04 dezembro 2012

Banca ainda tem de registar 474 milhões de imparidades ligadas à construção


Banco de Portugal detecta 861 milhões de imparidades em falta no crédito à construção e imobiliário. Metade foi já foi corrigida.

Para o conjunto dos oito grupos bancários foi estimada a necessidade de reforço de 861 milhões de euros no valor das imparidades, mas os reforços de imparidade constituídos entretanto pelos grupos bancários, com referência a 30 de Setembro de 2012, cobriram parte das necessidades de reforço de imparidade identificadas, "reduzindo o seu montante de 861 milhões de euros para 474 milhões de euros". Sendo que, já em Outubro, vários bancos fizeram reforço de provisões e, como tal, reduziram os valores que ainda falta injectar, embora só o BCP tenha divulgado o valor.


Foi concluído no dia 29 de Novembro de 2012 o programa de inspecções desenvolvido pelo Banco de Portugal (BdP) sobre as exposições aos sectores da construção e da promoção imobiliária em Portugal e Espanha.

A entidade liderada por Carlos Costa concluiu que para o conjunto dos oito maiores bancos, e com referência a 30 de Junho de 2012, foi estimada a necessidade de reforço de 861 milhões de euros no valor das imparidades registadas para as exposições analisadas, de forma a atingir níveis de provisionamento robustos (cerca de 2,2% do montante global das exposições avaliadas).

Os reforços de imparidade constituídos entretanto pelos grupos bancários, com referência a 30 de Setembro de 2012, cobriram parte das necessidades de reforço de imparidade identificadas, "reduzindo o seu montante de 861 milhões de euros para 474 milhões de euros, devendo o reforço deste último montante ser constituído pelas instituições até 31 Dezembro de 2012", refere o comunicado do Banco de Portugal.

"Dos 861 milhões de euros, 472 milhões de euros resultaram da análise de informação e eventos posteriores à data de referência, como novas insolvências/falências e reavaliações de garantias associadas", refere o comunicado.

A 30 de Junho de 2012, "o impacto dos resultados das inspecções sobre o rácio agregado de Core Tier 1 do conjunto dos oito grupos bancários traduzir-se-ia numa ligeira revisão do seu valor, de 11,2% para 11,1%, muito acima do mínimo de 9% exigido à data", acrescenta o regulador bancário.

"O impacto estimado deste reforço sobre o rácio agregado de Core Tier 1 projectado a 31 de Dezembro de 2012, para o conjunto dos oito grupos bancários, é imaterial, não comprometendo o cumprimento do mínimo regulamentar de 10% exigido pelo Banco de Portugal a partir do final deste ano", lê-se no mesmo documento.

Caixa com 44 milhões em falta

No Grupo BES, a avaliação concluiu existir uma necessidade de reforço das imparidades registadas num montante de 205 milhões de euros, correspondente a cerca de 1,9% das exposições avaliadas.

Os reforços de imparidade que o Grupo BES constituiu entretanto cobriram já grande parte das necessidades identificadas, reduzindo o seu montante para 98 milhões de euros.

No caso do BCP a necessidade de reforço das imparidades cifrou-se em 290 milhões de euros, mas com os reforços entretanto concretizados (em Setembro e Outubro) esse montante ficou reduzido para 11 milhões de euros. Sobretudo em Outubro o banco liderado por Nuno Amado abateu boa parte da factura, ao provisionar 176 milhões de euros, restando os tais 11 milhões para provisionar.

No Grupo BPI, que comunicou à CMVM, a avaliação do BdP concluiu existir uma necessidade de reforço de imparidades no montante de 7,1 milhões de euros. O banco liderado por Fernando Ulrich diz que o reforço de imparidades feito em Setembro cobriu a maior parte destas imparidades, faltando apenas registar 0,4 milhões de euros, o que será feito até ao fim do ano.

No Grupo Caixa Geral de Depósitos, a avaliação concluiu existir uma necessidade de reforço das imparidades registadas num montante de 138 milhões de euros, correspondente a cerca de 1,6% das exposições avaliadas. Destes 138 milhões de euros, 69 milhões "resultaram da análise de informação e eventos posteriores à data de referência, como novas insolvências/falências e reavaliações de colaterais".
"Os reforços de imparidade que o Grupo CGD constituiu entretanto, com referência a 30 de Setembro de 2012, cobriram já grande parte das necessidades identificadas, reduzindo o seu montante de 138 milhões de euros para 44 milhões, valor que será registado até 31 de dezembro de 2012", informou o banco público.

Já no Grupo Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, o BdP detectou na sua avaliação existir uma necessidade de reforço das imparidades registadas, num montante de 17 milhões de euros, correspondente a cerca de 2,1% das exposições avaliadas.
O comunicado do grupo liderado por João Costa Pinto explica que "dos 17 milhões de euros, 2 milhões de euros resultaram da análise de informação e eventos posteriores à data de referência, como novas insolvências/falências e reavaliações de colaterais".

No Santander Totta, a avaliação do BdP concluiu existir uma necessidade de reforço das imparidades registadas num montante de 49 milhões de euros, correspondente a cerca de 1,9% das exposições avaliadas.


"Dos 49 milhões de euros, 16 milhões de euros resultaram da análise de informação e eventos posteriores à data de referência, como novas insolvências/falências e reavaliações de colaterais", refere o banco liderado por António Vieira Monteiro em comunicado.

"Os reforços de imparidade que o Grupo Santander Totta constituiu entretanto, com referência a 30 de Setembro de 2012, cobriram já a totalidade das necessidades identificadas neste exercício, pelo que os resultados das inspecções não terão qualquer impacto sobre o rácio Core Tier 1 previsto para 31 de Dezembro de 2012.

No Montepio Geral foram identificadas necessidades de 69 milhões de euros, valor que se reduziu para 35 milhões após o provisionamento feito até final de Setembro.

Já o Banif, que foi o último grupo a apresentar os dados, as necessidades eram de 86 milhões no final de Junho; posteriormente foi feito um reforço de 27 milhões, ficando por cobrir 59 milhões de euros até final deste mês.
Todos os bancos fazem questão de salientar que os rácios de capital não serão afectados, de forma significativa, com estes reforços de provisões.

Fonte: Económico

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