19 setembro 2015

Centros comerciais 'ganham' mais 100 mil m2


Setembro é mês de regresso à rotina, regresso às aulas e aos centros comerciais que aproveitam para fazer campanhas intensas e diversificadas. A indústria dos centros comerciais verificou um forte ajustamento nos anos recentes. Além da suspensão de inúmeros projetos verificou-se um significativo ajustamento das da rendas em linha com a retração do consumo e diminuição das perspetivas de retorno sentida nos anos mais agudos da crise. O ajustamento das rendas foi mais intenso nas localizações periféricas mas, em termos gerais, orbitou entre 10 e 30% de redução, muito em função da notoriedade do centro e poder negociai da cadeia retalhista.


Desde 2011 que não havia novas inaugurações. Em 2014 inaugurou-se a reconversão do antigo Jumbo no novo Alegro Setúbal da Immochan com uma área bruta locável (ABL) de 42.500 m2. Para 2015 está prevista uma pequena expansão do Oeiras Parque bem como a reconversão das galerias Twin Towers em Lisboa. 

No próximo ano aguardam-se já vários projetos a começar pela aposta na região algarvia com a prevista inauguração do Algarve The Style Outlets da Neinver com 23.500 m2 de ABL, além dos megaprojetos ligados ao Inter Ikea Group com uma nova loja IKEA de 21.000 m2, um novo centro comercial com 45.300 m2 e um factory outlet com adicionais 23.000 m2 de ABL.

Desta forma, mais de novos 100.000 m2 estão previstos para 2016/2017 contrariando a tendência recente de colocação de novas promoções em stand-by. Os adiados Évora Shopping e Dolce Vita Braga poderão mesmo ser retomados por novos investidores.

No entanto, a maior tendência atual passa pela consolidação dos espaços existentes visando a valorização dos ativos através de apostas em renovação de espaços, diversificação de retalhistas e marcas, ampliação das valências de lazer e gestão de propriedade mais criteriosa e profissional. Acreditamos assim que nos próximos anos se assistirão a vários projetos de renovação e reposicionamento de vários espaços comerciais procurando otimizar o potencial existente e adaptando-se às contínuas e exigentes tendências ditadas pelo consumidor. 

Os fundos de investimento estão aliás muito ativos no sector e várias transações foram observadas em 2014 e 2015 aproveitando os preços de venda relativamente mais moderados e apostando em taxas de retorno sólidas a longo prazo numa altura em que começam a escassear produtos atrativos em localizações prime nas capitais da Europa Ocidental, fruto das muito baixas taxas de juro e excesso de liquidez por parte dos investidores internacionais. 

O sector mostra assim, como sempre, uma forte resiliência e grande capacidade de adaptação aos novos tempos. 

Não obstante, muitas galerias comerciais típicas dos anos 80 e 90 mostram agora fortes sinais de fadiga e falta de ajustamento às novas realidades urbanas. Muitas vezes a falta de uma propriedade única e de uma gestão integrada e profissional ditada por interesses díspares de lojistas implicam um contínuo desajustamento face ao mercado. Será provável que muitas delas atravessem fortes dificuldades a médio e longo prazo caso não se renovem, o que não é, digamos, tarefa fácil. 

Mas de um modo geral quem previu o colapso da indústria enganou-se redondamente. 

A par da renovação das principais artérias do comércio de rua os centros comerciais de referência atravessam um processo de retoma progressiva e estão aí para ficar. A provar essa afirmação estão as inaugurações recentes de muitas marcas e retalhistas internacionais que apostam em novas insígnias e conceitos ora nos centros comerciais ora nas principais ruas e avenidas das cidades. 
"Old habits die hard". 

RENDAS PRIME DE REFERÊNCIA ATUAIS (em euros por m2)
Fonte: JLL

Por Pedro Pimentel, Mestre em Gestão
Fonte: Expresso

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