25 agosto 2016

Banca concede €19,6 milhões por dia para compra de casa


O crédito à habitação voltou aos níveis do pré-crise. Deco alerta para o endividamento. Os bancos emprestaram uma média de €19,6 milhões por dia para a compra de habitação durante o mês de junho. Números divulgados, pelo Banco de Portugal (BdP) mostram que os €587 milhões acumulados ao longo do mês representam o valor mais elevado desde março de 2011.


Com um passado recente feito de histórias dramáticas de quem tudo perdeu por incapacidade de cumprir com as suas prestações bancárias, os portugueses não parecem recear a repetição da história. 

Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Apoio ao Sobre-Endividado, recebeu nos primeiros seis meses deste ano 17.300 famílias atoladas em dívidas. Destas apenas 1235, pouco mais de 7% do total, estão a conseguir negociar os seus créditos junto dos bancos e de outras entidades credoras. As restantes estão submersas em complicados processos de desemprego de longa duração e em graves incapacidades financeiras, pelo que dificilmente conseguirão evitar processos drásticos de execução da dívida. 

"Depois de tudo o que aconteceu durante a crise, tínhamos a expectativa de que as pessoas ficariam mais responsáveis e mais cautelosas, mas isso não está a acontecer", lamenta Natália Nunes. Acrescentando que "a banca, apesar de assumir uma postura um pouco mais restritiva ao conceder 80 a 85% do valor da casa (em vez dos 100% ou mais que costumava financiar) já está a entrar na guerra dos spreads e da publicidade agressiva de outros tempos". 

Taxa de esforço de 35%

Lembrando que os atuais mínimos históricos das taxas Euribor não irão durar para sempre, a responsável alerta ainda para a arriscada sensação de segurança provocada por uma retoma económica ainda pouco consolidada. "Temos de ser realistas: é verdade que a taxa, de desemprego está a diminuir mas quem está a regressar ao mercado de trabalho está a fazê-lo de uma forma precária. E a verdade é que não há alterações significativas no rendimento disponível das famílias."

Não cair no abismo financeiro implica seguir algumas regras básicas e a principal de todas assenta na taxa de esforço, a fatia que deve estar alocada a todos os créditos a que o agregado familiar está preso, não só o da habitação, e que não deve exceder os 35%. "Uma família que tenha um rendimento de €1.000, por exemplo, não deve ter um somatório de créditos superior a €350", contextualiza Natália Nunes. Um percentual bem longe do apresentado pelas famílias que procuraram ajuda na Deco nos primeiros seis meses deste ano. Com um rendimento médio a rondar os €1.070, a taxa de esforço média das pessoas que solicitaram a intervenção do GAS atingiu os 67%, praticamente o dobro do ideal.

À medida que cresce o financiamento para a compra de casa, aumenta também o malparado no crédito à habitação. Segundo o BdP, o incumprimento das famílias no pagamento da prestação da casa subiu €70 milhões num mês, para um total de mais de €2.600 milhões de crédito malparado. O valor mais alto desde novembro de 2014.

Fonte: Expresso

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