17 novembro 2013

Avenida da Liberdade contrata empregados chineses


Clientes vindos da China são os que mais gastam em compras, sobretudo em lojas de luxo.
O sobe e desce diário de chineses na avenida da Liberdade, em Lisboa, só dá para pensar que acabam de chegar à cidade navios e charters vindos da China. É assim nos últimos meses, o que tem levado algumas lojas como a Burberry, a Boutique dos Relógios e a Max Mara a contratarem empregadas chinesas, como forma de contornar a limitação da língua deste cliente cada vez mais comum. É que, em Portugal, os chineses gastam em média €1.242 em cada compra, segundo a empresa Global Blue, e quase nunca falam inglês.



Mané Silva Passos, responsável das lojas do Grupo Brodheim na avenida da Liberdade (Burberry, Tod's, Trussardi, Furla e Timberland), refere que as marcas que representa, principalmente a Burberry, já perderam negócio por não terem empregados de balcão que falem mandarim. "Os chineses não gostam de ser abordados, muito menos noutra língua, e fogem das aproximações dos vendedores", explica. 

No Grupo Brodheim, a experiência de atendimento em chinês começou no aeroporto, há cerca de 15 dias, na loja de malas e acessórios Be Trend. A responsável das lojas do Grupo Brodheim explica que no aeroporto não dá para ter tanta noção das mais-valias desta aposta porque os clientes estão de passagem.

Na avenida da Liberdade, as atenções do grupo estão viradas primeiro para a Burberry e depois para a Tod's, porque são as duas insígnias mais apreciadas e com mais reconhecimento entre os asiáticos. "Estamos em processo de recrutamento de uma chinesa para a Burberry e já temos uma russa, que fica na Trussardi e vem para a Burberry quando há clientes russos", avança Mané Silva Passos.

A responsável da Brodheim explica que os clientes russos também estão a aumentar e o facto de terem limitações no entendimento do inglês não ajuda na hora dos empregados porem em prática a argumentação de vendas.

Mané Silva Passos revela que na Burberry os chineses gastam, em média, €720 em cada ato de compra. Um número que fica aquém dos dados avançados esta semana pela Global Blue. 

De acordo com a empresa que gere o reembolso do IVA aos turistas fora da União Europeia, os chineses gastaram em média €1.242 em cada compra, nos primeiros nove meses do ano, o que representa quase o dobro em relação ao mesmo período no ano anterior. Os turistas vindos da China representaram 14% do total dos reembolsos de IVA, entre janeiro e Setembro.

A Boutique dos Relógios Plus foi visionária na identificação do potencial de negócio dos clientes chineses e há dois anos integrou uma colaboradora chinesa na loja do Amoreiras Shopping, em Lisboa. "Já havia a perspetiva desse crescimento e fizemos logo essa aposta. Trata-se de clientes que não falam inglês e por outro lado, a contratação de empregados chineses é também uma questão de serviço", explica Salomão Kolinski, proprietário das lojas Boutique dos Relógios. A loja da avenida da Liberdade já foi aberta com uma empregada chinesa, tendo em conta que os clientes desta nacionalidade representam entre 5% e 6% da faturação.

Angolanos ainda lideram

A Max Mara, que inaugurou recentemente um espaço na avenida da Liberdade, já abriu portas com uma empregada russa e outra chinesa. Simona Migliotari, do departamento de comunicação da Max Mara em Milão, escusa-se a falar sobre estas contratações, bem como da localização na avenida lisboeta de luxo.

Apesar do grande crescimento dos clientes chineses, Mané Passos refere que os angolanos continuam a ser os principais clientes em termos de quantidade, apesar de estarem a diminuir, tanto em número como no valor das compras. "Começa a haver mais oferta em Angola e há um voo direto de Luanda para Milão. Já não têm necessidade de vir cá", justifica. Brasileiros, chineses e russos compõem o ranking do top 4 dos compradores nas lojas do Grupo Brodheim na avenida da Liberdade. De acordo com a Global Blue, os angolanos lideram em volume (54%), mas gastam em média apenas €289 por compra. Os brasileiros representam 30% e gastam €224 de cada vez, enquanto os russos têm uma fatia substancialmente menor (8%) com um gasto médio de €238.

O PERFIL CHINÊS

  • Na Burberry, 60% dos clientes são estrangeiros dos quais 15% são chineses. Na Tod's, a proporção é de 25% para 7%. A explicação para a discrepância entre as duas marcas de luxo, que são sobejamente conhecidas na China, tem a ver com o facto de a Burberry - em particular os artigos que recorrem ao tradicional xadrez ou que ostentem o logótipo - serem mais facilmente identificáveis e, por isso, atribuírem, mais facilmente, estatuto a quem os usa. O ser 40% mais cara na China do que em Portugal também torna a Burberry apetecível.
  • Quando vêm às compras os chineses, normalmente, compram dois artigos iguais, um para uso próprio, o outro para oferecerem a um amigo. Na China é um hábito frequente e que é visto como um sinal de cortesia.
  • Entram nas lojas em grupo de sete ou oito, mas só um deles faz compras. Não querem levar as roupas ou os acessórios que estão expostos e pedem sempre aos empregados para irem buscar artigos que não tenham sido manuseados.
Fonte: Expresso

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