11 fevereiro 2016

10% de imóveis devolutos na Av.da Liberdade/Fontes Pereira de Melo


Lisboa parece estar a enveredar pelo caminho certo: a reabilitação é já dominante face ao número de pedido de construção de edifícios novos. Muitos são os factores que fizeram inverter a situação: ”o aumento generalizado da procura imobiliária nas áreas centrais da cidade, o crescimento do número de turistas e a escassez de oferta qualificada, conjugados com um número significativo de edifícios que se encontram total ou parcialmente devolutos”.


Segundo Cristina Cristóvão, do Departamento de Research e Consultancy da Worx, “este fenómeno, quando alicerçado num aumento do investimento privado em imobiliário, apresenta-se como uma estratégia potencialmente vencedora”.

Número de pedidos de licenciamento de obras novas diminuem

Entre 2014 e 2015, as licenças de obra que deram entrada na Câmara Municipal de Lisboa, são, na sua maioria, intervenções em edificado já existente. E mais de 90% do total de licenças destinadas a obras em edifícios são destinadas a habitação.

Nas áreas históricas da capital, desde o 2.º semestre de 2010 que o número de pedidos tem vindo a aumentar, confirmando o crescente interesse em investimento nestas zonas. Em 2015, 35% do total das licenças emitidas diziam respeito a freguesias na área histórica de Lisboa (Santo António, Santa Maria Maior e Misericórdia).

“As zonas históricas da cidade são o palco mais apetecível para projectos de reabilitação, devido à redução da oferta e à elevada procura, principalmente por investidores internacionais” – adianta Cristina Cristóvão.

“A melhoria da situação económica no país, o aumento do turismo e os incentivos concedidos à reabilitação urbana são alguns dos factores que provocaram um crescente dinamismo na reabilitação de edifícios nas zonas centrais da cidade e um consequente aumento dos preços praticados” - acrescenta.

Ao invés da tendência do período pré-crise — em que o foco era a reabilitação para escritórios —, actualmente verifica-se que, na grande maioria dos casos, a reabilitação passa pela reconversão de usos, maioritariamente para habitação e/ou turismo.

Zona 1: alvo especial de interesse e prospeção

Embora já não situada naquele que se pode considerar o casco histórico da cidade, a Zona 1 (Eixo Avenida da Liberdade / Fontes Pereira de Melo até ao Saldanha) tem apresentado um foco de interesse por parte de muitos investidores. A Worx realizou um levantamento exaustivo da zona, que contempla mais de 450 edifícios, dos quais 15% encontram-se em mau estado de conservação e cerca de 10% estão devolutos. Trata-se de uma zona com uma forte concentração de edifícios de escritórios, em que apenas 23 dos mais de 450 edifícios analisados foram construídos para habitação.

A consultora constata que “dos cerca de 600 mil m² de área de escritórios identificados, cerca de 85.000 m² se encontram por ocupar, sendo que muitos não reúnem ainda as condições necessárias para acolher a procura cada vez mais exigente”.

A responsável pelo Departamento de Research e Consultancy da Worx conclui que “a reabilitação será sempre um caminho acertado para manter as linhas clássicas nas zonas históricas da cidade. Com o aproveitamento do potencial existente numa das zonas mais cobiçadas de Lisboa a cidade ganha bastante. No entanto — ressalva — a construção nova, em alguns casos, é necessária pelos altos índices e especificidade da procura, sendo o caso mais evidente o sector de escritórios e o de retalho.”

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