Os dados do Banco de Portugal mostram que, no caso do sector ligados às actividades imobiliárias, o malparado aumentou em 10 vezes desde final de 2007. Enquanto há cerca de cinco anos o incumprimento representava pouco mais de 1% do total de empréstimos a este setor, em maio de 2012, o crédito de cobrança duvidosa representava já 11%.
No caso da construção, o incumprimento progrediu de forma ainda mais intensiva. Enquanto em dezembro de 2007 o malparado pesava 1,8% do crédito para a construção, os últimos dados revelam que, em maio deste ano, o peso ascendia já a quase 17% dos empréstimos direccionados à construção.
O sector da construção e do imobiliário foram dos mais afetados pela crise financeira. Com o agravamento das condições económicas em Portugal e na Europa, a par da subida do desemprego e, consequentemente, quebra do poder de compra, tem-se vindo a assistir a uma retração ainda maior nestes sectores.
Os bancos, muito expostos a estes sectores, têm sido afetados por via de reforço de provisões e imparidades que, consequentemente, têm tido impacto nos resultados da banca.
Com a deterioração das condições económicas os próprios banqueiros já deram a entender que este ano será de prejuízos para a banca portuguesa.
Os bancos garantem que têm as suas carteiras de crédito bem provisionadas e fizeram questão de o demonstrar nas apresentações semestrais dos resultados, prometendo continuar a reforçar provisões para acondicionar o risco.
Inspeções às carteiras de crédito da banca
No final de junho, o Banco de Portugal anunciou que iria realizar uma vigilância sobre as carteiras de crédito dos oito principais grupos bancários portugueses, com avaliações rigorosas aos setores da construção e da promoção imobiliária.
Na altura o regulador bancário justificou que "o risco de crédito constitui para a generalidade dos bancos o principal risco que decorre da suaatividade", realçou o Banco de Portugal, acrescentando que "o acompanhamento das carteiras de crédito dos bancos é, assim, uma das principais vertentes da atividade de supervisão prudencial" da entidade.
"Esse acompanhamento pretende assegurar que as instituições de crédito têm definidos e aplicam políticas e procedimentos adequados para a gestão do risco de crédito, que as suas demonstrações financeiras refletem corretamente o valor das suas carteiras de crédito e que dispõem de capital suficiente para fazer face aos riscos que decorrem das suas exposições creditícias", sublinhou o Banco de Portugal.
As inspeções às carteiras de crédito já terão começado. Segundo o Dinheiro Vivo apurou as instituições financeiras já tinham no mês passado os processos preparados para a realização das inspeções. No entanto, os trabalhos terão sido, temporariamente suspensos em grande parte de agosto, devido às férias das consultoras.
Fonte: Dinheiro Vivo
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