15 fevereiro 2013

Casas entregues aos bancos aumentaram 67% em 2012


Os quatro maiores bancos privados tinham, em Dezembro, 3,6 mil milhões de euros em casas entregues por recuperações de crédito.

O montante de casas entregues aos bancos por recuperação de créditos aumentou 67% no último ano. Os quatro maiores bancos privados portugueses tinham, em Dezembro, 3,6 mil milhões de euros de casas entregues em dação em pagamento, ou seja, mais 1,47 mil milhões face ao período homólogo. A maioria destes imóveis na carteira dos bancos já não resultará, no entanto, de situações de famílias que deixaram de pagar os seus créditos à habitação, mas antes de promotores imobiliários que não conseguem escoar os seus imóveis e assim saldar as dívidas com os bancos.

No relatório de 2012, relativo às dações em pagamento, Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária, referia precisamente que: "O número de imóveis entregues pelos promotores imobiliários aumentou, representando parte significativa do total de imóveis entregues em 2012". Uma afirmação que é reforçada pelos dados relativos ao malparado de construtoras e imobiliárias.

De acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal, o rácio de crédito vencido das empresas ligadas à construção aumentou de 11,6%, em Dezembro de 2011, para 18,9% no final de 2012. Já nas actividades imobiliárias o rácio de crédito em incumprimento passou de 7,7% para 11,8%. Em termos nominais, estes dois sectores foram responsáveis por um aumento de 1,6 mil milhões de euros no malparado da banca portuguesa, o que compara com um crescimento de apenas 264 milhões de euros no crédito à habitação. Aliás, no último ano, o crédito vencido nos empréstimos para a casa manteve-se em níveis controlados, subindo de 2% para 2,3%.

Também a contribuir para uma menor entrega de casas provenientes de crédito à habitação estará a atitude dos bancos em relação a estes casos. "No primeiro trimestre de 2012, previa-se um colapso autêntico do mercado imobiliário, com um aumento de 74% no número de imóveis entregues face ao mesmo período de 2011. Os trimestres a seguir revelaram-se mais tranquilos (...) mostrando bem que o sector financeiro passou a encarar o fenómeno com outra sensibilidade, passando a assumir um papel mais atento e preocupado junto dos seus clientes, e criando deste modo um ambiente mais propício à renegociação dos créditos que se revelou bastante importante", notava Luís Lima.

Apesar da subida expressiva no montante total de imóveis na carteira dos quatro maiores bancos privados portugueses, este comportamento não foi linear entre todas as instituições analisadas. Do aumento de 1,47 mil milhões de euros registado no último ano, 1,2 mil milhões, ou 80%, foi registado na carteira do BES. Já a Caixa Geral de Depósitos (CGD) não revelou este dado na sua apresentação de resultados e, em resposta ao Diário Económico, explica que: "A informação requerida é de utilização exclusiva do banco, pelo que não a partilhamos com órgãos de comunicação". A informação tem, no entanto, constado das apresentações de resultados do banco até à data: em Setembro, a CGD tinha 693,9 milhões de euros de casas entregues em dação, mais 117 milhões face ao final de 2011.

Na tentativa de escoar os imóveis em carteira, os bancos há muito que vêm oferecendo condições mais vantajosas de crédito - como isenção de algumas comissões e ‘spreads' mais baixos - na venda dos seus próprios imóveis. Uma situação que já levou mesmo imobiliárias e construtoras a acusarem a banca de concorrência desleal. A estratégia agressiva de venda destes imóveis é justificada não só pela necessidade de recuperação de créditos mas também pela perda de valor dos imóveis ao longo do tempo. As instituições financeiras ainda não revelaram qual o valor das imparidades registadas no fecho de 2012, mas em Junho este montante atingia já os 578 milhões de euros no BES, BCP, BPI e Santander Totta.

Fonte: Económico

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