22 julho 2015

Investidores no mercado português mais otimistas e arriscados este ano


Um novo barómetro da JLL e do IPD mostra que os investidores em imobiliário português estão bastante otimistas e disponíveis para assumir maior risco neste ano recorde para o investimento. Este novo barómetro mostra que mais de 70% dos investidores inquiridos espera que o volume transacionado em 2015 seja superior a 1.200 milhões de euros, depois do 1º semestre do ano já ter somado os 800 milhões. Por outro lado, pesa também uma maior confiança no mercado e na própria evolução da economia nas estratégias de investimento destes players, já que 50% considera investir ou em ativos por reestruturar ou em ativos com desocupação.


Esta foi a primeira edição deste Barómetro IPD/JLL, uma iniciativa que pretende avaliar o sentimento e as perspetivas de evolução do mercado imobiliário junto dos principais investidores imobiliários a operar em Portugal. A sua regularidade deverá ser semestral. 

António Gil Machado, vice presidente do MSCI Ibéria e Brasil, nota que se «trata de uma nova ferramenta que contribuirá para aumentar a transparência e visibilidade atuais do mercado de investimento imobiliário em Portugal», o que, acredita, «é especialmente relevante numa altura em que o país continua a consolidar a sua credibilidade junto dos mercados internacionais». 

Por outro lado, Pedro Lancastre, diretor geral da JLL Portugal, salienta que «os mercados ocupacionais estão em franca recuperação, principalmente nos escritórios e no retalho, assim como a economia, o que tem levado a um forte crescimento do investimento». Nota que «a perceção dos investidores é que se deverá continuar a crescer nos principais indicadores, o que somado à dimensão do mercado e à escassez que já começa a sentir-se nos produtos prime, tem levado a estratégias de investimento com maior perfil de risco. Isto num ano em que o investimento até ao final do primeiro semestre já soma €800 milhões e, por isso, bem posicionado para superar níveis históricos». 

Este mesmo documento mostra também que 28% dos investidores continua a preferir alocar o seu capital em ativos de renda garantida, cerca de 50% está agora disposto a assumir maior risco nas suas estratégias de investimento, sendo que, destes, 25% refere que pretende investir em ativos por reestruturar e 24% em ativos com alguma desocupação. 

A maior abertura a produtos com perfil de risco mais elevados devem-se, sobretudo, à dimensão reduzida do mercado português, à escassez de produto disponível e às boas perspetivas económicas, embora os escritórios no Prime CBD de Lisboa e Parque das Nações e o comércio de rua se mantenham na lista de preferências dos investidores. 

Há também boas perspetivas para o mercado imobiliário, quer na componente de ocupação quer de investimento, o que sustenta este posicionamento. A maioria dos investidores inquiridos (70%) espera que o volume anual transacionado em 2015 supere os 1.200 milhões e boa parte deles (20% do total) considera mesmo que vá superar os 1.600 milhões, maioritariamente investimento internacional, com um peso de 85% do total. Por outro lado, os investidores consideram que os fundos oportunistas e os fundos core serão os mais ativos no investimento, com pesos de 31% e 26% nas respostas dos inquiridos, dos quais são exemplo as recentes compras do norte americano Blackstone. 

Nota ainda para o facto de o percurso de recuperação do mercado de investimento, que no ano passado somou os 900 milhões transacionados e no 1º semestre deste ano já chegou aos 800 milhões, ter levado a uma compressão das yields, uma tendência que os investidores prevêem que se mantenha, antecipando inclusive que no final deste ano se fixem em 6,2% nos escritórios (Prime CBD), 6,4% nos centros comerciais e 7,5% em imóveis logísticos. 

Já no que diz respeito aos mercados ocupacionais, os investidores acreditam que a recuperação vai continuar nos escritórios e no retalho, com aumentos das rendas prime dos 18,25 euros do ano passado para os 19 euros/m²mês. E 2015 poderá ser um ponto de viragem do mercado logístico, que pode começar a sentir, finalmente, os sinais da retoma da economia. 

As perspetivas são particularmente positivas no que diz respeito ao retalho, com os inquiridos a antecipar aumentos da afluência aos centros comerciais e do volume de negócios dos retalhistas (83%) e do consumo (75%), bem como uma pequena descida da taxa de disponibilidade nestes espaços (58%) esperando que as rendas aumentem devido a esta recuperação (75%). 

Pedro Lancastre conclui ainda dizendo que «apesar de todos os sinais de recuperação e da confiança dos investidores no mercado, estes ainda identificam algumas dificuldades na hora de investir, principalmente a diferença de expetativas entre o comprador e vendedor, a escassez de produto e as limitações ao financiamento bancário». Explica que «os investidores internacionais mais ativos, que tendencialmente realizam operações de maior dimensão com financiamento “local”, encontram os bancos “locais” ainda sem plenas condições para o fazer». Por isso, acredita que «é preciso ter soluções para contornarmos estas dificuldades, de modo a fazer crescer ainda mais o investimento».

Fonte: VI

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