Não admira, por isso, que tenham sido eliminados, nos últimos 12 meses, mais de 109 mil postos de trabalho, correspondentes a uma fatia de 53,3% do total de empregos destruídos no país. Só a construção tinha, em julho último, inscritos nos centros de emprego 96 442 pessoas, sendo que a região Norte contribuiu com 40 214 desses desempregados. Ou seja, com 41,7% do total. Somando o imobiliário aos números da construção, chega-se a 148953 inscritos no IEFP, correspondentes a cerca de 25% do desemprego nacional.
Este é o lado mais negro de uma crise que se arrasta há 10 anos e que se agravou, substancialmente, nos últimos dois, com a quebra abruta do investimento em construção. Os últimos dados do Eurostat mostram, precisamente, uma quebra de 18,9% na produção da construção em Portugal, contra os 2,8% da média europeia. Já o INE, ontem, avançava com um declínio de 51,52% do índice de encomendas no setor, correspondente a uma quebra de 68% nas obras públicas e superior a 30% nos licenciamentos.
Reis Campos, presidente da CPCI, lembra que há muito tempo que o setor vem alertando para a “rutura iminente” do tecido empresarial da construção e exigindo medidas. Esta é, diz, “uma catástrofe anunciada” e que arrasta consigo o perigo de “rutura do sistema financeiro”.
Os números são elucidativos: “O crédito malparado supera já os 5,367 mil milhões de euros, uma variação homóloga de 84%”. No total, a fileira da construção deve à banca 37,174 mil milhões de euros, a que acrescem quase 112 mil milhões de crédito à habitação de particulares.
E não só o financiamento é “uma miragem”, como o Estado agrava a situação ao não pagar o que deve – as dívidas já ultrapassam 1,55 mil milhões – e a banca faz “um ataque férreo às empresas incumpridoras, que são praticamente todas hoje em dia”. “Tem de haver um encontro de contas entre o Estado, as empresas e a banca. Esta asfixia total não pode continuar”, frisa.
O setor “terá de ser alvo de uma intervenção urgente por parte do Governo”, acredita. Agendado tem já um encontro com o presidente da República a 6 de setembro.
Fonte: Dinheiro Vivo
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