De acordo com um levantamento da autarquia aos 57.449 edifícios na cidade, no que o município denomina como centro de Lisboa (Campolide, São José, Campo Grande e Anjos) existem 2.674 em mau estado de conservação, no centro histórico (Graça, Penha França, Baixa, Bairro Alto, Campo de Ourique, Lapa) 1.740, na zona norte (Lumiar, Charneca, Benfica e Carnide) 951, na oriental (Olivais, Parque das Nações, Marvila e Beato) 834 e na ocidental (Ajuda, Alcântara, Belém e São Francisco Xavier) 778.
A grande maioria dos edifícios em muito mau estado de conservação concentra-se no centro histórico (540), no centro (238), na zona ocidental (215), oriental (159) e norte (145), num total de 2,2%.
Em termos percentuais, 14,4% dos edifícios em Lisboa estão em mau estado.
Contactado pela Lusa, o arquiteto Luís Marques da Silva e membro do movimento Cidadania LX lamentou o estado de abandono em que estão muitos edifícios, principalmente porque a maioria são históricos, mas sublinhou que começa lentamente a apostar-se na sua recuperação.
“Há agora alguma recuperação das estruturas e da cobertura dos edifícios. O problema é que continua a haver o método de deixar andar os edifícios antigos para se degradarem. Tiram-se telhas propositadamente para se estragarem os edifícios e impossibilitar a recuperação”, disse o arquiteto.
“É prática recorrente. Especialmente nos edifícios do século XIX. Têm soalho em madeira, o soalho apodrece e há derrocada”, acrescentou.
Por isso, considerou que a recuperação do telhado “é fundamental para a preservação do interior e até do exterior”.
Luís Marques da Silva acusou a Câmara de Lisboa de ser conivente com essas degradações porque “deveria atuar no sentido de obrigar os proprietários a fazer obras, a verificar se há telhas partidas que provocam estas situações”.
“A legislação prevê obras coercivas. A câmara pode fazer obras coercivas, dando-se início a um processo em que as rendas revertem na sua quase totalidade a favor do município até as obras estarem pagas. Geralmente estes edifícios estão em zonas ótimas, pelo que as obras seriam rapidamente pagas. Só que a câmara não se interessa porque o novo edifício será maior e também reverte para as taxas da câmara”, frisou.
A Lusa tentou obter alguns esclarecimentos junto da câmara municipal, mas até ao momento não foi possível.
Contudo, em maio, o vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa revelou numa conferência que a reabilitação da cidade custaria oito mil milhões de euros.
“Eram precisos oito mil milhões para a reabilitação da cidade quando foram gastos, entre 2005 e 2010, 2,5 mil milhões de euros por privados em reabilitação/ampliação”, disse Manuel Salgado.
O autarca indicou que, nos últimos 20 anos, até 2010, a autarquia gastou 450 milhões de euros.
“A câmara não se pode substituir aos senhorios de forma sistemática. Os custos diretos entre 1998 e 2010 em obras coercivas foram de 32 milhões de euros e o recuperado foi um valor irrisório”, notou.
Na altura, o vereador disse que até 2013 a autarquia pretende disponibilizar 300 fogos municipais para realojamentos temporários de inquilinos, cujos imóveis estão em obras.
Fonte: iOnline
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