGLux.
Especializada no mercado de arrendamento (que representa 60% da faturação da empresa versus 40% para a venda de casas), a Dom Senhorio tem precisamente nos franceses bons clientes para um segmento mais elevado de casas para arrendar. "Os franceses não querem comprar logo. Eles procuram casas 'com alma' e por isso preferem arrendar primeiro e procurar com calma", diz Rosalva Fonseca, CEO da Dom Senhorio.
Os estrangeiros, não só franceses mas também de várias outras partes do mundo, passaram também a representar a principal fonte de receitas da empresa. "Em 2014, os números começaram a ser muito encorajadores e abriu-se um novo ciclo. O sector está mais dinâmico, acionado em parte pelo investimento estrangeiro", diz Rosalva Fonseca, cuja experiência na atividade imobiliária soma já mais de duas décadas.
A empresa, que em 2014 concretizou mais de 400 transações, entre arrendamento e vendas, foi buscar aos estrangeiros 68% do seu volume de negócios. "No ano passado duplicámos o número de transações de imóveis realizadas por estrangeiros e quadruplicámos o número total de transações comparativamente a 2013", reforça ainda.
Fonte: Expresso
Eu tenho procurado casa para comprar pelo sistema financeiro ( á prazo). Em várias cidades litorâneas de Portugal. Estou no Rio de Janeiro e quero retornar definitivamente á Portugal. Mas tenho observado, que as casas estão caras: relação euro=real . Vejo casas que teriam que ser demolidas e reconstruir do zero. Então estaria pagando o terreno e a demolição da "casa" . Para quem é português e tem filhos brasileiros porém criados e educados em Portugal, voltar para sua terra natal, está difícil. Afinal de contas nem todos são grandes empresários ou políticos no Brasil, querendo sair daqui. Ou darão preferência para imigrantes de outros países, que aí chegam em botes? ou mesmo jangadas?
ResponderEliminarPara venda de moradas, quanto os bancos estão cobrando ao ano de juros? E as prestações são decrescentes? Estão muito existentes quanto á relação de quanto se pode comprovar naquele momento, de quanto se recebe e de onde? Tenho vizinhos de Portugal Continental ( como eu) e os da ilha da Madeira. Todos nós estamos pensando a mesma coisa.
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