Muitos portugueses, da hoje muito sacrificada classe média, foram assediados e incentivados a comprar uma segunda casa, no tempo das enormes facilidades de acesso ao crédito e até da existência de incentivos fiscais, como alternativa potencialmente mais em conta para as férias, um hábito, esse de ter férias, que chegou tardiamente a Portugal embora não se saiba se veio para ficar.
Hoje, com as vicissitudes impostas pela crise das dívidas soberanas, a fiscalidade sobre o património está a disparar, nomeadamente em sede de IMI, e a classe média, nomeadamente a que mais está a sofrer os efeitos da austeridade, que inclui diminuição de rendimentos, desespera sem condições para pagar impostos e manter o padrão de razoável qualidade de vida que já alcançou.
Nada é mais certo entre nós, como se diz numa expressão idiomática de língua inglesa, do que a morte e os impostos (death and taxes) mas o que já não é aceitável é que os impostos nos levem, simbolicamente, à morte. Especialmente quando nem a saída da venda do património está a funcionar a valores de mercado, ou seja, quando a própria venda da segunda habitação pode ser pior.
Esta realidade sociológica deveria ser bem explicada aos assessores que a Troika regularmente envia a Lisboa.
Luís Lima - presidente da APEMIP
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