08 outubro 2012

APEMIP: “O mercado de arrendamento é uma questão de sobrevivência”


Impostos sobre o património com efeito negativo nos investidores estrangeiros.

O anúncio do aumento da TSU, que acabou por não se concretizar, teve efeitos imediatos no mercado imobiliário. Se não desistiram de comprar casa, os portugueses adiaram, pelo menos, essa decisão.


Disse há cerca de um mês que, após o anúncio do primeiro-ministro sobre a TSU, a procura de casas caiu 50%. Essa tendência mantém-se?
Mantém, infelizmente. Enquanto não houver uma decisão, enquanto as pessoas não souberem exactamente qual vai ser o futuro, e que Orçamento vamos ter, não sabem a disponibilidade que vão ter no próximo ano. A decisão de compra de uma casa é uma decisão de vida, 60% ou 70% das pessoas recorre ao financiamento bancário, o que acarreta uma responsabilidade a 25 ou 30 anos e quem é que consegue assumir esse compromisso sem garantias de emprego, sem saber se terá que pagar mais um imposto? Não sei se as pessoas desistiram, mas pelo menos adiaram.

Além da a eliminação da cláusula de salvaguarda do IMI, foi anunciado um novo imposto sobre o património...
O Governo quis passar uma mensagem às classes mais poderosas, mas é um imposto que para nós [sector imobiliário] dá um sinal extremamente negativo. Principalmente para quem promove o imobiliário lá fora. Tenho sensibilizado o Governo e algumas administrações de bancos porque a questão do imobiliário não está a ter a devida importância. O sector da construção e do imobiliário tem um endividamento quase igual ao PIB nacional, são 114 mil milhões de euros em crédito à habitação e cerca de 40 mil milhões de endividamento das empresas. Se as empresas começarem a falir, se as famílias não conseguirem assumir os compromissos, o incumprimento pode aumentar vertiginosamente...

A banca terá capacidade para absorver todos esses imóveis?
Claro que não.

O aumento da carga fiscal e a incerteza pode ser uma oportunidade para o arrendamento?
O mercado do arrendamento devia ser o futuro. Os associados da APEMIP nem sempre compreenderam isso, o que aceito porque é muito mais rentável a compra e venda do que o arrendamento. Mas para mim não é uma questão de rentabilidade, é uma questão de sobrevivência. Se tivéssemos feito a passagem gradual para o mercado de arrendamento não estávamos na situação que estamos. A ideia era manter o número de transacções, substituindo o cliente que compra por investidores e colocando esses imóveis no mercado de arrendamento.

Das casas que estão a ser transaccionadas que percentagem vai para o arrendamento?
É uma expressão muito pequena. O mercado de arrendamento teve um aumento enorme no lado da procura, mas o lado da oferta teve um aumento talvez de 3% ou 4%, não mais do que isso. Mas se é para passar de 19,7% para 21% ou 22% não é preciso grandes medidas, só as dificuldades das famílias fazem com que se chegue a esses valores. Quando o INE diz que existem 110 mil imóveis para arrendar é preciso ver onde está a procura.Que me adianta ter 11% da oferta em Faro se só tenho 3% da procura?

Mas existem 110 mil imóveis para arrendar?
Acho que não. 20 mil só [existem] na cabeça dos proprietários, não têm condições. Há casas que não têm o mínimo de condições de habitabilidade. As pessoas não se querem sujeitar a isso.

Salão Imobiliário arranca amanhã

Começa amanhã, prolongando-se até dia 14 de Outubro, a 15.ª edição do Salão Imobiliário de Portugal. Luís Lima, presidente da APEMIP, diz que o sector vai aproveitar a ocasião para passar "uma mensagem positiva" em relação ao mercado. O evento, que se realiza desde 1998, irá receber uma delegação de empresários dos Países de Língua Oficial Portuguesa, com o objectivo de "captar investimento e fomentar parcerias".

Fonte:Económico

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