08 fevereiro 2017

Operadores antecipam regresso da promoção


Este ano deverá continuar a ser positivo para o mercado imobiliário. Agentes do mercado acreditam que a promoção imobiliária estará de volta em 2017. O nosso país pode continuar a ser um “porto seguro” num mundo que atravessa um momento especialmente instável. Francisco Horta e Costa, diretor geral da CBRE, apresentou esta perspetiva otimista do mercado durante a apresentação do novo relatório da CBRE “Tendências do Mercado Imobiliário”.


Para o responsável, “apesar de algum alarme” com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, “o cenário é otimista para o imobiliário, mantenha-se tudo o mais estável possível”.

Por um lado, a consultora prevê que o investimento na reabilitação urbana para habitação na perspetiva de rendimento poderá abrandar um pouco, devido à falta do tipo de produto que tem vindo a ser colocado no mercado (abrangendo localizações prime e segmento premium), pois grande parte da oferta em determinadas zonas do centro das cidades já foi transacionada. Mas é esperada nova construção este ano, também em Lisboa, onde escasseia oferta sobretudo para o segmento médio e para o público português, nomeadamente primeira habitação.

Na área residencial é esperado um aumento do número de transações (de compra e venda), a chegar às 150 mil, pelas contas da consultora. Assim, os projetos de construção nova, vocacionada para primeira habitação e não para rendimento, deverão arrancar este ano. Segundo a CBRE, começa a haver algum financiamento para promoção, ou mesmo alternativas à banca, como seguradoras.

Turismo tem impacto transversal

Quer seja no mercado habitacional, no retalho, no investimento ou na reabilitação urbana (além da própria hotelaria), o denominador comum parece ser o turismo, que tem dado um forte ânimo a estes segmentos do mercado.

Por um lado, segundo o departamento de Research da CBRE, transitam para 2017 um total de 900 milhões de euros em transações de investimento comercial, a concluir, ao que tudo indica, no primeiro trimestre deste ano. A consultora afirma estar envolvida num volume de negócios de cerca de 400 milhões de euros, entre “um grande portfólio de escritórios, retail parks ou centros comerciais”.

É esperado um crescimento das rendas no comércio de rua nas localizações prime e adjacentes e mesmo nos centros comerciais que, apesar de fazerem parte de um mercado bastante maduro, “não estão parados” e apostam na diversificação, ampliações ou reconversão de espaços e integração de novo mix comercial. Por seu turno, na hotelaria, a boa performance do turismo já bem conhecida tem ajudado os hoteleiros a melhorar as suas rentabilidades, e agora espera-se a entrada de vá- rias novas marcas no país, que têm exercido grande pressão na oferta disponível, entre os quais a W, que vai abrir hotel no Algarve, uma nova marca do portfólio da SOCIMI espanhola Merlin, no Parque das Nações, ou mesmo a Hilton ou a InterContinental, que procuram oportunidade para abrir unidades no nosso país.

Subida das taxas de juro

Também presente no evento, o diretor do semanário Expresso, Pedro Santos Guerreiro, traçou o contexto económico português presente e o que poderá acontecer nos próximos meses. Segundo o mesmo, “todos os fatores apontam para uma pressão de subida das taxas de juro”, o que poderá acontecer “provavelmente em 2018 ou ainda em 2017”, e que terá impacto no imobiliário, “muito sensível” a esta questão.

Para o analista, “o que fazemos aqui dentro é necessário mas não é suficiente para garantir estabilidade e financiamento, pois estamos dependentes de muito do que acontece a nível global”, e “a possibilidade de Donald Trump nos causar danos é gigante”, notou, o que se soma a uma europa com eleições já este ano, e com um Brexit em processo, por exemplo. A nível da perceção exterior do país, avançou que “as agências de rating querem saber de dois fatores essenciais, que são a solidez dos bancos e do Governo”, rematou. 

Fonte: Público Imobiliário

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