28 outubro 2015

Crédito às famílias sobe pela primeira vez desde a troika


IMOnews Portugal, imobiliário, arrendamento, mediação imobiliária
O aumento do crédito à habitação suporta a recuperação do stock do crédito a particulares verificada no último mês. A carteira de crédito aos particulares dos bancos portugueses subiu pela primeira vez desde o resgate da ‘troika’. Segundo o BCE, no final de Setembro, o total do crédito concedido aos particulares pelos bancos a operar em Portugal ascendia a 122.087 milhões de euros. Este montante representa um acréscimo de 13 milhões de euros face aos 122.072 milhões que se verificavam no final do mês anterior.


Trata-se da primeira vez desde o resgate financeiro da ‘troika’ a Portugal, que o total do crédito nas mãos das famílias apresenta uma evolução positiva. A última vez que tal ocorreu foi em Abril de 2011, imediatamente antes do pedido de resgate. Nesse mês, o montante total dos empréstimos concedidos a particulares cresceu em 243 milhões de euros para se fixar no valor mais elevado de sempre: 143.037 milhões de euros,

Desde esse recorde, que a evolução mensal do stock dessa categoria de empréstimos apresenta sempre uma evolução negativa, que cumulativamente ascende a perto de 21 mil milhões de euros no espaço de quatro anos e meio. O fecho da torneira do crédito pelo sistema financeiro português foi motivado pela necessidade dos bancos em cumprir os rácios de transformação recomendados pela ‘troika’. E, em simultâneo, as próprias famílias recuavam na decisão de recorrer ao crédito perante a difícil situação económica.

Crédito à habitação dá o maior contributo para a subida

A subida do stock do crédito a particulares registada em Setembro resulta em grande medida da evolução do crédito à habitação. No último mês, o bolo total do financiamento para a compra de casa cresceu em 62 milhões de euros, para totalizar 100.388 milhões de euros. Desde Março de 2011 que também não se assistia a um aumento desse indicador. Já no crédito ao consumo, registou-se uma tendência negativa, que se saldou num recuo de três milhões de euros no stock que se fixou em Setembro nos 11.984 milhões de euros.

A maior abertura dos bancos para conceder crédito suporta a recuperação do stock total dos empréstimos aos particulares. Algo que é particularmente notório no crédito à habitação. Desde o início do ano, até Agosto, os bancos a operar em Portugal concederam um total de 2.387 milhões de euros em novos empréstimos para a aquisição de casa, o que representa uma subida de 68% face ao que se verificou no mesmo período de 2014.

No entanto, o economista da IMF, Filipe Garcia, que “no caso do crédito à habitação, a abertura não está a ser generalizada em termos de acesso – são os segmentos com menor risco os que estão a ter mais abertura”.

Bancos contam ter mais flexibilidade para emprestar

Esta recuperação surge no seguimento da maior flexibilidade dos bancos para financiar a compra de casa. Os resultados do último inquérito trimestral aos bancos sobre o mercado de crédito divulgado pelo Banco de Portugal (BdP) na semana passada sinaliza essa maior abertura. 

A descida dos ‘spreads’ é um dos espelhos mais visíveis da menor restritividade dos bancos. No total de cinco bancos sondados pelo BdP, três reportaram uma diminuição dos ‘spreads’ cobrados nos empréstimos para a compra de habitação de risco médio, no terceiro trimestre deste ano. Nos empréstimos para consumo, dois bancos referiram o mesmo comportamento. Os indexantes que também estão em níveis historicamente baixos ou mesmo negativos nos prazos mais curtos tornam também apelativo o recurso ao financiamento pelas famílias.

Para o último trimestre de 2015, em termos gerais, a maioria das instituições inquiridas não antecipava grandes alterações nos critérios de concessão de crédito, mas reconheceram a possibilidade de ocorrer em alguns casos uma ligeira redução da restritividade, especialmente no crédito a particulares. 

Fonte: Económico

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