Os preços das casas em Portugal continuam a recuperar de forma gradual num cenário marcado pelo aumento do consumo e a confiança dos bancos em voltar a conceder crédito. Os preços das casas voltaram a acelerar após três trimestres consecutivos de quebra, como reflexo da recuperação económica, da melhoria da confiança dos portugueses e de uma maior abertura da banca para a concessão de crédito habitação. Uma tendência que os maiores operadores imobiliários acreditam deverá manter-se no último trimestre do ano mas de forma sustentada e sem grandes oscilações.
"As perspectivas são positivas, pois esperamos um aumento do número de transacções entre os 20% e os 25% para este ano, em relação ao ano passado", avança ao Económico Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).
A animar o sector imobiliário está o facto de os bancos terem aumentado o valor atribuído aos imóveis, ao mesmo tempo que financiam uma percentagem cada vez maior da avaliação dos mesmos. Além disso, o facto das instituições bancárias apresentarem condições, cada vez mais, atractivas, nomeadamente, ‘spreads' abaixo de 2% levou a que a classe média e baixa voltasse a ter condições para comprar casa.
"O valor médio da avaliação bancária tem vindo a recuperar. Por isso, acreditamos numa tendência de crescimento dos preços mas de forma sustentada e sem exageros", refere Miguel Poisson, director-geral da ERA Portugal. Uma opinião partilhada por Beatriz Rubio, CEO da REMAX Portugal, que realça que esta subida nos preços deverá ser "ligeira" comparando com o período entre Abril a Junho do corrente ano. "Perante a crise o mercado reagiu corrigindo, excessivamente, os preços em baixa devido à escassez da procura, a qual foi em parte motivada pela forte retracção na concessão de crédito. Hoje assistimos a uma recuperação quer da procura, quer do crédito concedido o que faz com que os preços subam", diz Beatriz Rubio.
A associação do sector defende que o investimento estrangeiro terá muita relevância no sector imobiliário, com destaque para "o investimento francês que irá ultrapassar o chinês e talvez o britânico", sublinha Luís Lima. Contudo, o investimento estrangeiro não deverá ter a dimensão que poderia ter, devido aos entraves na atribuição de vistos ‘gold' que se registaram até agora.
"Os negócios imobiliários estão no bom caminho no nosso país. Neste sentido, esperamos acompanhar a tendência do mercado e, também, ver crescer o número de crédito bancário, "acrescenta Miguel Poisson, director-geral da ERA.
Para quem não quer comprar casa a alternativa passa por arrendar. Porém, arrendar casa já deixou de ser atractivo. "Os preços do arrendamento continuam a não ser competitivos quando comparados com o valor da prestação de crédito à habitação", adianta a CEO da REMAX.
Preços das casas cresceram ao ritmo mais alto desde 2009
No primeiro semestre de 2015 foram transaccionadas mais 31% de casas face a igual período do ano passado, tendo sido vendidos 50.228 imóveis novos e usados. A alteração mais relevante registada este ano, entre Abril e Junho, prende-se com a evolução dos preços da habitação, que aumentaram 2,9%, interrompendo um período de três trimestres consecutivos de desaceleração, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). Fazendo contas, estão a ser transaccionadas menos casas novas: em 10 imóveis vendidos, só dois estão por estrear, menos um do que antes da chegada da ‘troika', em 2011.
De acordo com o INE este é o avanço mais significativo nos preços das casas desde que os dados começaram a ser recolhidos no primeiro trimestre de 2009. O preço das habitações por estrear é o que subiu mais no período em análise.
A evolução positiva do mercado tem sido dinamizada pelas famílias de classe média e baixa. "Estão a ser feitos alguns ajustes no valor médio dos imóveis transaccionados, contudo este incremento do número de transacções não irá representar, a curto prazo, aumentos significativos no valor dos imóveis", explica Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal.
No geral, o mercado imobiliário está em alta, mas convém não esquecer que este "é um crescimento lento e sustentado e cujas razões estão relacionadas com a recuperação económica, o retorno da confiança dos portugueses e uma maior abertura da banca para a concessão de crédito habitação", diz Miguel Poisson. Estas são as razões que explicam o aumento dos preços da habitação.
A maioria dos imóveis vendidos são casas usadas do segmento médio, com um valor entre 102 mil euros e 170 mil euros, e situadas na zona de Lisboa. Aliás além da capital, o Porto e Algarve são as zonas com mais procura para comprar casa própria.
Fonte: Económico
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