20 janeiro 2016

Mil milhões de euros de investimento imobiliário já identificados para 2016


Entre negócios que transitam de 2015 e outros em curso ou já assinalados, estão já previstos para este ano pelo menos 1.000 milhões de euros de investimento em imobiliário. A maior parte destes negócios poderá ser fechado ainda no 1º semestre. O ano começa com perspetivas positivas para o investimento imobiliário em Portugal, depois de um 2015 em que os níveis transacionados atingiram máximos de 2.100 milhões de euros, de acordo com a CBRE.

Estes bons resultados “transportam muito otimismo para 2016” nas palavras de Neil Blake, que deu nota de que “foi um ano em que as yields continuaram a crescer nos escritórios, já abaixo dos níveis de 2007 em alguns casos”. A seu favor este ano Portugal tem a recuperação do consumo, as taxas de juro baixas e um “aumento indiscutível” da concessão de crédito por parte da banca, bem como uma crise bancária que “começa a ir embora”, apontou o responsável pela área research da consultora CBRE para a região EMEA (Europa, Médio Oriente e África). O especialista esteve em Lisboa num Almoço-Conferência da Vida Imobiliária, que decorreu a 15 de janeiro no InterContinental Lisbon, para falar das tendências mais marcantes do mercado de investimento na Europa e em Portugal. 

Nuno Nunes, que lidera a área de investimento desta consultora em Portugal, fez as contas e avançou que cerca de 1.000 milhões de euros estão já identificados para serem transacionados este ano, entre “negócios que resvalaram de 2015, negócios em curso e outros que podem ser transacionados este ano, grande parte deles ainda no primeiro semestre do ano”. Na sua perspetiva, só os escritórios “podem representar 35%. Sabemos de cerca de 400 milhões de euros no Parque das Nações que deverão ir para o mercado este ano”, explicou Nuno Nunes. Os centros comerciais, grandes protagonistas do volume de investimento do ano passado, poderão diminuir o seu peso, e a hotelaria deverá manter-se um dos setores de interesse, bem como outros setores alternativos, já que “quase todos os setores têm yields abaixo dos valores históricos, e os que não têm para lá caminham”, explicou o responsável.

Para Nuno Nunes, apesar dos desafios, o”catch up muito rápido” do país faz acreditar que este ano vai ser bom, já que se assiste em Portugal a uma “recuperação rápida”, num contexto em que “os preços são relativamente bons, é um mercado da zona euro com confiança de mercado nas finanças públicas”, não esquecendo “as baixas taxas de juro e as expetativas das taxas de câmbio”, avançou.

Instabilidade política é desafio 

Entre os desafios que o mercado português pode enfrentar destacam-se “a possível incerteza política e a ainda lenta recuperação”, de acordo com Neil Blake, o que pode vir a “abanar” os resultados este ano. Contudo, sobre estas incertezas, Nuno Nunes disse que, apesar de serem algumas das preocupações apontadas, “não temos ainda ninguém (investidores) a mostrar-se preocupado com estes fatores”. 

Além do novo quadro político em Portugal, o mercado de investimento imobiliário poderá também ser influenciando pela conjuntura externa, num contexto muito dependente dos acontecimentos internacionais. Este ano, alguns dos desafios prendem-se com a possível crise e abrandamento da economia chinesa, com a crise dos refugiados, o terrorismo, a descida dos preços de alguns bens, como o petróleo ou a alimentação, ou as fricções com a Rússia, listou Neil Blake. 

O especialista acredita que o abrandamento da China poderá ser mais preocupante “para quem lê essas notícias sobre os mercados financeiros”. ”Podemos questionar-nos se haverá ou não o incumprimento de um mercado emergente este ano, mas em relação à China e ao abrandamento do seu crescimento, o que vamos ver é uma mudança radical na procura derivada de uma economia de consumo moderna”, sendo esta a maior preocupação dos mercados atualmente. E completa que “a China é importante por si, mas o problema é com todos os mercados emergentes”, salientando os níveis de “pouco stress nos mercados financeiros”, sobretudo se compararmos estes níveis com os da crise de 2008 ou com os anos de 2012/2013, o que leva a crer que não haverá causa para o alarmismo que alguns meios de comunicação social têm vindo a divulgar.

Fonte: Público Imobiliário

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