09 maio 2016

Escritórios: Parque das Nações quase ao preço do Marquês de Pombal


Cada vez há mais empresas estrangeiras a instalarem serviços em Lisboa. Os preços das rendas dos escritórios mais bem localizados no Parque das Nações estão cada vez mais próximos dos que se praticam no centro de Lisboa, na zona do Marquês de Pombal. Dados apurados pela consultora Worx, indicam que no acumulado de 2015 as rendas médias nas melhores localizações do Marquês de Pombal ficaram nos €18,5/metro quadrado/mês. Na zona do Parque das Nações, por seu lado, os valores médios fecharam o ano nos €16,5/m2/mês.


Pedro Salema Garção, diretor comercial da Worx, nota que não só aquela zona tem vindo a valorizar-se no conjunto do mercado da Grande Lisboa — no segmento dos espaços para escritórios — como está agora perante uma situação de falta de oferta. “Não há escritórios disponíveis, em grandes áreas, para fazer face à procura existente”.

Bolha à vista?

Perante isto, a pergunta que se impõe é: 'Vem aí uma bolha especulativa?'. Pedro Salema diz que vai haver de certeza um aumento de preços, mas "vai ser um disparo gradual". Além disso, pode ser de alguma forma atenuado por pequenos aumentos, tanto de procura como de preços, noutras zonas da capital, em especial na área que fica entre as Torres de Lisboa e a Avenida José Malhoa. Os espaços ainda disponíveis na zona do Marquês de Pombal debatem-se com urna particularidade que pode ser um senão no momento de negociar: são prédios antigos e com pé-direito não muito adequado às exigências dos atuais ocupantes de escritórios. Mas têm a favor o facto de estarem situados no centro, "e isso tem muito valor", sublinha o analista da Worx.

Para além de estar a mexer com os preços, o aumento da procura perante a escassez de oferta em Lisboa está já a ter reflexos nos chamados períodos de carência de renda. Ou seja, enquanto há dois anos, perante o fecho de um contrato o ocupante do espaço podia estar até três meses (iniciais) sem pagar renda, atualmente a 'borla' do proprietário não vai além de 30 dias.

"Há uma enorme procura de escritórios em Lisboa, por parte de empresas estrangeiras. A capital portuguesa é um excelente sítio para se trabalhar, seguro e acolhedor". Pedro Salema explica que há cada vez mais multinacionais a instalarem os seus centros de atendimento (call centres) e serviços de suporte aos seus negócios (business process outsourcing).

Segundo o último estudo sectorial da Worx, em 2015 foram ocupados 144.513 metros quadrados de escritórios na zona da Grande Lisboa, representando "uma subida de aproximadamente 14% face a 2014, o valor mais alto dos últimos 7 anos".

O mesmo documento refere ainda que "a quebra que se tem vindo a registar no stock de oferta (de espaços novos) é um dos fatores mais relevantes para a queda da taxa de desocupação" que atualmente se regista na capital.

Metade dos escritórios novos já têm inquilino

Para 2016 são esperados 22.000 novos metros quadrados de área para escritórios, sendo que deste total "mais de 50% já se encontra com contratos de pré-arrendamento, não ficando por isso disponíveis para comercializar", sublinha o estudo da Worx.

Há um dado curioso no conjunto das informações recolhidas pela Worx junto do mercado de escritórios. É que 55% dos espaços ocupados em 2015 dizem respeito a mudança de instalações por parte das empresas. Mas mais surpreendente ainda é que 38% da ocupação de novas áreas teve a ver com a necessidade que as empresas tiveram de aumentar as suas instalações. Ou seja, foi uma resposta ao aumento da atividade económica.

Se há alguns anos muitas empresas deixaram o centro de Lisboa para se deslocarem para o eixo de parques de escritórios que foi surgindo ao longo da autoestrada Lisboa-Cascais, agora assiste-se a um movimento inverso. Segundo Pedro Salema, quer devido às quebras de preços em algumas áreas da capital nos anos da crise (2010 - 2014), quer pelo facto de muitas empresas entretanto terem ganho dimensão e até atingido a internacionalização, a mudança para a cidade está em curso. 

Fonte: Expresso

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