12 março 2016

Escassez de escritórios cria oportunidade para renovar espaços vazios e obsoletos


Real Estate, IMOnews Portugal
Não estarei a ser demasiado optimista se afirmar que o mercado de escritórios está em alta, tendo em conta que tivemos dois anos consecutivos de um crescimento muito significativo. Em 2014 registou-se um crescimento de 63% porque partimos de uma base muito baixa e em 2015 ficámos perto dos 145 mil m2 de absorção, um aumento de 14% face ao ano anterior. Outro bom indicador é que a área média arrendada em cada operação tem vindo também a aumentar.


Os anos mais difíceis já lá vão, mas a atividade de promoção especulativa não tem acompanhado a evolução do mercado. Com o crescimento da procura e a ocupação da maior parte da oferta de escritórios com qualidade, o mercado começa a "adaptar-se" e a entrar num período de viragem. Esta escassez de oferta de qualidade, está a fazer com que os imóveis considerados de segunda ou terceira linha e que antes nem sequer eram ponderados pelas empresas que procuram condições básicas, comecem agora a ser analisados como uma alternativa. 

Isto não quer dizer que as empresas tenham abdicado de ter espaços com boas condições técnicas, bem localizados e com boa imagem. Significa apenas que perante a necessidade de encontrarem um novo escritório, não lhes resta outra hipótese que não seja começar a estudar opções que antes não eram tidas em conta.

Enquanto a oferta nova não chega ao mercado, este é o momento certo para os proprietários reposicionarem este tipo de produtos. É claro que o primeiro pensamento é o custo da adaptação necessária para que o imóvel se torne comercialmente apetecível. Desde há muitos anos que a tendência dos proprietários é a de manter a estrutura deixada pelos antigos inquilinos, de modo a que esta seja aproveitada pelos novos ocupantes. Para quem lida diariamente com empresas que procuram escritórios, está já claramente demonstrado que esta estratégia não ajuda a comercializar os espaços e tem, aliás, o efeito contrário pois na maior parte dos casos, os espaços encontram-se obsoletos. 

Escritórios com divisórias, tetos falsos antigos e ausência de pavimento técnico, por exemplo, não cativam os potenciais ocupantes. As empresas querem que o escritório que ocupam seja o espelho da sua identidade, da sua cultura, dos seus valores e do seu posicionamento. Por isso mesmo, querem ter um layout desenhado à medida das suas necessidades e dos requisitos da sua área de actividade, além de terem preocupações crescentes com a imagem, o conforto e produtividade dos colaboradores. 

Melhorar e modernizar estes espaços não pode ser, portanto, encarado como um custo. Deve ser visto como um investimento, pois irão ficar melhor posicionados no mercado e, certamente, serão arrendados ou vendidos muito mais rapidamente. Existem mais de 500 mil m2 de escritórios vazios no mercado de Lisboa, muitos deles obsoletos, e só assim será possível começar a ocupar grande parte desta área.

Por Tiago Trezentos, Associate Diretor e Consultor Senior de Agência de Escritórios da JLL

Fonte: OJE

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