25 fevereiro 2016

Novo Banco deixa cair grandes créditos e especulação imobiliária


O Novo Banco não voltará a fazer grandes créditos e negócios de especulação imobiliária. Estes são dois exemplos de práticas herdadas do BES que, só em 2015, custaram 764 milhões em perdas. Legado do banco "mau" ainda vai pesar em 2016.

O Novo Banco não voltará a ser um banco de "grandes exposições de crédito", de "créditos internacionais", de financiamento de "posições acionistas com relevância" e de "negócio de exposição imobiliária". "Isto era o que existia e nós não queremos voltar a fazer'', sintetizou Vítor Fernandes, administrador da instituição, na apresentação de resultados de 2015, que mostraram prejuízos de 980,6 milhões de euros.

Cerca de 60% das perdas que o Novo Banco registou no ano passado resultaram, precisamente, deste tipo de operações que eram prática comum no Banco Espírito Santo. As imparidades e provisões para as 50 maiores exposições de risco e para imóveis herdados de financiamentos em incumprimento totalizaram 592 milhões. "São quase 600 milhões que atribuímos ao legado vindo do BES", justificou Eduardo Stock da Cunha, presidente do banco de transição.

Foi este o preço a pagar pelos "créditos de maior exposição" e de "carácter muito especulativo, alguns de natureza imobiliária". "São as típicas grandes exposições que se fizeram de 2004 e 2005 a 2008 e 2009", explicou Vítor Fernandes, escudando-se no sigilo para não avançar mais pormenores.

Mas a herança do BES custou mais 172 milhões em juros que tinham sido contabilizados e que tiveram de ser anulados porque, em vários casos, foram pagos com recurso a novos financiamentos. No total, o legado do banco "mau" retirou 764 milhões aos resultados do Novo Banco, sendo responsável por 78% dos prejuízos de 2015. 

As práticas que existiam no BES vão continuar a penalizar as contas da instituição ainda este ano, como admitiu Stock da Cunha. No entanto, o banqueiro recusou divulgar qual o impacto esperado da herança do banco "mau" nos resultados do Novo Banco em 2016.

De acordo com os cálculos do Banco de Portugal, que serviram de base à decisão de reenviar para BES 2.000 milhões de dívida sénior, o legado desta instituição deverá custar 2.000 milhões ao Novo Banco, desde a sua criação atá ao final deste ano.

É precisamente para reduzir o impacto do BES, que o banco de transição abandonou aquelas práticas. Uma decisão que não será alheia aos compromissos assumidos perante Bruxelas no âmbito do plano de reestruturação que, nas próximas semanas, levará a implementação de um programa de redução do número) de trabalhadores, tendo em vista o corte de custos.

A actuação no campo dos gastos foi, primeiro, na parte administrativa. "Pensávamos que era aí que tínhamos de começar por actuar. Agora, vamos ter de olhar para toda a realidade", ou seja, para os custos com pessoal, indicou Stock da Cunha. Ao longo de 2015, saíram 411 funcionários do banco. "Já em Janeiro e Fevereiro [de 2016], estivemos a acordar a saída de trabalhadores", revelou o banqueiro, deixando um alerta: "Quanto mais fizermos agora, menos temos de fazer depois." Nas próximas semanas, o plano oficial de redução de colaboradores será comunicado "aos sindicatos e às autoridades competentes". 

O esforço de contenção de custos - no ano passado, os gastos operacionais totalizaram 754,7 milhões - e a preservação do negócio (o produto bancário ascendeu a 879,6 milhões) permitiram um resultado operacional positivo de 125 milhões, que a gestão pretende que supere os 230 milhões em 2016. Outra das metas é o aumento dos depósitos em 6%, no retalho. Além disso, apesar dos prejuízos previstos para este ano, o Novo Banco espera chegar ao final do exercício com um nível de solidez superior a 12%. Já o regresso aos lucros está previsto apenas para 2018. 

Fonte: Negócios

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.