20 dezembro 2015

Ano de 2015 marcou definitivamente a retoma do setor


O ano de 2015 vai marcar positivamente o setor imobiliário em Portugal, e já que é considerado o ano da retoma deste mercado. Tanto na componente de habitação, onde as vendas registaram um crescimento significativo, como nos segmentos de escritórios, comércio e industrial e, neste caso, com a tónica no aumento dos negócios, especialmente de investimento. Esta é a opinião de vários profissionais do setor imobiliário.


Na opinião de Luís Lima, presidente da Apemip, o balanço deste ano de 2015 para o setor imobiliário é, felizmente, positivo. "O mercado de compra e venda manteve-se em sentido crescente, confirmando-se o ciclo de retoma do imobiliário impulsionado pelos programas de captação de investimento (Autorização de Residência para Atividades de Investimento - ARI, e o Regime Fiscal para Residentes Não Habituais)". 

Na sua opinião, "não só se manteve o aumento da representatividade do investimento estrangeiro, mas também a retoma do mercado interno, motivada pelos baixos spreads, e pela inexistência de um verdadeiro mercado de arrendamento, que continua a não ser apetecível, especialmente quando comparamos os valores das rendas praticadas com o valor de uma prestação do empréstimo de crédito à habitação". 

Assim, considera Luís Lima, "tudo isto, aliado a uma ligeira melhoria da confiança e da nossa economia, fez com que o mercado de compra e venda de imóveis voltasse a ser um produto de investimento apetecível, não só para estrangeiros que procuram áreas de investimento seguras, mas também para as famílias portuguesas, que constituem aforro para garantia de um maior rendimento de poupanças num mercado de arrendamento funcional, demonstrando a importância que o setor imobiliário tem para a nossa economia. No entanto, adverte, as perspetivas de crescimento para este eram maiores, especialmente no que diz respeito ao investimento feito por via do programa ARI - Vistos Gold. Os constantes entraves burocráticos que foram surgindo e que resultaram na quase interrupção total da emissão de vistos, prejudicou o mercado e favoreceu outros países europeus com programas similares. 

Na opinião de João Pessoa e Costa, presidente do Círculo Imobiliário, 2015 foi um bom ano para o setor imobiliário. "Abrimos uma janela para respiramos de novo. Houve vendas, sobretudo para o mercado internacional. O mercado interno, com lenta recuperação e mais virado para o arrendamento. Algumas operações com investidores estrangeiros, para ativos nas mãos dos bancos, e com rentabilidades asseguradas interessantes". 

Para Rui d' Avila administrador do grupo Ferreira, "o ano 2015 iniciou a retoma do setor imobiliário, com bastante força em Lisboa e também com bastante dinamismo, embora muito concentrado em certas zonas da cidade, no Porto". Acrescenta que "a habitação está muito concentrada, mas vários projetos foram tirados da gaveta, impulsionados pela abertura do crédito hipotecário". 

Na opinião do gestor, "o subsetor da promoção de hotéis e o retalho de distribuição mostraram grande procura, principalmente nas modalidades de arrendamento de longa duração. Na logística e indústria, a expectativa do acesso aos incentivos comunitários e o aumento das exportações tem gerado procura por negócios turnkey com dimensão interessante". 

Ano recorde no investimento 

Na opinião de José Covas, Head of Valuation, da consultora Worx, "o ano de 2015 marcou verdadeiramente a recuperação da crise com um desempenho recorde do mercado imobiliário com especial destaque para o investimento". Nesta matéria, o mercado registou um mercado volume de investimento em imóveis comerciais (escritórios, comércio e industrial) recorde com uma forte pressão nas yields que nunca estiveram tão baixas, mesmo no pico do mercado antes da crise. 

"A entrada de investidores institucionais internacionais, com elevada liquidez, e a estabilidade do nosso mercado, do ponto de vista de ocupação, contribuiu bastante para este desempenho", alerta José Covas. A grande novidade do mercado é, no seu ponto de vista, a maior diferenciação entre os produtos e as localizações prime e os demais, aumentado o gap entre as yields prime e as yields médias, com diferenciais nunca vistos no nosso mercado. Esta tendência é um forte sinal do profissionalismo e maturidade do nosso mercado, equiparando-o a muitos mercados da europa ocidental. 

"Pela negativa de destacar a confusão legislativa que afetou o mercado no último trimestre do ano, com a entrada em vigor de uma nova lei que regula a atividade dos avaliadores, pouco clarificadora, fortemente castradora e com impactos que poderão afastar os avaliadores mais qualificados, fazendo baixar a qualidade do serviço prestado e podendo contribuir para o aumento da descredibilização do nosso sistema. Esta situação pode a médio prazo vir a afetar a atratividade do nosso país em investimento imobiliário pelo impacto no rigor e credibilidade do apuramento dos valores de mercado", destaca o consultor da Worx

Para João Magalhães, diretor geral da Predibisa, no início do ano de 2015, foram feitas algumas projeções relativamente ao desenvolvimento do imobiliário em Portugal. "Apesar de todo o otimismo, nunca se imaginou que este seria o 'ano' do setor. As novas concessões de crédito, a crescente procura por investidores nacionais e estrangeiros, otimismo do consumidor, assim como a crescente procura pelos vistos 'gold', foram, sem dúvida, fatores que marcaram o ano de 2015". Para João Magalhães, se falarmos mais concretamente no Porto, que é a principal área de atuação da Predibisa, "verificamos uma evolução galopante no que diz respeito à reabilitação do centro histórico". Não há dúvida que a Invicta está na moda e a procura pelo "tradicional", é prioritário. Na sua opinião, a cidade está a crescer "para dentro", dando uma nova oportunidade àquilo que fora em tempos o centro da economia portuense. Este fenómeno tem atraído não só turistas como investidores interessados em tudo o que a cidade oferece, nomeadamente a beleza, a segurança e a qualidade de vida.
Fonte: VidaEconómica

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