APEMIP diz que maior abertura da banca para a renegociação explica a quebra de 60% nas dações face aos primeiros seis meses do ano passado.
O número de famílias que se viu forçada a entregar a casa ao banco por incapacidade de pagar o empréstimo está a diminuir. Nos primeiros seis meses deste ano, as dações em pagamento recuaram 60% face a 2012, revela a ,Associação das Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). A maior abertura da banca para renegociar os créditos tem contribuído para esta inversão de tendência que se deverá manter até ao final do ano.
Entre Abril e Junho, foram devolvidos às instituições financeiras 707 imóveis por particulares, o que eleva para 1.346 o total do primeiro semestre. Estas famílias portuguesas viram na dação em pagamento uma forma de ultrapassar as dificuldades em continuar a pagar as prestações do crédito à habitação. Ainda assim. este número representa uma quebra de 60% face ao ano passado, período durante o qual foram entregues aos bancos 3.300 casas.
A abertura da banca para renegociar o crédito à habitação, nos casos.em que as famílias enfrentam o risco da entrada em incumprimento, explica a diminuição das dações em pagamento, este ano. "É sempre preferível manter o cliente, com prazos mais dilatados, com eventuais períodos de carência e até com "spreads" mais baixos do que aumentar o volume de activos imobiliários indesejáveis como resulta das dações". explica Luís Lima ao Negócios.
O presidente da APEMIP sublinha que quando estes dados começaram a ser recolhidos eram "ameaçadores'". "Reconheço que a maior parte dos bancos foi logo sensível a este problema, até pelo facto de o sentir directamente. adoptando políticas mais flexíveis. antes até das legislações entretanto aprovadas", acrescenta Luís Lima. Desde o final do ano passado que as famílias em dificuldades podem recorrer ao regime extraordinário, onde têm acesso a soluções de renegociação mais atractivas. Além disso.os bancos dispõem actualmente de mecanismos para detectar o risco de entrada em incumprimento (Plano de Acção para o Risco de Incumprimento - PARI).
Estes dados não vão, no entanto, na mesma direcção do Boletim Estatístico do Gabinete de Apoio ao Sobreendividado (GAS) da Deco, O número de famílias que contacta a Devo com vista a entregar a casa ao banco para resolver as suas dificuldades tem vindo a crescer. ascendendo a 11,1%, no acumulado do primeiro semestre - a reestruturação do crédito continua a intervenção mais solicitada (58,1%). Luís Lima justifica divergência com "um certo desfasamento" que é "natural, se considerarmos, como aliás a Deco frequentemente refere, que os portugueses em dificuldades tardam a pedir apoio".
Promotores com tendência inversa
Se no caso dos particulares o número de casas entregues às instituições financeiras tem vindo a diminuir, o mesmo não acontece com os promotores imobiliários e construtores, onde se verifica um aumento. Ainda que não seja possível recolher dados neste segmento, a APEMIP identifica esta tendência pelo forte aumento de dações em pagamento em regiões onde antes isso não se verificava.
"Não será difícil prever que nos próximos seis meses a situação no que respeita às dações de imóveis por parte das famílias portuguesas tenda a estabilizar, com tendência para diminuir,enquanto que nos promotores imobiliários tenda a aumentar", antecipa o presidente da APEMIP.
Os dados recolhidos pela APEMIP apontam para um total de 707 imóveis entregues à banca. no segundo trimestre (-29.3%). Este valor eleva para 1.346 o total de dações em pagamento do primeiro semestre. No entanto. face à primeira metade do ano passado. verificou-se uma queda de 60%.
Fonte: Negócios
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