11 abril 2016

A reabilitação urbana em Lisboa pode ser uma prioridade consequente


António Prôa, vereador da Câmara de Lisboa, considera que se há tema que parece reunir consenso entre os protagonistas políticos é a reabilitação urbana nas cidades...
Se há tema que parece reunir consenso entre os protagonistas políticos é a reabilitação urbana nas cidades e a sua premência como fator de sustentabilidade e de competitividade. A par com o discurso sobre o mar no plano nacional, talvez este tema seja dos mais referidos no contexto das prioridades políticas para os centros urbanos.

O anterior Governo promoveu um vasto pacote de reformas no sentido de promover a reabilitação urbana, quer do ponto de vista da simplificação legislativa, quer do ponto de vista das exigências técnicas, quer até do ponto de vista dos incentivos financeiros e fiscais. O impacto das medidas tomadas então não têm, em regra, impacto imediato pois afetam processos cujo ciclo é relativamente longo. No entanto, é possível observar sinais inequívocos de desenvolvimento do setor da reabilitação urbana.

O atual Governo confirmou o empenho no incentivo às políticas de reabilitação urbana, beneficiando até do facto de ter como primeiro-ministro o anterior presidente da Câmara de Lisboa – cidade para a qual a reabilitação urbana é vital. Em Lisboa, nos últimos anos, tem sido anunciada a prioridade da reabilitação urbana. Em 2009, a Câmara Municipal definiu um programa de investimentos em reabilitação urbana (PIPARU) suportado num empréstimo de montante superior a 100 milhões de euros que sofreu vários atrasos e que ainda não foi concluído. No entanto, o setor privado, muito baseado no desenvolvimento de novas unidades hoteleiras ou de alojamento com fins turísticos, tem vindo a investir na reabilitação urbana na cidade de Lisboa.

Em Lisboa, o desenvolvimento da reabilitação urbana nas suas várias dimensões ganha particular relevância quando se assiste à contínua perda de população, desertificação do centro histórico e degradação do espaço público e de equipamentos de uso coletivo.

Numa cidade como Lisboa não é admissível observar o centro histórico a degradar-se sem que a Câmara tome nenhuma iniciativa consequente. Na Baixa é fácil observar edifícios devolutos e em muito mau estado de conservação. A Baixa de Lisboa é o coração da cidade, a sua imagem. O município tem instrumentos, embora excecionais, que devem ser utilizados em situações também excecionais para evitar o estado de degradação verificado numa zona tão importante da cidade.

Outra área em que se verifica uma degradação acentuada do património é nos bairros sociais. Nestas zonas encontram-se muitos fogos devolutos e degradados e um espaço público tantas vezes mal mantido. Também aqui se verifica uma ausência de atuação efetiva da Câmara Municipal no sentido de recuperar o edificado.

Os municípios dispõem de instrumentos legais para garantirem o bom estado de conservação do edificado. Lisboa dispõe, além do mais, de recursos financeiros para alocar a processos de reabilitação em situações excecionais, inclusivamente substituindo os particulares. O que falta em Lisboa é determinação para intervir em situações de degradação urbana que não deviam ser toleradas.

Fonte: OJE

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