12 novembro 2012

Mais de 70% das vendas de imóveis em Lisboa são casas usadas



Devido ao preço e ao excesso de oferta, os portugueses optam cada vez mais por comprar casas usadas. Mais de 70% das vendas de imóveis em Lisboa, entre o segundo trimestre de 2011 e o primeiro trimestre de 2012, são referentes a imóveis usados, segundo a revista Confidencial Imobiliário (Ci).

O director da publicação, Ricardo Guimarães, afirma que a motivação principal é o valor da habitação, mas que podem haver outros factores, como o crescente peso dos imóveis detidos pela banca no mercado. “Em alguns grandes bancos, verifica-se que metade do crédito concedido respeita à transacção de imóveis próprios, usados. Assim, teríamos um motivo ligado à procura. Por outro lado, haveria outro associado à oferta, em especial à de fogos passíveis de serem financiados pela banca”, esclarece a mesma fonte.

Além disso, nos últimos anos, “temos registado uma diminuição do número de licenças de construção e de habitação concedidas”, complementa o administrador da Century 21 Portugal, Ricardo Sousa. Como consequência, “verifica-se uma diminuição de fogos novos em Portugal”.

Também por questões de preço e de crédito, a habitação nova é mais “dificilmente transaccionável”, acrescenta a CEO da Remax Portugal, Beatriz Rubio. Como os valores praticados são mais elevados, uma casa nova pode demorar mais quatro a cinco meses a ser vendida que uma usada, afirma. “Um imóvel em Lisboa pode ser vendido em seis meses, mas um de tipologia semelhante no Alentejo pode demorar um ano”, acrescenta. De uma forma geral, segundo Ricardo Guimarães, a habitação em segunda mão demora em média cerca de 16 meses a ser vendida, mas este prazo tem-se alargado ao longo dos anos. Em 2007, era de cerca de sete meses.

O director da ERA, Miguel Poisson, chama a atenção para o factor localização, que também é determinante na escolha de uma casa. “Quando valorizamos a centralidade ou os centros históricos das cidades, que são constituídas por património usado, a oferta de obra nova é mais reduzida e mais cara, pelo que a opção pela compra de imóveis usados afigura--se como a solução mais procurada”. Também é nos grandes centros urbanos que se vendem mais imóveis, apesar de mais caros.

Os valores mais altos verificam-se na cidade de Lisboa e na linha de Cascais. Os mais baixos na linha de Sintra, corredor Norte de Lisboa e margem Sul. Porém, os preços têm vindo a baixar. O administrador da Ci diz que desde 2010 que o preço médio da habitação desceu cerca de 10%, e que nas periferias dos grandes centros urbanos, como Lisboa e Porto, as quedas foram de 20%. Na sua opinião, os valores dos imóveis estão “a níveis historicamente baixos e já começa a ser difícil descer muito mais”. Tudo dependerá da relação entre a oferta e a procura, “sendo importante acompanhar o nível de incumprimento das famílias e da respectiva injecção de imóveis para venda efectuada pelos bancos no mercado”.

O valor médio de uma casa usada em Lisboa é de 1550 euros o metro quadrado e no Porto de 1100. Estes valores não impedem que, por causa das limitações ao acesso ao crédito, não haja “cada vez mais gente a optar pelo pronto pagamento”, lembra Beatriz Rubio. Para 2013, as perspectivas mantêm-se.

Fonte: iOnline

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