10 novembro 2012

C&W: Há coisas boas a acontecer


Acredito que uma das janelas que se está a abrir para Portugal é a perspetiva de que o nosso país será um bom destino para algum investimento estrangeiro, principalmente para o setor industrial.

Ainda este mês ficámos a saber que, contrariando a subida generalizada do desemprego que se verifica há já demasiado tempo, foram criados 7 mil novos empregos no setor têxtil em Portugal entre setembro de 2011 e setembro de 2012. Como? Dizem-me que terá sobretudo a ver com a qualidade da produção em Portugal. A relocalização destas indústrias nos últimos dez anos para os países do Leste Europeu e da Ásia foi incentivada principalmente pelos baixos custos de produção. Com esses custos a subir, e perante uma menor qualidade dos produtos, começa a fazer sentido voltar a olhar para Portugal.


Outra boa notícia do setor : o Porto de Leixões está com um nível de atividade nunca visto. Outra: o Porto de Sines está com um crescimento de carga significativo e a atrair novos clientes. Mais uma - o transporte ferroviário de mercadorias está a ganhar terreno em Portugal, apoiando, sobretudo, o mercado industrial. São um oásis no deserto? Com certeza! E também são um sentido para a mudança do clima. Há coisas positivas a acontecer. Precisamos de perceber como vamos lidar com elas.

No mercado imobiliário - dos mais influenciados pelo contexto económico - verificamos claramente que a crise veio gerar nas empresas uma procura de soluções alternativas para as quais ainda não existem muitas respostas. Daí estarmos perante um mercado praticamente parado e com pouco oxigénio. Obviamente, não existe qualquer motivação para as empresas avançarem com novos investimentos ou apostarem em melhores espaços.

Para muitas empresas, a sobrevivência passou pela procura de novas soluções fora do País e pela partilha, em Portugal, de operações, de espaços e de infraestruturas. Nestas condições, o crescimento passará cada vez mais pela transformação de custos fixos em variáveis e na maximização de eficiências. Mais do que novos projetos, o contributo do mercado imobiliário terá de passar pela maior flexibilidade de condições e sobretudo, por um ajuste dos preços praticados. No meu mercado, vejo cada vez mais empresas com maiores necessidades de espaço do que alguma vez tiveram, mas em condições diferentes daquelas a que nos habituámos e, por isso, sem soluções imediatas à vista. Por outro lado, a oferta de espaço usado continua a aumentar. O mercado mudou mas ainda não mudámos com ele.

Portugal tem condições, sim, para atrair mais investimento e novas atividades. Temos um enorme potencial de serviços de valor acrescentado que pode ser dinamizado através dos portos, das nossas indústrias, dos nossos serviços e de todos nós. O estado atual da economia e a degradação das condições de vida dos portugueses pode ter dois caminhos distintos - o lamento pela nossa pouca sorte ou a luta com as armas que temos e com uma maior entreajuda. Não temos muito dinheiro para criar novos investimentos, mas podemos ser muito mais criativos para usar os investimentos que temos de outras formas. Dependerá muito de onde queremos estar daqui a uns anos.

Por Ana Gomes, Associate, diretora do departamento de industrial e terrenos da Cushman & Wakefield


Fonte: OJE

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