09 julho 2015

Crédito bancário será o grande protagonista do mercado imobiliário


As famílias portuguesas estão de regresso ao mercado imobiliário, constata Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal. Novos produtos e criatividade sustentam reforço do crédito bancário. O “regresso das famílias portuguesas ao mercado imobiliário” é a principal nota que Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal, destaca no balanço feito dos primeiros meses de 2015.


Este retorno foi em muito “influenciado pela abertura do crédito à habitação, embora estejamos muito longe de alguns níveis atingidos nos últimos anos”, explicou. “Há mais players, mais políticas agressivas por parte da banca, o que vai dinamizar bastante o mercado imobiliário residencial, que é a grande base do nosso negócio”. 

A empresa registou um aumento da faturação de “38% no primeiro trimestre”, sendo que o objetivo é “fechar o ano de 2015 com um crescimento sempre nos dois dígitos”.

Ricardo Sousa frisou que “temos de ser prudentes na análise dos indicadores, pois há muitos fatores que não controlamos”. Porém, “acreditamos que esta tendência de aumento do número de transações deverá continuar ao longo do ano”. Ao mesmo tempo, considera, “o valor dos imóveis deverá continuar a subir gradualmente, em Portugal, na sua generalidade”.

Trata-se, sublinha, de “uma retoma bastante sólida”. Aliás, na opinião do administrador da Century 21, “essa procura pela compra sempre existiu”, mas foi dificultada “na altura de obter o crédito”, levando à “opção do arrendamento durante estes anos, que pesou mais face às compras em termos de número de transações”. Agora “há muitas pessoas que já conseguem o dito crédito à habitação”. 

Nestes exemplos incluem-se “os segmentos médio e médio/alto”, sustentou. Para Ricardo Sousa, “no primeiro trimestre do ano tivemos até uma redução do preço médio de transação” que, afirma, demonstra que “vendem-se imóveis de um segmento mais baixo e não que os preços tenham caído. A tendência é até de ligeira subida”. 

Mudança de paradigma

Não obstante o impulso verificado na compra, “o arrendamento ganhou um espaço no mercado que acreditamos que não vai perder”, sustenta Ricardo Sousa. Apesar de este segmento “manter um espaço mais importante que no passado”, não deverá “crescer nem ter a proporção que teve nos últimos anos, que era uma necessidade da crise”, sublinha.

E se “a cultura portuguesa é comprar, a nova geração já pensa em arrendar antes de comprar a primeira casa”, nota o administrador da Century 21. Até porque “ser jovem proprietário é uma grande limitação para estas pessoas, até em termos de oportunidades de trabalho”. 

A tomada de decisão de compra das novas gerações é “mais consciente, a longo prazo, ao contrário do que se fazia no passado”, frisou. “As pessoas já perceberam que a aquisição ou se faz numa perspetiva de investimento ou a médio e longo prazo” pelo que “a taxa de proprietários poderá decrescer para os “70%”. 

No que concerne à concessão de crédito bancário, “vemos que claramente cada vez mais operadores e bancos estão ativos na captação de clientes para o crédito à habitação”, pelo que “não é expectável uma alteração desta tendência ou destas políticas comerciais” a curto prazo, sustenta aquele operador. 

“O financiamento é fundamental, não podemos impedir os portugueses de ter acesso à habitação. Mas sabemos que os critérios do passado não são os mesmos de hoje e não acreditamos que voltem. E a maior responsabilização é de todos, por parte da banca e também por parte dos clientes”. 

Assim, conclui, o “crédito vai ser o grande protagonista de 2015”, quer “pela sua evolução”, quer “pela criatividade da banca” o desenho de “produtos postos no mercado para dinamizar este setor”.

Obra nova precisa-se

A banca continuará, assim, a ser um ator central no mercado imobiliário português. Por um lado, cada vez mais imóveis não residenciais entram nas carteiras da banca, incluindo “lojas, espaços comerciais, armazéns, escritórios, terrenos”, sobretudo “fora dos centros urbanos”, onde “as economias locais sofreram mais com a crise que vivemos”. Ricardo Sousa destaca, neste âmbito, zonas como “Amadora, Sintra, Almada ou Gaia”

São essencialmente “as pequenas e médias empresas que ocupam estes espaços”, representando “uma clara oportunidade para os investidores que querem entrar no mercado”, pois “podem fazer boas aquisições e preparar os imóveis”. 

O mesmo operador destaca que, “não só em Lisboa, mas também em todo o país”, existe “necessidade de obra nova”, pois “há maior procura por moradias e terrenos”. Trata-se, em perspetiva, de um mercado que está a chegar”. 

Para suprir esta carência, “irão chegar os promotores de novo ao mercado”, reforça Ricardo Sousa. “Lisboa e Porto serão marcados pela reabilitação”, a par de novos projetos a nascer “em outras zonas do país”. Por isso, conclui, as famílias portuguesas “vão marcar claramente o mercado em 2015”. 

Mediação em fase de mudança

Segundo Ricardo Sousa, a mediação imobiliária está “a passar por um processo de mudança e restruturação muito acelerado”. Na sua perspetiva, “o mercado exige especialização em cada uma das áreas onde estamos presentes”. 

Neste momento, “a empresa de mediação imobiliária é um projeto muito mais estruturado, com vários departamentos e estruturas, que transforma a tradição que havia em Portugal de pequenas e micro empresas para mais médias empresas”. Nesse sentido, a Century 21 pretende aprofundar a sua política de contratação ao longo do ano, colocando “20 agentes em média por loja”. 

A prioridade para o crescimento da marca, contratação e novas aberturas, será a cidade de Lisboa, o Grande Porto e respetiva área metropolitana, até Braga, bem como o Algarve. O objetivo da empresa é abrir 20 unidades em 2015. “Vamos reforçar a nossa presença nas restantes zonas de costa, por exemplo costa de Lisboa e Silver Coast, e também no distrito de Setúbal”, referiu Ricardo Costa. 

Os indicadores do primeiro trimestre da Century 21 Portugal apontam para um volume de negócios mediados nas transações de imóveis superior a 92,532 milhões de euros. Neste período, a rede imobiliária faturou mais de quatro milhões de euros.

Entre Janeiro e Março deste ano, a Century 21 realizou 1327 transações e, no arrendamento, concretizou 695 transações de arrendamento. Os valores médios dos imóveis transacionados na rede Century 21 Portugal, durante o primeiro trimestre deste ano, fixaram-se nos 129 mil euros e o arrendamento atingiu uma média de 529 euros.

Fonte: Público Imobiliário

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