06 novembro 2016

Comissões do crédito à habitação chegam a subir 40%


As comissões têm sido a arma utilizada pelos bancos nacionais para compensarem os valores negativos da Euribor. Todas as despesas iniciais do financiamento custam mais do que há um ano. E os encargos regulares também. A Euribor a seis meses assumiu valores negativos pela primeira vez a 6 de Novembro de 2015. Um ano depois, o indexante de mais de metade dos créditos à habitação em Portugal continua abaixo de zero. Confrontados com juros negativos, os bancos têm procurado alternativas de rentabilidade.


Para isso, têm aproveitado para aumentar as comissões relacionadas com o financiamento, tanto as iniciais como as frequentes. Algumas despesas chegaram a ser agravadas em 40%.


-0,002%. Este foi o valor atingido pela Euribor a seis meses de Novembro do ano passado. E esta taxa interbancária continua a apresentar valores negativos, tendo atingido a 27 de Outubro o valor mais baixo de sempre, nos -0,213%. Esta evolução é relevante para 792 mil famílias, pois este é o número de créditos que têm a Euribor a seis meses como referência. Trata-se de 52,8% do total de empréstimos, segundo dados do Banco de Portugal.

Nestas situações, as instituições devem descontar a média mensal do indexante ao valor do "spread", que reduz a rentabilidade que conseguem com estes créditos. São, assim, obrigadas a procurar outras fontes de receitas. Comparando os preçários actuais com os de Novembro de 2015, é notório o agravamento das despesas iniciais, como são a comissão de dossiê, a de avaliação e a de formalização e escritura. 

"Num ambiente de taxas de juro muito baixas ou mesmo negativas, a rentabilidade dos bancos ressente-se, pelo que é uma estratégia normal o recurso a comissões ou a descida da remuneração dos depósitos de clientes", explica Paula Carvalho. E. "dada a expectativa de manutenção das taxas de juro em valores muito baixos por um período prolongado de tempo, é possível que a tendência continue, ainda que esteja sujeita aos valores praticados pela concorrência", acrescenta a economista-chefe do BPI.

Entre os 11 principais bancos a operar no mercado nacional, cinco avançaram com aumentos das despesas. O Deutsche Bank foi a instituição que anunciou os maiores agravamentos, ao longo do último ano. A comissão de avaliação é agora de 260 euros, mais 38,9% do que em Novembro de 2015. E, se há um ano não cobrava comissão de processamento de prestação, agora cobra 2,08 euros. 

Esta Comissão é agora de 1,94 euros mensais, em média. Mais 6,4% do que há um ano. O Santander Totta avançou com um aumento de 16% e continua a ter o encargo mais elevado do mercado. Mas foi a comissão de avaliação que mais subiu. Passou a ser de 225,04 euros, em média, mais 6,5% do que em Novembro de 2015.

Com esta estratégia, além de compensarem os indexantes negativos, os bancos conseguem "uma aparente agressividade comercial através do 'spread'", defende Filipe Garcia. Para o economista da IMF "é comercialmente mais eficiente baixar o 'spread' e, simultâneamente, subir as comissões". Sete em dez bancos (o Deutsche Bank deixou de ter crédito a taxa variável) reduziram a margem mínima no último ano. A taxa de juro média é agora de 1,67%, abaixo dos 1,95% de Novembro de 2015.

Fonte: Negócios

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