13 junho 2015

Bancos baixam ‘spreads’ mas carregam nas comissões da habitação


IMOnews Portugal
O peso das comissões e seguros nos custos totais do crédito à habitação quase que duplicou no espaço de um ano. Pesam hoje perto de um terço nos custos totais destes empréstimos. Os bancos continuam a cortar nos ‘spreads' do crédito à habitação mas, em contrapartida, estão a aumentar as comissões e custos associados aos empréstimos para a compra de casa.


Em Abril, o peso destes custos na taxa de juro total dos novos créditos da casa atingiu quase 1,1 pontos percentuais, quando em Março não ultrapassava 0,8 pontos percentuais. Trata-se do peso mais elevado desde Janeiro de 2011, segundo os dados publicados na terça-feira pelo Banco de Portugal.

Assim se explica que, apesar da taxa de juro nominal (TAN) - que inclui apenas ‘spread' mais indexante - ter atingido em Abril o valor mais baixo em cinco anos, caindo de 2,73% para 2,45%, a taxa de juro global (TAEG), que inclui todos os custos, aumentou mesmo face ao mês anterior, para 3,54%. Além do ‘spread' e do indexante, esta taxa inclui todos os custos que terá anualmente com o crédito à habitação, como as despesas de cobrança, as comissões, os seguros e os impostos. E é por isso a taxa para a qual deve olhar na altura de contratar um crédito.

Estes custos valem hoje praticamente um terço de toda a factura que terá com o seu crédito durante um ano. Com a TAEG média dos novos empréstimos em 3,54%, o indexante vale cerca de 0,1 pontos percentuais (p.p.) - tendo em conta os valores de Março - enquanto o ‘spread' pesa cerca de 2,35 p.p. e os restantes custos, 1,09 p.p.. O que significa que, assim que as taxas Euribor regressem à sua média histórica, em torno dos 2,3% desde a sua criação, facilmente estes créditos ficarão a pagar taxas perto dos 6%.

Há precisamente um ano, esta componente, que inclui essencialmente comissões e seguros, pesava 0,67 pontos percentuais na TAEG, ou seja 17% dos custos totais do crédito, então em 3,94%. Hoje pesa 30,2%. No histórico de 148 meses disponibilizado pelo Banco de Portugal, relativo aos últimos 12 anos, apenas em Junho e Julho de 2010, esta componente pesou mais no total dos custos do crédito.

‘Spreads' na habitação regressam a níveis de 2011

Enquanto isso, os bancos continuam a cortar nos ‘spreads' da habitação, com a média do ‘spread' mínimo do mercado a regressar mesmo a níveis de 2011. Para os melhores clientes os bancos cobram hoje em média 2,25% de ‘spread' quando há um ano este valor ultrapassava os 3%. Desde o início do ano, apenas um banco em 13 ainda não reviu em baixa o seu prémio de risco. Em Junho foi a vez do Novo Banco e do BIC cortarem nestas taxas.

Uma tendência consistente na banca nacional desde o início do ano. Confrontados com a necessidade de rever os ‘spreads' da habitação, sob pena de continuarem com a margem financeira pressionada devido à falta de concessão de novos empréstimos, os bancos procuram agora aumentar as receitas via comissões. Uma tendência que não parece ser exclusiva do crédito à habitação. Ainda esta semana, o Jornal de Negócios dava conta do fim das isenções de comissões nas contas à ordem em situações de domiciliação de ordenado, no caso do BCP, ou mesmo contratando um empréstimo para a compra de casa, no caso do Novo Banco.

Fonte: Económico

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