A maioria das entregas de casas em dação em pagamento ocorrem nos distritos de Lisboa, Porto e Faro, que somam 40% das incidências em 2012, de acordo com as estimativas divulgadas em Janeiro pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). Uma realidade que está intimamente relacionada com a desvalorização recorde dos imóveis registada em Portugal no último ano, com especial incidência nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
De acordo com os dados da APEMIP, dos dez municípios mais penalizados em termos nacionais pela entregas de casas para saldar dívidas, cinco pertencem precisamente a estas áreas metropolitanas: Vila Nova de Gaia, Sintra, Montijo, Valongo e Mafra. Apenas estes cinco municípios concentram 19% das casas entregues aos bancos. A contribuir para o elevado número de casas entregues em dação têm estado os empreendimentos entregues pelos promotores imobiliários que não conseguem escoar os imóveis. A associação nota que, nos dez municípios mais afectados - aos quais se juntam Guimarães, Entroncamento, Lagos, Figueira da Foz e Tavira - a entrega de casas por parte de promotores representou metade, e em alguns casos mais de metade, do total de imóveis entregues.
Os promotores imobiliários não conseguem vender casas devido à escassez de crédito, a qual se deve em parte à falta de disponibilidade dos bancos para emprestar dinheiro, e por outro à menor procura por parte das famílias em clima recessivo. Uma realidade que leva ao aumento da oferta de imóveis para venda e consequentemente à sua desvalorização.
Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, relativos aos valores da avaliação bancária, confirmam precisamente esta tendência. A desvalorização dos imóveis bateu recordes no último ano, com destaque para as periferias das grandes cidades. Inclui-se também aqui o distrito de Setúbal, que registou 9,34% das entregas de imóveis em 2012.
Destaque ainda para o distrito de Faro, onde uma casa com 100 metros quadrados desvalorizou em média 12.300 euros no último ano, e que é igualmente um dos distritos mais penalizados pelas entregas de casas em dação. Uma realidade que não será indiferente ao facto de o Algarve ser uma das regiões do País que regista maior número de segundas habitações, as primeiras a ser entregues em situação de dificuldade económica das famílias. Também a quebra de compradores estrangeiros deixou muitos promotores a braços com imóveis que não conseguem vender.
Regra geral, os distritos do interior são os menos afectados pelas entregas de casas aos bancos, com menos de 1,5% de incidências. Beja, Évora, Portalegre e Vila Real registam mesmo menos de 1% de casos estimados (ver tabela).
Fonte: Económico
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