12 janeiro 2013

O papel dos arquitetos no turismo de lazer e negócios


A Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitetos iniciou um debate sobre o papel dos arquitetos no turismo de lazer e negócios. Ficam aqui algumas das principais ideias.
Numa altura em se espera para breve a entrada em vigor do novo Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), para o triénio entre 2013 e 2015, a Ordem dos Arquitetos – Secção Regional Sul (OASRS) levou a cabo as primeiras duas palestras, de um conjunto de quatro, dedicadas às diferentes vertentes de turismo. A primeira foi sobre o turismo de lazer e a sua relação com a arquitetura e reuniu um seleto grupo de convidados - o presidente da OASRS, Rui Alexandre, a arquiteta Leonor Picão, do Turismo de Portugal, Nuno Pinho, promotor da unidade hoteleira The Lisbonaire e Anísio Franco, curador do Museu Nacional de Arte Antiga.

As principais conclusões deixadas pelos participantes, em jeito de recado para os promotores, é que “há que pensar os projetos a longo prazo, incluindo no plano de negócios o trabalho com os arquitetos e os critérios de qualidade e sustentabilidade têm de ser pensados de início”. Estes devem ter também em conta que “nas estratégias de ocupação turística e estudo de serviços não devem ser criados zonamentos - tal como defende o Turismo de Portugal – já que áreas demarcadas para uso turístico levam à “guetização” do próprio turismo”. Isto porque, é um facto, que “o turismo alimentase da vida local e sem isso cai-se numa asseptização física e vivencial”. A mensagem para promotores e investidores turísticos é que “para aumentar a competitividade há que pensar na oferta de fatores de escolha preferencial e jogar com os argumentos mais fortes, e é sem dúvida aí a mais-valia do arquiteto. Mais do que mero projetista é também um estratega, conhece o território, a malha urbana, os equipamentos, as infraestruturas”. Tanto as instituições, como os arquitetos têm um papel importante a desempenhar. A Ordem dos Arquitetos poderá ser curadora de propostas. O trabalho em rede é essencial para que a sociedade entenda qual é aqui o papel do arquiteto. Além da implicação dos órgãos de poder decisor locais, o Turismo de Portugal terá também aqui papel ativo de parceria.

Por seu turno, os arquitetos têm de saber comunicar, para lá da profissão. Têm de saber explicar e defender os seus projetos, têm de deixar bem claro o seu papel perante a sociedade, sem o habitual hermetismo profissional.

Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades. Os promotores apercebem-se que no mundo atual, a mobilidade do indivíduo é constante, o negócio do turismo cresceu exponencialmente e é cada vez mais competitivo. A oferta tem de se demarcar e os fatores de qualidade, identidade, exclusividade, autenticidade fazem que sejam eles a escolha da nova experiência.

Que turismo para Lisboa?
A segunda conversa dedicada ao turismo de negócios e a sua relação com a arquitetura foi pretexto para uma interessante troca de ideias entre o vice-presidente da OASRS, Nadir Bonaccorso, Miguel Rios, da Fundação Leal Rios, João Capucho, da Janela Digital e Rui Ramos Pinto, diretor executivo da Invest Lisboa.

Que tipo de turismo de negócios se quer para Lisboa? Uma pergunta que procura uma resposta que, por si só, poderá concluir grande parte do tema em questão. A necessidade de dispersar em vez de concentrar foi uma das conclusões desta conversa. Por isto, quer-se dizer que a falta de oferta hoteleira para fazer frente a eventos de maior dimensão, passa também pelo facto de não encarar a cidade de Lisboa como se acabasse em Algés. Esta é uma ideia que deverá mudar. Não fará sentido que Cascais seja Lisboa, por exemplo, tendo em conta que há acessibilidades e transportes públicos que funcionam?

Uma conclusão a tirar é que relação entre a arquitetura e o turismo de negócios é um tema que necessita de maior debate e reflexão, nomeadamente porque o próprio tipo de turismo em questão carece de uma estratégia e de definições. Como nota final, fica a necessidade de se perceber o que se quer deste tipo de turismo, qual o enfoque e a dimensão, para posteriormente se poder pensar em infraestruturas e equipamentos, e deixar a arquitetura perceber o seu papel e intervir.

*O artigo contou com os contributos dos jornalistas Paula Melâneo, Ana Rita Sevilha e Luís Maio.

Fonte: Público

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