Após a queda de preços entre 5 e 8% em 2011, o primeiro trimestre do ano aponta para a subida das vendas de casas.
O negócio de compra e venda de casas aumentou nos primeiros três meses do ano, face aos últimos meses de 2011, concluem duas das maiores redes de mediação instaladas em Portugal: a ERA Portugal e a Century 21. Não será ainda uma verdadeira recuperação do mercado residencial, mas esta tendência pode traduzir uma nova dinâmica, que compara com o ano negro de 2011. "Janeiro começou sem grande fulgor, mas em Fevereiro as vendas aumentaram 4,1%, face ao mês anterior", revela o director-geral da ERA Portugal, Miguel Poisson. A rede de 200 lojas da mediadora internacional está ainda a fechar o mês de Março, mas o gestor estima um "crescimento de 3% face ao mês anterior, e esperamos que esta tendência de crescimento, ainda que ligeira, se mantenha nos próximos meses".
Os números de compra e venda são animadores na rede ERA Portugal e representam cerca de mil casas por mês, garante o seu director-geral. "Registamos um aumento no número de transações, quer para habitação própria, quer para investimento", testemunha o administrador da Century 21 para Portugal e Espanha, Ricardo Sousa.
O maior peso destas transacções parece recair na compra para arrendamento. "Sem dúvida que sim. Como consequência das restrições no acesso ao crédito à habitação, a procura pelo arrendamento aumentou, criando uma excelente oportunidade para o mercado de investimento", nota ainda Ricardo Sousa. Apesar de a banca continuar a dificultar o acesso ao crédito a particulares, estas duas redes de mediadoras identificam o interesse de investidores no imobiliário residencial, a que não será alheia a correcção dos preços verificada em 2011.
A queda dos preços na oferta, entre 5% e 8% (estima a Prime Yield, com a ressalva de haver grandes variações de região para região do País), em 2011, pode ajudar ao reforço da aposta na compra para investimento.
O fecho da torneira do financiamento tem trazido outra realidade ao mercado imobiliário: um crescente número de transacções com capitais próprios. "Mais de 50% das vendas de casas, nas 200 lojas da rede ERA, continuam a ser efectuadas a pronto pagamento e, em algumas lojas, atinge 80%", salienta Miguel Poisson, director-geral da ERA Portugal. "Há dois anos, esse peso era inferior a 10% das vendas efectuadas", sublinha o especialista.
Também o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima, estima que metade das transacções residenciais, nos primeiros dois meses do ano, foram realizadas sem o recurso a crédito. "Este é um aumento que se explica, obviamente, pela dificuldade no acesso ao crédito, mas também pela crescente preocupação que os portugueses têm em aplicar o dinheiro dos depósitos no sector imobiliário, numa estratégia de diversificação de risco na aplicação de poupanças, mas também de aposta no mercado de arrendamento".
Mediadoras vendem imóveis da banca
Luís Lima alerta ainda para a tendência de escoamento das casas entregues na dação em pagamento às instituições financeiras. "Posso dizer que hoje as empresas de mediação imobiliária praticamente só já vendem imóveis da banca, porque os preços são substancialmente mais baixos - menos 30% ou 40% do valor de mercado - e têm empréstimos garantidos e ‘spreads' mais baixos", atesta o presidente da APEMIP.
Luís Lima alerta ainda para a tendência de escoamento das casas entregues na dação em pagamento às instituições financeiras. "Posso dizer que hoje as empresas de mediação imobiliária praticamente só já vendem imóveis da banca, porque os preços são substancialmente mais baixos - menos 30% ou 40% do valor de mercado - e têm empréstimos garantidos e ‘spreads' mais baixos", atesta o presidente da APEMIP.
Comentando o posicionamento actual da banca, o administrador da Century 21 suporta-se nos dados do Banco de Portugal, para afirmar que o "malparado registou valores históricos em 2010 e 2011". Decorre daqui que estes imóveis irão chegar ao mercado durante este ano e em 2013. "Tendo em conta que o prazo de execução ou dação de um imóvel proveniente do incumprimento do crédito à habitação, e outros créditos com garantias reais, nomeadamente de empresas, é de seis a 18 meses, vamos seguramente ver mais imóveis residenciais e não residenciais a serem comercializados pela banca", sustenta ainda o gestor imobiliário.
Oferta baixa 6,2% no CI
A oferta de habitação, nova e usada, na Área Metropolitana de Lisboa (AML) baixou 6,2% no quarto trimestre de 2011, face ao trimestre homólogo do ano anterior, na base de dados do Confidencial Imobiliário (Ci)/LardoceLar.com. Nesse período, a AML tinha uma oferta de 119 mil fogos, dos quais 64% usados.
A oferta de habitação, nova e usada, na Área Metropolitana de Lisboa (AML) baixou 6,2% no quarto trimestre de 2011, face ao trimestre homólogo do ano anterior, na base de dados do Confidencial Imobiliário (Ci)/LardoceLar.com. Nesse período, a AML tinha uma oferta de 119 mil fogos, dos quais 64% usados.
O concelho de Lisboa concentra 16% desta oferta metropolitana, seguindo-se os concelhos de Sintra e Cascais, com pesos de 12% e 11%, respectivamente. No que respeita à tipologia das casas em oferta na AML, dominam os alojamentos T2 e T3. Do total das 119 mil unidades disponíveis no mercado, 35% são de tipologia T2 e 29% de tipologia T3.
Fonte: Económico
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