24 junho 2015

“Crédito vai ser o grande protagonista de 2015”


Em 2015, «as famílias estão de regresso ao mercado» imobiliário, é o que atesta a atividade da Century 21, nos primeiros meses do ano. Ricardo Sousa, CEO da imobiliária em Portugal, acredita que «o crédito vai ser o grande protagonista» deste ano. Em entrevista exclusiva à Vida Imobiliária, o responsável explica que isto deverá acontecer «pela sua evolução, pela “criatividade” da banca para voltar a este mercado, com os produtos postos no mercado para dinamizar este setor». «Desde 2009 que a Century 21 tem conseguido manter um crescimento sustentável», explica, nomeadamente um crescimento da faturação de 38% para cerca de 4 milhões de euros no 1º trimestre do ano.


E «há uma clara retoma do setor imobiliário que vamos verificando desde final de 2013. 2014 já foi uma certeza, e a grande novidade deste ano é sobretudo que, se em 2014 estivemos muito dependentes do mercado internacional e do segmento médio, médio-alto, nestes primeiros meses do ano verificamos um regresso das famílias portuguesas ao mercado», o que acredita que é «muito influenciado pela abertura do crédito à habitação, embora estejamos muito longe de alguns níveis atingidos nos últimos anos». 


De acordo com este responsável, «há mais players, mais políticas agressivas por parte da banca, o que vai dinamizar bastante o mercado imobiliário residencial, que é grande base do nosso negócio». 

«Aquilo que vimos é que claramente cada vez mais operadores e bancos estão ativos na captação de clientes para o crédito à habitação», continua, e «não é expectável uma alteração desta tendência ou destas políticas comerciais. Poderão haver algumas alterações e surgimento de novos produtos, mas o que é claro é que os bancos voltaram ao seu negócio. O financiamento é fundamental, não podemos impedir os portugueses de ter acesso à habitação. Mas sabemos que os critérios do passado não são os mesmos de hoje e não acreditamos que voltem. E a maior responsabilização é de todos, por parte da banca e também por parte dos clientes». 

O ano promete ser bom para a imobiliária, depois de um primeiro trimestre em que o volume de negócios chegou aos de 92,5 milhões de euros, mas Ricardo Sousa alerta que «temos de ser prudentes na análise destes indicadores, pois há muitos fatores que não controlamos, e que têm um impacto importante no setor, mas acreditamos que esta tendência de aumento do número de transacções deverá continuar ao longo deste ano». Só de janeiro a março, a Century 21 realizou 1.327 transacções de venda, que representam um aumento de 26% face às 1.057 transações de venda registadas no primeiro trimestre do ano anterior. Por outro lado, «o valor dos imóveis deverá continuar a subir gradualmente, em Portugal na sua generalidade», prevê. 

«Queremos fechar o ano de 2015 com um crescimento sempre nos 2 dígitos, mas com alguma cautela. Queremos estar atentos à evolução do mercado, da taxa de desemprego, das políticas do BCE, do impacto das eleições». Mas considera que «uma coisa é certa, durante muito tempo tivemos as famílias portuguesas fora do mercado, muitas pessoas que viviam com os pais durante um tempo e não colocaram os seus imóveis no mercado para não perder o crédito à habitação que tinham, o que estancou bastante o mercado, e essas pessoas estão agora de volta ao mercado». 

Esta procura interna, agora de regresso, é, segundo Ricardo Sousa, «uma retoma bastante sólida». Aliás, na sua experiência, «essa procura pela compra sempre existiu, e agora aumentou significativamente. E há uns anos, por exemplo em 2011, chegada a altura de obter o crédito, não era possível, daí que tenha surgido a opção do arrendamento durante estes anos, que pesou mais face às compras em termos de número de transações». O crédito é agora mais fácil de obter. 

E se nos últimos anos pesavam bastante as compras de casas de segmento alto, este aumento da procura sente-se agora num segmento mais baixo. «Em 2014 havia claramente destaque para o segmento médio, médio/alto. No 1º trimestre do ano tivemos até uma redução do preço médio de transação, o que mostra precisamente isto». Isto quer dizer que se vendem imóveis de um segmento mais baixo e não que os preços tenham caído. «A tendência é até de ligeira subida» dos preços, diz Ricardo Sousa. 

