Juntar ao crédito habitação pequenos empréstimos – como o automóvel, viagens e pequenos electrodomésticos – tem sido a fórmula encontrada por alguns consumidores para conseguirem reduzir os encargos mensais. Mas se, há dois anos, esta solução permitia aliviar o orçamento familiar – porque os créditos mais pequenos ficavam diluídos nos de longo prazo com juros mais baixos – a partir dessa altura deixou de ser compensador porque os bancos revêem os spreads aplicados ao crédito à habitação.
“Actualmente esta solução não está acessível porque as instituições financeiras quando são confrontadas com estes pedidos já os consumidores estão com graves problemas financeiros e ao consolidarem os créditos revêem os spreads aplicados, o que acaba por não se traduzir em nenhuma folga mensal”, revela ao i, o economista da Deco, João Fernandes, lembrando ainda que “os clientes ao consolidarem passam de spreads de 0,5 a 1% para spreads de 5% no crédito à habitação, ou seja, valores que são actualmente praticados pelas instituições financeiras”.
Mas como funciona? É simples: geralmente, o crédito da casa tem o prazo mais longo e a taxa de juro mais baixa, pelo que compensa associar os restantes a este. Mas fica a pagar, por exemplo, em 30 anos, a acumulação de vários empréstimos. A curto prazo, ganha em liquidez, mas a longo prazo, paga mais juros. Ao consolidar, pode optar pelo crédito com ou sem hipoteca. No primeiro caso, pode obter um prazo mais alargado e uma taxa de juro inferior, mas suporta custos iniciais mais elevados. No segundo, as despesas iniciais são menos pesadas, mas os montantes e o prazo são inferiores.
Caso não tenha um crédito hipotecário, a consolidação passa por um crédito pessoal. Mas a redução mensal das prestações é inferior (cerca de 20%), já que o volume total de juros aumenta substancialmente.
POUPANÇA ATÉ 60% Apesar destas desvantagens, a consolidação de créditos continua a ser uma modalidade usada pelos consumidores portugueses. Contactado pelo i, o administrador da Exchange, António Godinho, esclarece que esta solução “não se destina aos consumidores com problemas financeiros, antes àqueles que ainda conseguem cumprir com o pagamento mensal das suas prestações e que pretendem reduzir o peso dos créditos nas despesas mensais, pois conseguem reduzir o valor mensal a pagar”.
Segundo as contas do responsável, os consumidores conseguem poupar, em média 40%, mas há casos superiores a 60%.
Mesmo assim, António Godinho reconhece que “é um produto pouco divulgado. Infelizmente, os consumidores aparecem à procura deste produto quando já dificilmente têm acesso a ele, pois encontram-se já em situações de incumprimento”. A empresa consultora de crédito afirma que, em média, “servem” cerca de 500 clientes por ano com este tipo de solução.
Já a Decisões e Soluções atingiu os cem mil clientes em nove anos, oferecendo diversos serviços “de aconselhamento personalizado com soluções globais que vai ao encontro das reais necessidades e objectivos dos seus clientes”.
Contactada pelo i, a GE Money disse apenas que “se encontra em fase de manutenção de carteira” e, por isso mesmo, “não estão a aceitar novos pedidos de concessão de crédito”.
Dicas para consolidar
Prevenção em primeiro lugar
Rendimento mensal: Faça as contas às suas prestações mensais e verifique se o total não ultrapassa 35% do rendimento mensal. Além disso, deverá criar um pé de meia para prevenir eventuais imprevistos. O ideal é que este montante corresponda a cinco ou seis vezes o rendimento mensal familiar. Este montante poderá ajudá-lo a fazer face a eventuais despesas extra. Por exemplo, uma situação de desemprego ou um problema de saúde.
Falar com o banco
Renegociar condições: Fale com o seu banco e tente renegociar as actuais condições de crédito. Por exemplo, renegociar o crédito à habitação poderá permitir uma maior folga mensal. Não se esqueça que a consolidação permite baixar a prestação, mas é uma opção que pode sair bem mais cara. Além dos juros conte ainda com os custos de abertura de processo ou com a penalização por amortização antecipada dos créditos.
Optar pelo crédito hipotecário
Hipoteca sobre imóvel: Nem sempre é fácil encontrar instituições financeiras que permitam juntar vários créditos num só. Mas quando isso acontecer, e se optar pela consolidação de créditos, prefira um crédito hipotecário – em que é constituída uma hipoteca sobre esse imóvel como garantia em favor do credor – em detrimento de um crédito pessoal. O conselho é da Associação de Defesa do Consumidor (Deco).
Questionar sempre tudo
Analise taxas: Quando estiver a negociar o crédito questione sempre os custos do processo. Não se esqueça de analisar ao raio-X as taxas praticadas. É o caso da taxa anual efectiva (TAE) e da taxa anual efectiva global (TAEG), já que estas vão reflectir o custo total do crédito. Deve também tentar uma redução ou uma isenção das comissões, como a que incide sobre a
amortização antecipada dos créditos. Depois disso, faça bem as contas.
Avançar se for indispensável
Compare propostas: Só deve consolidar os seus créditos se for mesmo indispensável. Ou seja, quando chegar mesmo à conclusão que não consegue pagar as suas prestações. Se for esse o seu caso, consulte várias instituições de crédito, apresente os valores em dívida e depois compare as várias propostas apresentadas. Só desta forma está em condições para optar pela proposta mais vantajosa para o seu caso. Mas prepare-se para pagar mais juros.
Fonte: iOnline
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