13 setembro 2015

Arrendar a alunos é negócio de milhões


É dos nichos do setor imobiliário em que a oferta mais tem crescido. Desde quartos a apartamentos, não falta quem queira arrendar a estudantes, forçados a recorrer ao setor privado por falta de capacidade das residências universitárias em absolver todos os alunos deslocados. A maior parte procura um teto nas redes sociais e em sites como o OLX. E, apesar do cerco do Fisco à fraude, muitos acabam enganados, com habitações que não correspondem às fotografias, sem recibos ou contratos. Nessa espécie de selva, houve quem visse uma oportunidade e tenha criado um negócio milionário.


Basta olhar para os números para perceber porque universidades como a do Porto admitem que as vagas são "insuficientes". Na Invicta, há sete mil alunos deslocados e as seis residências universitárias dispõem de 1.200 camas. O mesmo se passa em Lisboa, onde existem 1.400 camas para nove mil estudantes deslocados. Não é de admirar que nem os bolseiros consigam entrar numa residência, onde os quartos podem custar só 73 euros por mês, como sucede na Covilhã. 

Em Lisboa, Coimbra e Braga, surgiram programas em que os estudantes partilham casa com um idoso por um valor simbólico. As adesões são, contudo, escassas. Por isso, os alunos são forçados a abrir os cordões à bolsa. Em residências privadas como as da SPRIJ (Sociedade Promotora de Residências Universitárias SA), um quarto, em Lisboa, custa 288 euros por mês e um apartamento, no Porto, fica entre os 324 euros e os 670 euros.

"Diversos pedidos de ajuda"

No mercado tradicional, os quartos, em Lisboa e no Porto, custam entre 200 e 300 euros, com despesas incluídas e alguns com limpeza. Já os apartamentos podem ir dos 450 euros (T1) aos 900 euros (T2), com mobília. Em muitos casos, como se denuncia em Braga, cobra-se mais 25% pela renda caso o aluno exija recibo. A situação repete-se pelo país. "Recebemos diversos pedidos de ajuda", confirma o presidente da Associação Académica de Lisboa, Francisco Duarte. 

"Isso cria um grande problema aos bolseiros. Sem recibos não têm apoios", vinca Daniel Freitas, presidente da Federação Académica do Porto, que se associou à plataforma da Uniplaces, onde, em troca de uma taxa de cerca de 50 euros, os estudantes arrendam quartos ou apartamentos com a certeza de que têm condições. 

Criada há quatro anos, a Uniplaces já disponibiliza 50 mil quartos, trabalha com 3.500 senhorios e tem um volume de negócios de seis milhões de euros. Embora ofereça rendas mais elevadas (um T1 na Boavista pode custar 600 euros mensais), não faltam clientes. "Passa muito pelo valor acrescentado que conseguimos", justifica um dos fundadores, Miguel Santo Amaro.

Fonte: JN

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