Arrendamento não deverá perder o seu espaço 

Ricardo Sousa acredita que «o arrendamento ganhou um espaço no mercado que acreditamos que não vai perder, mas também não deverá crescer nem ter a proporção que teve nos últimos anos, que era uma necessidade da crise». A Century 21 acredita que «vai manter um espaço mais importante que no passado». Isto porque nota que «a cultura portuguesa é comprar, mas a nova geração já pensa em arrendar antes de comprar a 1ª casa, apesar de já falarem na casa que vão comprar. Até porque ser jovem proprietário é uma grande limitação para estas pessoas, até em termos de oportunidades de trabalho. Vemos claramente essa mudança de paradigma nas novas gerações, onde já tomam a decisão de compra muito mais conscientemente, a longo prazo, ao contrário do que se fazia no passado». O responsável estima que a percentagem da taxa de proprietários passe a rondar os 70% e não os 80% como nos últimos anos. 

Transações estrangeiras estão a subir

Até março, a Century 21 fechou 311 negócios com clientes estrangeiros, face aos 248 do período homólogo. O Regime dos Residentes Não Habituais tem motivado uma fatia mais expressiva de compradores no caso da imobiliária: «são pessoas que vem para viver o país, muitos deles até vêm primeiro de férias, é um cliente que explora muito o país, e os seus critérios vão muito além daquilo que é Lisboa». «E acreditamos que isto se vai manter, sobretudo no número de transações. Nesta procura temos procura para vários tipos de imóveis, completa o responsável, que acredita que «tem claramente espaço para crescer, e isso nota-se de ano para ano». Os principais clientes são franceses, belgas, e os mercados escandinavos. 

Já no caso dos “golden visa”, Ricardo Sousa comenta que «o que sabemos, até pela nossa experiencia noutros países, é que isto é uma onda que vai e vem. Acreditamos que é um mercado que se vai manter, mas não é expectável que cresça muito mais, estaremos mais ou menos naquilo que deverá ser a sua dinâmica de Portugal». Realça também que «temos de ter em conta a concorrência de Espanha, que está a melhorar o seu programa e claramente a mover-se para atrair este tipo de investimento, com uma oferta bastante superior à nossa». 

Continua que «temos também de ter em conta que compram para rentabilizar, e quem rentabiliza é o mercado doméstico português, não são os chineses que vêm cá alugar essas casas, por exemplo», no caso do imobiliário residencial. «O mercado local tem de ter capacidade para dar as rentabilidades esperadas, por isso de nada serve termos um mercado chinês muito grande se o nosso não conseguir rentabilizar». 

Procura por moradias e terrenos vai crescendo

Ricardo Sousa acredita que «há um novo mercado a chegar», nomeadamente uma procura crescente por obra nova, moradias e terrenos, «não só em Lisboa, mas a nível nacional. E por isso é um mercado com grande potencial. Começamos a notar já uma alteração importante, nomeadamente na parte dos terrenos. Lançamos inclusivamente um produto que é o Lifestyle C21, chave na mão, para trabalhar terrenos e moradias, destinado ao cliente particular que quer a sua moradia nova. Isto permite comprar o terreno e a construção da moradia, chave na mão, com financiamento, e é um mercado crescente», avança. 

Por isso, prevê que em breve os promotores voltem ao mercado, em Lisboa e Porto através da reabilitação urbana. «As famílias portuguesas vão marcar claramente o mercado em 2015. O mercado internacional vai ser importante, mas o português voltará a ser o motor». 

Century 21 quer 20 agentes em média por cada loja

O CEO da imobiliária atesta que «a mediação imobiliária está a passar por um processo de mudança e restruturação muito acelerado. Cada vez mais o mercado exige especialização em cada uma das áreas onde estamos presentes». 

«A nossa aposta na formação recai nos imóveis não residenciais, porque são carteiras que estão a aumentar, particularmente fora das zonas urbanas, onde a nossa presença física se está a revelar sem dúvida uma vantagem», explica, bem como «no mercado de luxo, para podermos dar um serviço especializado a este tipo de cliente. Queremos especializar as nossas equipas nestes 2 segmentos em particular, são aliás aqueles que têm maior potencial de crescimento a curto prazo». Por isso, «a nossa expetativa é que a política de contratação continue ao longo deste ano. Queremos 20 agentes em média por loja» até ao final de 2015. 

A prioridade para o crescimento da marca passa pela contratação e novas aberturas, nomeadamente em Lisboa, Grande Porto, Braga e Algarve. «Vamos reforçar a nossa presença nas restantes zonas de costa, por exemplo costa de Lisboa e Silver Coast, e também no distrito de Setúba». 

«O nosso objetivo é abrir 20 unidades este ano, de uma forma geral. Prevemos aberturas em Lisboa (por exemplo em Alvalade e Marquês de Pombal), e também em Gaia, por exemplo. Ou seja, o mercado está bastante ativo, o que justifica a nossa política de expansão». 

Fonte: VI

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