21 novembro 2012

Turismo no inverno. Mais que uma oportunidade, uma necessidade!


O turismo traz receitas tal como a exportação, paga IVA como o consumo interno, reduz o desemprego porque é uma atividade de mão de obra intensiva, e não necessita de investimentos avultados, já que há uma elevada capacidade instalada em excelentes condições.

Devemos então desenvolver todos os esforços para o tornar, cada vez mais, uma atividade económica 12 meses por ano. Só que, tradicionalmente, turismo em Portugal tem sido no verão! Estrangeiros que andam pelas ruas e pelas praias na época estival... Mas terá de ser mais, porque há mais! Para tal, não podemos centrar-nos em exclusivo na proposta de valor "sol e mar no verão". Temos de criar novas oportunidades a partir de outros ativos, com novas abordagens e a diferentes segmentos de mercado.


E é apenas uma questão de opção, já que o "hardware" está cá. Neste contexto, turismo no inverno deve ser um desígnio para um país com a diversidade concentrada de oferta e clima agradável como Portugal. E uma necessidade para a nossa economia.

Em forma de provocação, arrisco-me a dizer que, para algumas regiões do País e segmentos de mercado emissores, a época, de facto, é baixa, só e apenas porque sim...

O grande desafio que algumas regiões enfrentam consiste na des-sazonalização do mind-set dos seus decisores. E porquê? Porque, durante décadas, tomaram opções de gestão e marketing que, na altura, sendo as mais apropriadas, se foram progressivamente revelando "perversas". Se não, vejamos alguns exemplos: para que época do ano ocorrem os maiores investimentos de comunicação e promoção? Em que época são os "managers" mais e menos sensíveis à taxa de ocupação e ao rev-par? Em que época é a oferta complementar/animação e diversão mais e menos apelativa e "sofisticada"? E qual a explicação para este facto, para esta rotina, se assim se pode dizer? Porque, paradoxalmente, se todos pensarmos um pouco, esta concentração de recursos e esforços não parece a mais correta, já que qualquer ativo económico deve funcionar 24 horas/dia, 12 meses/ano... Então porquê? Porque o processo base que deu origem à rotina foi aquele que gerou resultados mais fácil e rapidamente; aquele que colocou os mais diversos decisores na respetiva zona de conforto. "Se na época alta consigo uma ocupação de 80%, o investimento operacional tem um bom retorno, e a minha estrutura de custos operacionais é de tal forma flexível que os consigo reduzir drasticamente nas outras épocas, então ótimo".

Para terminar, e com uma nota de otimismo, se olharmos, por exemplo, para o Algarve, o seu futuro turístico pode ser promissor. Desde que identifiquemos quem - no mundo - o pode apreciar na sua amenidade, e o que mais procura em complemento à chave do quarto.

Por Paulo Moura de Mesquita, Consultor. MBA U. Nova. Managing partner da Brand Builders (consultoria estratégica de marketing e negócios). Adviser da administração de diversas empresas, nacionais e internacionais, e organismos do Estado, em setores como turismo, vinícola, bens de consumo ou farma

Fonte: OJE

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