22 agosto 2012

Fecham 29 construtoras/dia e Norte lidera no desemprego


Setor da construção vai afundar 12% este ano
Depois das 5298 empresas perdidas em 2010 e das 8543 encerradas em 2011, a fileira da construção e do imobiliário corre o risco de fechar o ano com menos quase 14 mil empresas no ativo. A estimativa é da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), a partir dos dados do Portal de Estatísticas Empresariais do Ministério da Justiça.


Não admira, por isso, que tenham sido eliminados, nos últimos 12 meses, mais de 109 mil postos de trabalho, correspondentes a uma fatia de 53,3% do total de empregos destruídos no país. Só a construção tinha, em julho último, inscritos nos centros de emprego 96 442 pessoas, sendo que a região Norte contribuiu com 40 214 desses desempregados. Ou seja, com 41,7% do total. Somando o imobiliário aos números da construção, chega-se a 148953 inscritos no IEFP, correspondentes a cerca de 25% do desemprego nacional.

Este é o lado mais negro de uma crise que se arrasta há 10 anos e que se agravou, substancialmente, nos últimos dois, com a quebra abruta do investimento em construção. Os últimos dados do Eurostat mostram, precisamente, uma quebra de 18,9% na produção da construção em Portugal, contra os 2,8% da média europeia. Já o INE, ontem, avançava com um declínio de 51,52% do índice de encomendas no setor, correspondente a uma quebra de 68% nas obras públicas e superior a 30% nos licenciamentos.

Reis Campos, presidente da CPCI, lembra que há muito tempo que o setor vem alertando para a “rutura iminente” do tecido empresarial da construção e exigindo medidas. Esta é, diz, “uma catástrofe anunciada” e que arrasta consigo o perigo de “rutura do sistema financeiro”.

Os números são elucidativos: “O crédito malparado supera já os 5,367 mil milhões de euros, uma variação homóloga de 84%”. No total, a fileira da construção deve à banca 37,174 mil milhões de euros, a que acrescem quase 112 mil milhões de crédito à habitação de particulares.

E não só o financiamento é “uma miragem”, como o Estado agrava a situação ao não pagar o que deve – as dívidas já ultrapassam 1,55 mil milhões – e a banca faz “um ataque férreo às empresas incumpridoras, que são praticamente todas hoje em dia”. “Tem de haver um encontro de contas entre o Estado, as empresas e a banca. Esta asfixia total não pode continuar”, frisa.

O setor “terá de ser alvo de uma intervenção urgente por parte do Governo”, acredita. Agendado tem já um encontro com o presidente da República a 6 de setembro.

Fonte: Dinheiro Vivo

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