04 fevereiro 2017

Património dos bancos anima mercado imobiliário


Novo Banco vende carteira de imóveis, Santander tem nova sede e BCP centraliza serviços. As intensas movimentações que tomaram conta do mercado imobiliário em Lisboa e no Porto estão a chegar à banca e ao seu património institucional. Centralização de serviços em edifícios próprios, aposta em novas sedes ou venda das antigas jóias da coroa fazem parte do cenário atual do sector.


Um dos exemplos vem do Novo Banco. O emblemático edifício onde está situada a galeria de arte do antigo BES, no Marquês do Pombal, está à venda. Situado do lado esquerdo da rotunda do Marquês do Pombal, quem sobe a Avenida da Liberdade, o imóvel está à venda por cerca de 50 milhões de euros, sabe o Expresso. O edifício faz parte de um portefólio de 60 ativos do Novo Banco que estão no mercado, à espera de encontrar um comprador, desde há sete meses. Contactada, fonte oficial do Novo Banco preferiu não comentar.

A venda está a ser feita pela GNB - Gestão de Ativos, empresa do Novo Banco que na altura em que o BES era controlado pelo Grupo Espírito Santo se chamava ESAF. Ao que o Expresso apurou, os 60 edifícios estão situados de norte a sul do país e estão à venda por um valor acumulado que ronda os €180 milhões. Montante que mostra bem o peso que o edifício do Marquês de Pombal tem no portefólio de imobiliário.

A venda iniciou-se no ano passado e, suscitou a atenção de vários interessados, tendo a GNB chegado já à final de negociações com um fundo americano. O processo só não fechou ainda por entraves jurídicos provocados por alguns inquilinos que querem exercer o direito de preferência em alguns imóveis. 

No Santander, a opção não é a venda mas o investimento. Na próxima semana será inaugurado o novo edifício Centro Santander Totta - onde já se encontram a trabalhar perto de 900 pessoas -, junto à mesquita de Lisboa e à torre do banco, construída há cerca de 13 anos e onde se encontram outros 1.300 trabalhadores.

O projeto do arquiteto Frederico Valsassina, com 9.500 metros quadrados, implicou um investimento de €27 milhões e dois anos de obras. Agora, será a sede operacional do banco, apesar de a sede institucional se manter no edifício da Rua do Ouro, na Baixa de Lisboa. Um imóvel que o Santander Totta vai manter para eventos e questões protocolares.

Para manter é também o imóvel na Rua Augusta, na Baixa de Lisboa, que foi objeto de recuperação. Contudo, outro edifício do banco em Lisboa, na Avenida Miguel Bombarda, de onde foram transferidos trabalhadores para o novo espaço junto à Praça de Espanha, ficará liberto e será vendido.

Com três blocos semienterrados em redor da torre já existente e todos interligados, o editicio Centro Santander Totta privilegia a luz natural, aproveitando o desnivelamento do terreno. Com dois auditórios, sociais e ginásio, aposta numa nova forma de organização do espaço de trabalho, muito mais informal. 

A Baixa é para eventos

No universo Millennium BCP, a aposta é na concentração de serviços. Os trabalhadores dos serviços centrais da instituição estão maioritariamente no Tagus Park. no concelho de Oeiras, em 12 edifícios. Aqui trabalham 2.400 funcionários.

Já no Porto, onde continua a funcionar a sede social do banco, 750 pessoas distribuem-se pelos edifícios D. João I e Gonçalo Sampaio.

Também o BCP tem dois edifícios emblemáticos localizados na Baixa lisboeta, zona que está sob grande pressão imobiliária. O frenesim provocado pelo turismo tem gerado uma movimentação significativa em toda a envolvente com a abertura de vários hotéis e novos estabelecimentos comerciais. O Terminal de Cruzeiros que está a ser construído em Santa Apolónia promete duplicar número de pessoas que entram na capital pela via marítima. O tráfego atual de cruzeiros na capital é de 550 mil passageiros, mas os responsáveis do Porto de Lisboa preveem que o número de pessoas possa duplicar nos próximos 10 anos.

Factos que estão a sobrevalorizar os imóveis da zona. Millennium BCP tem um edifício próximo do arco da Rua Augusta onde está centralizada a operação de private banking do grupo e ainda uma parte reservada a apoio da administração. O outro edifício está situado na Rua do Ouro e acolhe a Fundação Millennium BCP e vários eventos. "No passado houve vários potenciais interessados, mas de momento não está nos planos do banco vender este edifício (nem o edifício sede na Rua Augusta)", assegura fonte oficial da instituição.

No Porto, também o Banco Carregosa está a reforçar o seu património imobiliário, continuando a apostar na zona da Boavista. Na Rua de Guerra Junqueiro, a poucos metros da sua sede, na Av. da Boavista, o banco liderado por Maria Cândida Rocha e Silva escolheu um imóvel que já recebeu, no passado, uma garagem, com bomba de gasolina, e foi, depois, uma loja de móveis.

37 anos depois, sede do antigo BES abre balcões na Avenida da Liberdade

Foram quase quatro décadas de costas voltadas para a Avenida da Liberdade, a principal artéria de Lisboa e do país. Agora vai mudar. O edifício sede do Novo Banco, antigo BES, está em obras e vai abrir muito em breve um balcão virado para a Avenida da Liberdade, com um visual que permitirá dar-lhe grande visibilidade. Uma novidade, já que o balcão esteve sempre situado na Rua Barata Salgueiro, numa zona pouco visível, junto à garagem por onde costumava entrar a administração do BES e Ricardo Salgado, o ex-presidente do banco. A decisão foi de António Ramalho, o atual presidente do Novo Banco, e foi tomada no âmbito da racionalização e otimização dos espaços do banco, com a concentração de serviços administrativos na Avenida da Liberdade. As obras no edifício sede, situado na esquina da Avenida da Liberdade com a Barata Salgueiro, representam um investimento de cerca de 350 mil euros, segundo confirmou fonte oficial do banco. A abertura do balcão na Avenida da Liberdade permitirá ao Novo Banco abandonar o que hoje está no edifício do Marquês do Pombal, atualmente à venda. Não se encontra uma explicação para o facto de o BES nunca ter tido um balcão virado para a Avenida da Liberdade. O edifício foi, recorde-se, inaugurado em 1980 pelo então presidente do Banco Espírito Santo Comercial de Lisboa (BESCL), Francisco Veloso. O Novo Banco tem estado a concentrar na sede e nas instalações do Tagus Park, em Oeiras, alguns serviços que durante anos estiveram dispersos por outros edifícios. As obras que estão a ser feitas na sede do antigo BES permitirão aumentar entre 15% a 20% o espaço de trabalho disponível. Estas alterações permitirão também libertar o edifício da Avenida Álvares Cabral. A.C. 

Fonte: Expresso

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