O pós-QREN terá apoios de €1,5 mil milhões para regeneração urbana num pacote global de €25 mil milhões.
"Acabou a expansão urbana tal como era até agora", avisou Vítor Reis, presidente do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), no debate sobre "O 'novo QREN' e a Regeneração Urbana - que expectativas?", que integrou a entrega do Prémio André Jordan no Museu da Eletricidade, em Lisboa, a 30 de setembro.
"No próximo quadro comunitário, apesar de haver números com muitos zeros, o dinheiro é um bem escasso", frisou ainda Vítor Reis, lembrando que acabaram os tempos em que "o Estado pediu €200 milhões para dar a fundo perdido aos municípios e temos esta conta para pagar até julho de 2019". Adiantou que no pacote global de €25 mil milhões de apoios previstos para a economia até 2020, cerca de €1,5 mil milhões deverão relacionar-se com projetos de reabilitação urbana.
O fim do fundo perdido
Mas o controlo de custos será mais apertado no próximo QREN. "Olhar o próximo quadro e os anos que aí vêm implica uma alteração profunda na forma como temos lidado com o dinheiro", advertiu. O presidente da IHRU aplaude aqui a grande mudança: o fim dos apoios a fundo perdido, algo que, considera, "só conduz a um círculo vicioso de subsidiodependência". No que toca ao imobiliário, o foco vai estar "na reabilitação, repovoamento de centros urbanos, revitalização da economia local e sustentabilidade da construção" e "a maior parte do dinheiro é reembolsável, funcionará sob a forma de empréstimos".
Vítor Reis salienta que "não poderá haver apoios a investimentos parciais, as reabilitações terão de ser integrais". De acordo com o responsável, uma das "batalhas" foi conseguir que a reabilitação de edifícios particulares, com mais de 30 anos, ficasse contemplada no novo quadro de apoios. "Outra boa notícia é que as coisas se estão a encaminhar no sentido de haver um balcão único para estes projetos".
Neste debate, o economista Augusto Mateus frisou que "em torno do imobiliário há modos de vida e de consumo que é preciso agarrar, para conseguirmos, além da reabilitação de edifícios, uma verdadeira regeneração urbana, com vantagens grandes em termos de custos relativamente à forma como temos feito cidades - pois não sobrevivemos muito tempo com prédios vazios".
Segundo Augusto Mateus, "há muito a fazer na contribuição do imobiliário do ponto de vista da inclusão social" e o novo QREN, com todos os seus constrangimentos, é também uma oportunidade "para reinventar o paradigma do imobiliário, um processo doloroso, mas necessário". O objetivo é conseguir "projetos distintivos para fazer cidades mais inteligentes e solidárias", potenciando o país "como gerador de emprego, mas também de felicidade para a população".
PRÉMIO ANDRÉ JORDAN PROMOVE INVESTIGAÇÃO SOBRE IMOBILIÁRIO
A tese de doutoramento "Habitação para idosos em Lisboa: de coletiva a assistida O caso de Alvalade", de António Carvalho, do Instituto Superior Técnico, foi a vencedora em 2014 do Prémio André Jordan. Nas dissertações de mestrado, o prémio com o nome do 'pai da Quinta do Lago' distinguiu o trabalho de Carlota Dias, também do Técnico, sobre imobiliário sustentável e de baixo custo.
Fonte: Expresso
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