20 dezembro 2012

O futuro do Imobiliário em Portugal


O setor do imobiliário, conjuntamente com o setor construção, tem um peso muito significativo na economia nacional, agregando atividades que vão desde os serviços de engenharia e arquitetura, a construção e manutenção de infraestruturas e edifícios, até áreas tão distintas como a produção e comercialização de materiais de construção, o aluguer de máquinas, a promoção, a avaliação e a mediação imobiliárias e a gestão e administração de condomínios.

A importância do setor é reconhecida pela Comissão Europeia como se pode aferir pelo documento “Estratégia para relançar o sector da construção como propulsor da criação de emprego e do crescimento sustentável da economia em geral”, que aquela apresentou em 31 de julho do corrente ano.


A crise económica em Portugal impôs um pedido de ajuda financeira externa estabelecendo um conjunto de medidas e reformas exigentes do ponto de vista económico, social e político, mas que são uma condição necessária para recuperar o crédito externo e colocar o país numa rota de crescimento sustentável e de criação de emprego. A fileira da construção e do imobiliário tem vindo a registar um abrandamento da sua atividade desde o início do milénio, o que acabou por ser exacerbado com a atual conjuntura económica, que se reflectiu inexoravelmente no encerramento de empresas e no aumento da taxa de desemprego, que assume neste setor uma expressão superior à média nacional. A título de exemplo, em 2008 existiam 4041 empresas de mediação imobiliária em Portugal, licenciadas pelo Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI), e atualmente existem 2765 empresas; ou seja, menos 31%.

O paradigma mudou e todos estamos conscientes disso. A construção em quantidade está a dar lugar a uma construção de qualidade, assente no paradigma da construção sustentável e inovadora. A aquisição de casa própria está já a dar lugar ao mercado de arrendamento, enquanto instrumento fundamental para a mobilidade das famílias e enquanto saída para as dificuldades de acesso ao crédito. A reabilitação urbana começa a ocupar o espaço até aqui preenchido pela construção nova. Enfim, um Portugal em mudança também nesta área.

É, pois, altura de olhar em frente apostando numa estratégia de recuperação, alicerçada no peso social e económico da construção e do imobiliário, capaz de promover a competitividade do tecido empresarial do setor, potenciar a sua capacidade produtiva e de internacionalização, num quadro de estabilidade e desenvolvimento sustentável.

É igualmente essencial garantir um quadro legislativo eficaz e moderno, mas também coerente, equilibrado e estável, salvaguardando a sua durabilidade e garantindo a certeza e segurança legislativas imprescindíveis, também para a confiança dos vários agentes económicos.

Por Fernando Oliveira Silva, Vice-Presidente do Instituto da Construção e do Imobiliário

Fonte: Público

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