25 março 2018

Procura de casa leva a reconversão de escritórios em habitação


Maior rentabilidade da habitação no centro de Lisboa e Porto está a pressionar o setor de escritórios, aumentando a escassez de oferta. Em 2017, venderam-se 153 mil casas. Antigos espaços de escritórios em Lisboa e Porto estão a ser transformados em habitação. É que a procura de casas não parou de subir nos últimos cinco anos. Só no ano passado foram transacionadas mais de 153 mil casas, uma subida de 20,6% em comparação com o ano anterior.


"Muita da reabilitação para residencial, que está a ser feita nas zonas mais centrais destas cidades, tinha um uso anterior de escritórios, que pagam substancialmente menos do que a habitação", diz Carlos Oliveira, diretor do departamento de escritórios da Cushman & Wakefield, ao DN/Dinheiro Vivo.

"Em Lisboa existem inúmeros casos nas Avenidas Novas. Até na Avenida da Liberdade há dois ou três casos, além de que o mais emblemático é a reconversão para habitação do antigo edifício do Diário de Notícias", exemplifica.

A razão é simples. "O setor residencial continua a ser mais rentável no centro da cidade, o que leva à mudança de uso de alguns imóveis de escritórios mais antigos ou obsoletos e que poderá acentuar uma tendência de descentralização da histórica zona prime de escritórios", antecipa a consultora no relatório Marketbeat 2018.

O impacto tem sido "considerável", num setor em que a escassez de oferta de qualidade de escritórios continua a limitar a concretização de negócios, alerta a consultora imobiliária .

Na Grande Lisboa existe um stock de escritórios de 4,64 milhões de m2 e uma taxa de desocupação de 8,6%. Ou seja, cerca de 400 mil metros quadrados de espaço para esse fim, dos quais pouco mais de 250 mil estão localizados no concelho de Lisboa, havendo "uma clara escassez de escritórios com qualidade de média e grande dimensão".

A situação não é de agora. Desde 2012 que a oferta de escritórios na capital tem crescido de forma incipiente, fruto das restrições de financiamento no setor imobiliário. Em 2017, o mercado cresceu ligeiramente, em 28 100 m2, com a inauguração de três novos edifícios. Até 2020 existem nove projetos previstos, adicionando mais 100 mil m2 à oferta, mas parte dela já com ocupação garantida.

A escassez estende-se ao Grande Porto. Na região existe uma oferta de 1,5 milhões de m2, na sua maioria concentrados na cidade do Porto (800 mil m2), havendo uma taxa de disponibilidade inferior a 11%. Nos próximos anos estão previstos, com o nascimento de seis empreendimentos, um aumento em mais de 100 mil m2.

Neste momento, a oferta "só serve a procura dos pequenos ocupantes. Qualquer procura com exigência de área substancial e qualidade tem sérias dificuldades em encontrar oferta em qualquer das cidades. Há já uma tendência consolidada para o pré-arrendamento e que continuará num futuro próximo", considera Carlos Oliveira.

Venda de casas sobe

Já o mercado de habitação continua a dar sinais de forte dinamismo a nível nacional. Em 2017, foram transacionadas 153 292 casas, mais 26 186 do que no ano anterior, o valor mais elevado dos últimos nove anos. A área metropolitana de Lisboa e a região norte concentram 64,3% das transações.

As vendas superaram os 19,3 mil milhões de euros, ou seja, mais 4,5 mil milhões do que em 2016. Uma subida de 30,6% em apenas um ano, segundo os dados anuais do Índice de Preços da Habitação do INE, conhecidos esta semana. A Grande Lisboa e o Norte representaram 70,9% do valor transacionado.

Fonte: DN/Dinheiro Vivo

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