01 abril 2012

Banca volta a apoiar promotores com ‘spreads’ mais baixos

Os bancos Santander, BBVA, CGD, BCP e Montepio seleccionaram os melhores projectos e praticam ‘spreads’ a partir de 1%, para evitar mais falências de empresas.


Algumas instituições bancárias demonstraram nas últimas semanas uma maior abertura para apoiar promotores imobiliários na venda de habitação. A nova dinâmica da banca pretende travar a falência de mais empresas e evitar a entrega de empreendimentos novos à banca, por incumprimento dos promotores. Há mais de três meses, o Santander Totta deu o pontapé de saída, ao propor o financiamento até 100% e um ‘spread' de 1,75%, para quem comprasse nos imóveis apoiados na construção pelo banco.

Mais recentemente, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o BBVA lançaram campanhas de financiamento mais aguerridas, para a " aquisição de casa nova ou para obras", anuncia o banco público. Perspectiva-se também que o Millennium bcp avance com uma campanha semelhante, que poderá iniciar-se já em Abril, e que contempla, para já, um projecto de habitação residencial em Gaia (Cais do Cavaco), junto ao rio Douro. "Começa-se a notar uma maior abertura da banca na criação de condições de financiamento, ajudando os promotores a vender casas", salienta o administrador da Entreposto Gestão Imobiliária, Duarte Guerreiro. Na sua opinião, a nova estratégia "demonstra que os bancos estão a adaptar-se às condições do mercado" e que, de outra forma, se "não mudarem as regras do financiamento, será impossível os promotores venderem as casas".


O Entreposto tem actualmente cerca de 40 milhões de euros aplicados em empreendimentos residenciais, dos quais o mais emplemático é o Convento das Bernardas, em Tavira. A maioria dos projectos deste grupo teve financiamento à construção do Millennium bcp. "Não tenho dúvida que também o BCP vai ajudar os promotores, de forma a que os clientes possam aceder ao crédito", adianta Duarte Guerreiro.


No caso do condomínio Casas do Parque, no Porto, constituído por 16 moradias (V3+1) , a linha de financiamento especial do Banco Santander Totta tem motivado maior procura. "Houve vários pedidos de informação e temos três casos de clientes interessados que pediram simulação de financiamento". Contudo, adverte, "a resposta da banca continua lenta".


"As condições privilegiadas de financiamento do Santander permitiram que, no Parque do Rio (Parque das Nações), existam apenas 120 fracções para venda, de um total de 800 unidades", testemunha o administrador da Madrilisboa, Fernando Andrés, ao Diário Económico.


Esta análise é reforçada por João Nuno Magalhães, director do departamento residencial da CBRE. "Neste momento é visível que outros bancos, como a CGD e BCP, estão a procurar acompanhar, com campanhas inovadoras, numa perspectiva de apoiar os promotores na comercialização". O especialista destaca o caso do projecto Cais do Cavaco, do promotor Imosteel, um empreendimento residencial junto ao rio Douro que está a ser comercializado pela CBRE. "O promotor e o Millennium bcp vão assinar em breve um acordo com condições de financiamento muito vantajosas para os clientes". diz.
No entanto, fonte oficial do banco sublinha que, "há já vários anos, o Millennium dispõe de um programa, ‘Vantagem CPI', que estabelece condições específicas de financiamento em crédito à habitação a clientes de promotores". Inclui financiamento "que, no limite, poderá ser 100% do valor de avaliação e ‘spreads' diferenciados dos da tabela normal", nota a mesma fonte. O banco, liderado por Nuno Amado, assume que apoia "mais de 100 projectos de promotores imobiliários ao abrigo destas condições", mas recusa-se a avançar o número de projetos imobiliários a financiar em 2012.


Um promotor imobiliário, que preferiu o anonimato, testemunha uma "maior selectividade" da banca nos empréstimos a clientes. "Tenho conhecimento de que o BCP propõe um ‘spread' de 1% num empreendimento em Lisboa. Mas é desejável que não cite o projecto", alegou. Com empreendimentos à venda em Lisboa, Coimbra e Gaia, este promotor confirma uma maior abertura da banca, principalmente do Santander, mas também a CGD e o Montepio. "No primeiro trimestre, os bancos fizeram um acerto, para os nossos clientes, com ‘spread' especial de 1,75% (Santander), lançada em Fevereiro, 2 a 2,5% do Montepio e da CGD", conclui.


Para o presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, Luís Lima, as campanhas da banca ainda são pouco expressivas para as necessidades reais do mercado. Luís Lima adverte que "os bancos financiam a venda das suas próprias fracções, quando o que deviam fazer era colocá-las no mercado de arrendamento, permitindo que aumentasse a oferta e estimulando o mercado".
Propostas de três bancos
1 - Santander já financiou 5,5 milhões de euros 
Nos últimos três meses, o banco Santander Totta "financiou 5,5 milhões de euros em créditos à habitação", avança fonte da instituição de crédito ao Diário Económico. Estes são os números mais recentes do Santander Totta no apoio a promotores. "Esses empreendimentos apenas terão clientes se existirem condições de financiamento que sejam acessíveis aos compradores, de forma a que possam adquirir essas fracções", nota ainda o banco. O Santander propõe apoios até 100% do valor da aquisição do imóvel. Contudo, alerta: "A análise de risco dos clientes é exactamente a mesma" que no restante crédito à habitação. Esta solução permite aos clientes do Santander Totta "manter a sua actividade de comercialização para reduzir a exposição creditícia e cumprir com as suas obrigações contratuais", conclui a mesma fonte.

2 - CGD reforça benefícios em campanha até Maio 
A CGD reforçou a campanha para a compra de casas do banco e limitou os benefícios suplementares para quem concretize proposta até 31 de Maio deste ano. O empréstimo goza de uma taxa fixa de 2,75%, nos primeiros três anos da vigência do contrato, e inclui a bonificação do ‘spread' em 1% (para clientes com cartão de débito e crédito, Caixadirecta e domiciliação de rendimentos) no restante período do contrato, que poderá chegar a 45 anos. A proposta é feita através da Caixa Imobiliário e destina-se aos imóveis da sua carteira, mas também à compra de casa própria, permanente ou secundária, ou para obras a realizar, em simultâneo, na mesma habitação, segundo ‘newsletter' enviada a empresas a que o Diário Económico teve acesso.

3 - Casa BBVA pratica ‘spread' de 1% 
A ‘Casa BBVA' é um produto do banco espanhol que "proporciona aos seus clientes uma vasta oferta de imóveis, novos e usados e de diversas tipologias (habitação, comércio, etc.), com preços bastante atractivos", lê-se no prospecto do banco. A proposta financeira do BBVA "prevê financiamento até 100% do valor de aquisição, ‘spread' a partir de 1% para LTV até 50%, prazo até 40 anos e quota final até 30%", avança. Qualquer cliente do BBVA pode igualmente colocar o seu imóvel, para venda, no ‘site' do banco. Através do endereço www.casa.bbva.pt, o BBVA disponibiliza ofertas em três áreas geográficas (Norte, Centro e Sul), permitindo uma busca mais fácil. Cada imóvel tem o descritivo das suas características e dessa forma o utilizador fica com maior opção de escolha, em função do seu perfil.

Fonte: Económico



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