26 fevereiro 2016

Apartamentos reabilitados na zona histórica são 18% a 38% mais caros


Os apartamentos integrados em projetos de reabilitação urbana na zona da Baixa/Chiado e Avenida da Liberdades apresentam um valor médio de oferta de 6.089 euros/m2. Trata-se do valor mais elevado para este tipo de produtos em Lisboa e está entre 18% e 38% acima dos valores médios de oferta apresentados noutras zonas da cidade para o mesmo tipo de produto.


Esta é uma das principais conclusões do estudo "Reabilitação Urbana para Uso Residencial em Lisboa", produzido pela Prime Yield em parceria com a SRS Advogados, apresentado ontem em Lisboa. 

O documento debruça-se sobre a oferta habitacional resultante de projetos de reabilitação urbana na capital, integrando ainda uma componente jurídica com o enquadramento legal de relevo para o desenvolvimento da atividade de reabilitação urbana. 

De acordo com o estudo, a zona histórica da cidade - que compreende as áreas da Baixa, do Chiado e da Avenida da Liberdade - é a mais dinâmica na reabilitação para uso residencial, concentrando 67% dos apartamentos atalmente em desenvolvimento em projetos de reabilitação. Esta é também a zona mas cara, com um "asking price" médio - isto é, o valor médio de oferta - de 6.089 euros/m2, que apresenta um prémio de 18% face à zona das Avenidas Novas. 

Esta última, com um valor médio de oferta de 5.174 euros/m2, é a segunda mais cara para este tipo de apartamento e concentra 14% da oferta em desenvolvimento na cidade. Já a zona de Arroios/São Vicente/Penha de França é destino de 11% do volume da oferta habitacional. Integrada em reabilitação urbana, apresentando um valor médio de oferta de 4.507 euros/m2, um patamar 35% abaixo da zona com o valor médio mais elevado. 

Com um valor médio semelhante (4.414 euros/m2) e 8% da oferta a zona da Estrela/Campo de Ourique é a que apresenta um maior diferencial de preços de oferta (nomeadamente de 38%) face à zona histórica, apura o estudo. 

Em termos de caracterização da oferta, o estudo revela que são as tipologias T2 e T3 as mais comuns nos projetos de reabilitação urbana para uso residencial, destacando ainda que a maioria dos projetos se dirige aos segmentos medio-alto e alto. 

Apoios à reabilitação 

O estudo debruça-se também sobre os programas de apoio à reabilitação urbana, especialmente vocacionada para o arrendamento. Consciente que a reabilitação para habitação não pode nem deve ser uma aposta exclusiva para as gamas mais altas do mercado, o Estado abriu o seu programa de financiamento "Reabilitar para Arrendar" aos investidores privados, numa tentativa de os atrair para dinamizar a oferta disponível de fogos com rendas condicionadas. Dotado de uma linha de crédito no valor de 50 milhões de euros, no espaço de pouco mais de um mês e meio após o seu lançamento (a 9 de julho) esta medida de apoio que visa a recuperação de imóveis degradados e a sua colocação no mercado de arrendamento já tinha recebido 411 candidaturas para a reabilitação de 1.155 fogos, revelou o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU). 

Outro mecanismo que se espera possa ter impacto no reforço do investimento em reabilitação urbana é o IFRRU 2020 (Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas). Trata-se de um instrumento, que conjuga verbas do Portugal 2020 com comparticipação pública e investimento do Banco Europeu de Investimento. Os fundos deste instrumento deverão estar disponíveis para executar já no 2° semestre deste ano, embora não sejam ainda conhecidas condições concretas de taxas de juro e maturidade dos empréstimos, pois o concurso público para selecionar as entidades financeiras parceiras ainda não está em curso. Uma das novidades do IFRRU é que alarga os benefícios no financiamento à reabilitação de prédios de habitação. De recordar que os instrumentos financeiros para a reabilitação urbana e eficiência energética foram aprovados em julho de 2015, agregando apoios de 600 milhões de euros que, associados às verbas privadas, podem representar um volume de financiamento de 3.000 milhões de euros até 2020. Tratando-se de uma linha de capital reembolsável, esta iniciativa assegura empréstimos aos proprietários a uma taxa de juro fixa mais baixa que a do mercado (2,9%), mas, em contrapartida, os proprietários ficam obrigados a colocar os seus imóveis no mercado de arrendamento com rendas condicionadas.

Lisboa assumiu reabilitação como prioridade 
Lisboa assume-se hoje como um dos destinos preferenciais dos investidores que decidem apostar na reabilitação urbana para o mercado residencial. E a verdade é que, hoje em dia, é a reabilitação urbana que domina a atividade de construção na capital portuguesa. A reabilitação foi mesmo assumida como a grande prioridade em termos de política municipal, com a autarquia a investir na reabilitação dos espaços públicos e na criação de condições para atrair um maior número de investidores privados para a reabilitação do edificado propriamente dito. De acordo com a Câmara Municipal de Lisboa, entre 2013 e setembro de 2015 foram realizadas seis hastas públicas para alienação de 108 prédios detidos pela autarquia (foram vendidos 103) ao abrigo deste programa de estímulo ao investimento privado. E, nesse prazo, foram ainda celebrados 63 contratos de compra e venda e deferidos mais de 70% dos pedidos de licenciamento submetidos pelos adquirentes. Em termos de investimento privado, de acordo com a autarquia Lisboeta, nos últimos cinco anos foram investidos 600 milhões de euros em reabilitação urbana. Reabilitar para uso habitacional ou para alojamento turístico tem sido os principais motivadores do investimento privado em reabilitação urbana em Lisboa.

Fonte: Vida Económica

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