Mais de metade das mediadoras a operar em Portugal nasceram nos últimos dois anos. Só no ano passado o número de empresas aumentou 30%. Quem o viu e quem o vê. O imobiliário está de novo em alta e a promessa de bons negócios faz surgir cada vez mais operadores. Só no ano passado foram licenciadas 1385 novas mediadoras, mais 30% do que um ano antes. São quase quatro imobiliárias que nascem por dia.
"Em dois anos registámos um crescimento nas vendas próximo dos 50%. E este aumento do negócio está a fomentar o nascimento de novas empresas. Quem diria há uns anos que isto aconteceria, parece impossível, nós sempre a falarmos de crise, de crise, e agora isto", confidencia Luís Lima, presidente da APEMIP, Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal.
Ainda se lembra bem dos anos da troika que afundaram centenas de construtoras e deixaram na falência a maioria dos promotores imobiliários. Basta recuar a 2014 para ver que a crise destruía tantas empresas por dia como as que agora pedem legalização ao IMPIC (Instituto dos Mercados Públicos do Imobiliário e da Construção).
Mas o país mudou. Já não são só os cartões dourados que movem os compradores. Os bancos voltaram a abrir a torneira ao crédito e as famílias, mais confiantes, voltaram a mudar as moradas. Resultado: a procura já supera a oferta em várias zonas de Lisboa e Porto, dando ânimo a quem vive das comissões das vendas (variam entre 3% e 5%).
No final de dezembro do ano passado contabilizavam-se 5445 mediadoras em atividade em Portugal. Mais de metade (51,3%) nasceram entre 2016 e fevereiro deste ano - os melhores para o setor.
O recorde foi quebrado no ano passado. Entre janeiro e dezembro de 2017 foram atribuídas 1385 licenças para novas mediadoras. Foi o maior número de licenças a serem atribuídas alguma vez em Portugal, pulverizando o máximo de 2016, ano em que foram registadas 1060 empresas. Neste ano, o crescimento continua: só nos dois primeiros meses foram registadas 327 mediadoras, mais do que nos anos de 2011 e 2012 completos.
No entanto, o imobiliário não se resume às empresas que operam de forma legal, lamenta Luís Lima, para quem a proliferação de empresas sem licença e sem obrigações legais é a face mais negativa do boom a que a compra e venda de casa assiste. "Há uma parte do negócio deste mercado que está a ser feita por empresas que não são licenciadas e este é um problema até para o Estado", assume, realçando o papel importante do setor para travar o branqueamento de capitais. "Não pode haver empresas que operem sem licenciamento."
No ano passado, pelas contas da APEMIP, as vendas de imóveis cresceram 25%. A atração internacional tem dado o maior impulso à compra e venda e alimentado a subida dos preços. É um "segmento novo que está em crescimento" e que deverá manter-se no futuro. "Nunca fomos um país de captação de investimento em imobiliário. Espanha era, os EUA eram, e nós, neste momento, estamos em terceiro lugar em captação de investimento. É uma coisa fabulosa e a que não estávamos habituados."
Se a legislação se mantiver, a APEMIP estima que as vendas de imóveis voltem a crescer neste ano. A previsão aponta agora para uma subida de 30%.
Fonte: DN
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