24 junho 2015

Investimento externo domina procura no Algarve


A região algarvia encontra na segunda habitação e alojamento local os principais motivos de procura. Escassez de produto imobiliário coloca pressão sobre preços, que podem subir entre 3 a 6%. O Algarve regista, na conjuntura atual, uma procura fortemente orientada para a segunda habitação e alojamento local. Os principais segmentos de atividade nesta região do país envolvem a procura por parte de estrangeiros, com predominância para o mercado francês, ao abrigo do Estatuto dos Residentes Não Habituais, bem como de investidores, que procuram imóveis para segunda habitação e também para colocação no mercado do alojamento local e arrendamento de curta duração.


Trata-se de uma região de características económicas e sociais “bastante heterogéneas”, onde pontificam “zonas residenciais, habitadas e com dinâmicas económicas produzidas essencialmente por residentes”, bem como áreas de vocação claramente “turística, cujas dinâmicas socioeconómicas são essencialmente geradas por residentes não habituais e turistas, em grande parte estrangeiros”, disse Ramiro Gomes, responsável dos Grandes Imóveis Sul do Millennium bcp.

De acordo com Nuno Branco, da imobiliária ERA Portimão Centro, os cidadãos de origem francesa dominam largamente a procura no quadro do investimento oriundo do exterior, “os chamados residentes não habituais, que ficam seis meses e um dia em Portugal para beneficiarem dos incentivos fiscais”.

Por outro lado, verifica-se a procura por parte dos “investidores para segunda habitação e colocação no mercado de arrendamento local”, que buscam sobretudo imóveis das tipologias T1 e T2.

Os espaços com mais procura, assinala Ramiro Gomes, encontram-se nas tipologias T0 a T2, “nas localizações com vocação mais turística em locais como Vilamoura, Albufeira, Portimão e Lagos”.

Este referiu que “o mercado de segunda habitação no Algarve tem apresentado características de bom dinamismo, alimentado pela procura por parte de estrangeiros, residentes não habituais e emigrantes, sendo a procura por parte de clientes nacionais também interessante”.

Na mesma linha, Alexandre Peleja, da Remax Smart Albufeira, refere que a “procura atual é formada, em 60 a 70%, por emigrantes ou estrangeiros” sem que, no entanto, “se denote um perfil dominante de nacionalidades”, disse.

No caso da procura externa, o mesmo operador salienta que esta está mais orientada para “moradias, cuja procura está a aumentar, mais do que apartamentos”. Por seu turno, a figura do “investidor para arrendamento e alojamento local é residual”, não se verificando “uma tendência definida nesse sentido”, afirmou Alexandre Peleja.

Em sentido contrário, o mesmo responsável salientou que recomeça a sentir-se maior procura de “terrenos urbanos para construção familiar, segmento que até há bem pouco estava parado”.

Pressão sobre preços

O perfil de procura dos investidores estrangeiros, segunda habitação e alojamento local está bem definido, disse Nuno Branco: “A localização” é a chave, a “distância curta da praia” e preços médios “entre 1000 a 1100 euros/m2, para casas novas até 10 anos”.

No caso concreto do investimento externo, sobretudo francês, a procura centra-se “em imóveis novos e seminovos, de tipologias T2 e T3, a valores entre 150 e 200 mil euros, próximos da praia, com grandes varandas”.

Regista-se porém que, neste segmento, “não se deu a reposição de stock, pelo que a oferta está a acabar”. Nesse sentido, afirma Nuno Branco, verifica-se que “os investidores estão já a equacionar comprar coisas antigas para reabilitar”. Há assim “claramente uma oportunidade” para a reabilitação, mas também “para a construção nova”.

Assim, “à medida que a procura esgota a quantidade de imóveis em oferta e a produção de novos empreendimentos ainda se encontra sem dinâmica”, os preços “têm estado estáveis, identificando-se mesmo alguma tendência crescente”, assinala Ramiro Gomes.

Aliás, reforçou, com “especial enfoque nas zonas próximas da linha de costa, com mais vocação turística”, os preços “têm apresentado tendência de estabilidade ou mesmo de crescimento”. Mas estas não são “características homogéneas em toda a área, pois sentimos zonas onde esta dinâmica do crescimento dos preços é mais visível”.

Esta perspetiva é reforçada por Alexandre Peleja, para quem os “preços estão estáveis” mas, face à “diminuição de stock”, verificar-se-á uma “pressão sobre os preços que, até ao final do Verão, devem aumentar entre 3 a 6%”, considera. Por isso, conclui: “O mercado está lentamente a começar a subir e este é o momento certo para comprar”.

Habitação própria com aumento da procura

O mercado residencial de habitação própria encontra-se ainda numa certa estagnação, “com algum crescimento, mas não é o principal segmento” de atividade atual, disse Nuno Branco.

Duas razões explicam o fenómeno: “A sazonalidade do trabalho na região e a falta de acesso ao crédito”. Não obstante, nota-se uma tendência de “aumento de procura nesse segmento, que esteve parado nos últimos quatro anos e está a começar a reanimar”.

Também Alexandre Peleja estima que “o momento atual regista um incremento da procura, o que antes não se verificava, mas a fase principal surge depois do Verão”. Trata-se de um segmento que “pretende uma localização mais central, próxima do comércio e serviços, a preços entre 900 e 950 euros/m2”, referiu Nuno Branco.

Para este operador, o segmento comercial regista “alguma dinâmica, sobretudo no arrendamento, com valores entre 10 e 12 euros/m2/mês; ao mesmo tempo, surgem negócios ao nível dos espaços para serviços, que não requerem grande exposição ao público e são produtos de que os bancos detêm grande fatia, colocando no mercado produto a preços bastante vantajosos”. 

Campanha de Verão abrange Algarve e Madeira

O Millennium bcp vai lançar uma Campanha de Verão com enfoque na região algarvia, na qual “estão envolvidos mais de 200 imóveis no valor global de 35 milhões de euros”, estima Ramiro Gomes. A campanha arranca no dia 1 de julho e tem a duração de dois meses, com a particularidade dos imóveis escriturados até 30 de setembro de 2015 usufruírem de um desconto de 5% sobre o preço de catálogo. 
O mesmo responsável espera “uma boa performance nesta campanha, alimentada também pelas condições de financiamento que oferecemos, pela visibilidade dos nossos imóveis e pela excelente motivação da rede de mediadores nela envolvida”. 
O Algarve tem um peso de 70% nesta campanha, com os concelhos de Portimão, Albufeira, Loulé, Lagoa a deterem a maioria dos imóveis, quer em número como em valor. 
Note-se que a ilha da Madeira também está presente nesta campanha, com mais de 50 imóveis, com um valor global de comercialização de sete milhões de euros. 
Trata-se de uma campanha que contempla apenas imóveis residenciais, num total de 70 moradias com um valor médio de comercialização de 271 mil euros, bem como 130 apartamentos com um valor médio de 116 mil euros. Na sua maioria, os imóveis são moradias V3, apartamentos T1, T2 e T3.

Fonte: Público

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