28 fevereiro 2017

Mercado imobiliário deverá crescer 30% em 2017


À boleia do bom ano esperado para o turismo, também o imobiliário deverá crescer em 2017, estima a APEMIP. O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima, antecipa um crescimento de 30% no mercado imobiliário para 2017, à boleia de um bom ano no turismo.


“Prevejo [um crescimento de] 30%. Se o Estado não fizer asneiras, se deixar o mercado funcionar, vamos crescer, porque Portugal está com um potencial enorme. Vai ser um bom ano para o turismo, pelo que vai ser bom para nós”, indicou Luís Lima, reeleito dirigente da APEMIP, recordando que o turista em Portugal “gosta de se fidelizar e adquire imobiliário”.

“O imobiliário ajuda o turismo porque mantém o turista mais tempo”, defendeu, em entrevista à Lusa.

Com o setor em alta, o responsável admitiu a abertura de novas imobiliárias e espera que o setor cresça sobretudo com empresas licenciadas.

“À medida que há recuperação económica, um grupo de empresas pequeninas cresce muito facilmente, quando há uma crise económica também desaparecem muito facilmente”, disse Luís Lima, antecipando que algumas ruas no Algarve se voltem a encher de mediadores.

Acerca do alojamento local, Luís Lima considera que ajudou à reabilitação das cidades e, se houve casas a migrarem para os arrendamentos de curta duração, é porque “não houve trabalho de casa na criação de incentivos fiscais para tornar o arrendamento tradicional mais compensador”.

Vistos “gold” devem ser agilizados

Por outro lado, Luís Lima alerta o Governo para a necessidade de se agilizarem os processos de vistos “gold”, sob o risco do país ficar sem investimento, sobretudo chinês.

“Espero que no espaço de um mês o Governo português tome uma decisão sobre esta questão, porque precisamos deste investimento como de pão para a boca até porque o investimento chinês atinge proporções mais elevadas”, afirmou o dirigente da APEMIP.

O “Governo tem de exigir responsabilidades” sobre processos que não avançam, defendeu o dirigente em entrevista à agência Lusa, referindo que desde o “célebre escândalo, muita gente foge” por recear más interpretações. 

O processo dos vistos “gold”, cujo julgamento, em que é arguido o ex-ministro da Administração Interna Miguel Macedo, arranca a 13 de fevereiro, depois de ter estado inicialmente marcado para 10 de janeiro.

Esta investigação está relacionada com a aquisição de vistos por cidadãos estrangeiros interessados em investir e residir em Portugal, estando em causa indícios de corrupção ativa e passiva, recebimento indevido de vantagem, prevaricação, peculato de uso, abuso de poder e tráfico de influência.

“Já não chegam só palavras, o Governo tem de agir”, disse o líder da APEMIP, resumindo ser “essencial e imprescindível recuperar os investidores chineses”. 

Luís Lima recordou que em setembro chamou atenção para a questão da diminuição das autorizações de residência para a atividade de investimento (ARI) a cidadãos chineses e considerou que a situação “não foi mais terrível”, porque foi atenuada por investimento brasileiro e francês.

“Os maiores investidores mundiais em imobiliário são chineses”, notou Luís Lima, que admite deixar a China de fora das suas deslocações profissionais por achar que “pode não ter condições para vender o país”.

Evoluir para uma câmara de mediadores

O presidente da APEMIP considerou, ainda, que os mediadores imobiliários têm que constituir uma câmara ou uma ordem “sem deixar ninguém de fora”, e defendeu que, numa fase inicial, “a associação evolua para câmara, em que deixa ser certificada a empresa para ser a pessoa”.

“Nunca faremos nada sem que o Estado esteja de acordo. Estamos na disposição de negociar com o Governo uma transposição lenta do que for possível”, precisou Luís Lima, sublinhando que nesta aposta na autorregulação “não se vai expulsar” nenhum trabalhador.

“Os que estão, estão, os que virão, virão com outras condições”, resumiu Luís Lima, garantindo que a “sociedade está exigir” alterações neste setor.

Assim, defendeu, os atuais mediadores terão mais formação e os que entrarem terão obrigatoriamente que ser licenciados e receber formação, “pela câmara ou ordem” para serem vistos como, nos Estados Unidos, como uma “profissão prestigiada”. 

Luís Lima manifestou-se contra um documento “em preparação no Banco de Portugal, no qual o setor financeiro quer vedar aos mediadores as comissões no caso de haver um financiamento bancário”.

“Fomos incentivados a não só receber a comissão por mostrar a casa, mas também a dar aconselhamento no crédito ou na questão da parte fiscal e neste momento está em estudo um projeto no Banco de Portugal em que querem vedar ao mediador receber comissões”, criticou.

Fonte: Dinheiro Vivo

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