02 dezembro 2012
Prestação da casa ao valor mais baixo de sempre
A crise não traz só más notícias. Milhares de famílias portuguesas com crédito à habitação vão, a partir de janeiro, ver a prestação da sua casa voltar a descer, atingindo o valor mais baixo de sempre. Em queda há mais de um ano, as taxas Euribor, a que estão indexados a maioria dos empréstimos em Portugal, voltaram a renovar mínimos históricos.
Isto significa poupanças significativas no bolso dos portugueses e que podem chegar aos 30 euros, no caso de um empréstimo de 100 mil euros, ou mesmo ultrapassar os 40 euros mensais, para quem pediu emprestados 150 mil euros ao banco e tem um crédito indexado à Euribor a seis meses. Quem tem créditos indexados à Euribor a três meses poupará, mesmo assim, sete euros num empréstimo de 100 mil euros e 9,62 euros no exemplo dos 150 mil euros.
A má notícia é que a queda não deveremos assistir a descidas dos juros muitos significativas daqui para a frente, embora também não seja de esperar aumentos em 2013.
Luís Lima, presidente da Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) , considera "muito positiva" esta redução das taxas, na medida em que "trazem algum alívio às famílias, diminuindo o agravar das situações de incumprimento".
Recorde-se que os últimos dados do Banco de Portugal mostram que o malparado na habitação atinge já quase 2% do total dos empréstimos, ascendendo a 2,2 mil milhões de euros. O total dos créditos de cobrança duvidosa das famílias ascendia, em setembro, a 4,9 mil milhões de euros.
Não admira, por isso, que Mário Frota, da Associação Portuguesa de Direito do Consumo (APDC), refira a necessidade de medidas urgentes para combater este 'espoliar' das famílias das suas casas. "A redução do custo do dinheiro é, obviamente, bem vinda. Mas, nem por isso, baixam os números das entregas de casas aos bancos, o que prova que as medidas tomadas são ainda insuficientes por fim a este drama". Mário Frota defende um "período de mora equivalente ao da crise".
E o mercado imobiliário, tira partido desta redução das taxas Euribor? "Não tem qualquer repercussão", assegura Luís Lima, porque "os spreads que os bancos praticam hoje são tão elevados, que este alívio da Euribor acaba por não se sentir no valor final das casas".
Não só os bancos emprestam menos dinheiro, como o crédito hipotecário tem vindo a perder peso no total dos financiamentos desde o início do ano. Dos 500 milhões de euros de novos empréstimos em setembro, só 140 milhões se destinaram a financiar a aquisição de habitação.
O que não significa que não se vendam casas. "Há transações, claro que sim. Mas o ano passado, o número de vendas foi 25% inferior a 2010 e este ano estamos a estimar que a quebra seja de igual dimensão ou superior", refere. O clima de incerteza e a preocupação dos portugueses quanto ao futuro, assegura o dirigente empresarial, constituem os maiores entraves ao negócio. "Até para quem quer investir", sublinha Luís Lima.
Fonte: Dinheiro Vivo
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