06 fevereiro 2013

Investir em habitação para arrendamento – faz sentido?


 Durante as últimas décadas, o investimento em habitação para arrendamento em Portugal despertou pouco interesse por parte dos investidores institucionais e individuais.


As causas para esta falta de interesse estão bem identificadas e têm sido amplamente discutidas. O mercado de habitação nacional está a sofrer um processo de mutação acelerado, fruto das vicissitudes provocadas pela grave crise económica e financeira que Portugal atravessa.

Dois importantes aspetos deste processo de mutação são a crescente procura no mercado de arrendamento, acompanhada da estagnação da procura no mercado de habitação própria, e as alterações no enquadramento legal e fiscal do mercado de arrendamento. As alterações recentes tornam o mercado de arrendamento residencial tendencialmente mais competitivo. 

Não obstante, alguns obstáculos ainda existentes, os dois aspetos referidos, justificam um novo olhar sobre a habitação como investimento.

O investimento institucional (fundos de pensões, companhias seguradoras, etc.) em habitação para arrendamento tem um peso significativo em diversos países, nomeadamente alguns europeus de maior desenvolvimento económico como a Suíça, Holanda ou Suécia, existindo várias razões a justificar este interesse histórico. A primeira razão prende-se com a capacidade de o investimento gerar rendibilidades totais (valorização do capital e rendas líquidas) compatíveis com o respetivo nível de risco, sabendo que o investimento em habitação para arrendamento é realizado numa perspetiva de longo prazo (dez e mais anos), procurando tirar proveito do comportamento cíclico que carateriza o mercado. Deste modo, as habitações são adquiridas quando o mercado está em baixa, como agora em Portugal, e são preferencialmente vendidas quando os mercados estão em maior euforia. Este comportamento dos investidores tem, por isso, o mérito de contribuir para a estabilização dos preços de habitação ao longo do tempo. 

A segunda razão prende-se com a aptidão de o investimento residencial diversificar carteiras de investimento constituídas por ações e obrigações, ou seja, diminuir o risco da carteira de investimento mantendo a sua rendibilidade. A terceira razão relacionase com a capacidade de o investimento ser uma boa proteção contra a inflação.

Adicionalmente, o investimento em habitação regista taxas de depreciação mais baixas, relativamente ao investimento imobiliário comercial (escritórios, retalho, indústria), apresenta taxas de desocupação reduzidas, e o nível de incumprimento é pouco significativo, situação de resto já confirmada no mercado de arrendamento nacional. 

A conclusão que daqui se extrai é a de que o investimento em habitação para arrendamento começa a fazer sentido também em Portugal.

Por Joaquim Montezuma de Carvalho, Sócio gerente da ImoEconometrics e Professor auxiliar convidado no ISEG/UTL

Fonte: OJE

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